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17/10/2000 - 20h12

Brasileiro consegue asilo nos EUA por discriminação sexual

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Nova York

Um estudante brasileiro conseguiu asilo político nos Estados Unidos alegando ter sofrido discriminação sexual no Brasil. O escritório do Serviço Nacional de Imigração (INS) em Miami (Flórida) concedeu no último dia 6 o direito de o brasiliense Adriano G., que não revela o sobrenome, ficar indefinidamente no país.

Adriano, 23, recebeu o asilo em tempo recorde, depois de provar às autoridades norte-americanas que teria sido vítima de violência policial causada por sua orientação sexual. Atualmente desempregado, o ex-estudante de Direito da Universidade de Brasília chegou à Flórida em 29 de maio com visto de turista.

Segundo declarou, ele havia sido humilhado e espancado por policiais no parque Sara Kubitschek, no Distrito Federal, em setembro do ano passado, enquanto conversava à noite no carro com um amigo, no estacionamento do lugar. Adriano disse que desde então estava sendo perseguido.

"Eram dois soldados da PM e dois da polícia civil, que acharam que nós éramos gays e nos tiraram do carro", disse o ex-estudante à Folha. "As pessoas tendem a achar que as coisas são melhores em Brasília, por ser a capital do país, mas o preconceito está em todos os lugares."

As assessorias de imprensa dos consulados brasileiros na Flórida e em Nova York disseram desconhecer o caso do brasileiro; o porta-voz do Serviço Nacional de Imigração americano não respondeu às ligações da Folha até o momento.

Desde o incidente, segundo ele, apresentou queixa contra os policiais ao Ministério Público no Distrito Federal e à Corregedoria da Polícia. Foi quando teria começado a sofrer ameaças. "Pedi proteção à Promotoria Pública, mas sem sucesso", disse. Adriano resolveu, então, deixar o país.

Uma vez em Miami, para chegar até o INS, o ex-estudante contou com os serviços legais da entidade religiosa Catholic Charity, que pagou advogado, e o apoio da ONG Human Rights Foundation, que emprestou sala, telefone e computador para que ele juntasse as provas de seu caso.

Seus pais, um empresário e uma professora que moram em Brasília, não sabem do ocorrido e pensam que o filho está em viagem de férias. "Nem sei ainda como vou contar tudo isso a eles", disse Adriano.

"Não penso em viver aqui", afirmou. "Só queria legalizar minha situação, por isso pedi o asilo político, mas volto para o Brasil assim que as coisas acalmarem." O ex-estudante não quer mais morar na capital federal. "Brasília, nunca mais", disse. "Devo ir para alguma cidade do Sul."

San Francisco

O caso de Adriano G. não é inédito. Em abril deste ano, outro brasileiro conseguiu asilo político nos EUA por ter se sentido discriminado sexualmente no Brasil. O bancário Joaquim de Abreu, 43, que vivia em San Francisco desde 1990, entrou com pedido na Corte de Imigração da Califórnia.

Disse que tinha sido vítima de atentado cometido por quatro skinheads (grupo de jovens carecas de orientação nazista conhecidos por usar violência contra minorias) em São Paulo em 1986.

Seu pedido também foi encaminhado por uma ONG, a poderosa International Gays and Lesbians.

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