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12/07/2006 - 07h34

Síndrome neurológica no MA é causada por falta de vitamina B1

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SÍLVIA FREIRE
da Agência Folha, em Imperatriz (MA)

O Ministério da Saúde concluiu que a falta de vitamina B1 é a causa da síndrome neurológica que atinge a população da região oeste do Maranhão, e que, de acordo com dados do próprio ministério, matou 33 pessoas desde janeiro. Outras 123 pessoas tiveram sintomas da doença.

O número de mortos confirmados pela Secretaria da Saúde do Maranhão é outro. Teriam ocorrido 16 mortes desde janeiro. A última delas, de um jovem agricultor de 21 anos, foi anteontem à noite no hospital Municipal de Imperatriz.

Para o coordenador da Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Expedito Luna, a investigação sobre a causa da síndrome está encerrada.

"A literatura médica reconhece que a prova terapêutica é uma confirmação diagnóstica e tínhamos três pacientes na UTI, que estavam muito mal, e que com a suplementação da B1 reagiram e estão curados", disse Luna. Segundo o coordenador, a absorção da vitamina B1, já ingerida em quantidade insuficiente, é prejudicada pelo consumo de bebidas alcoólicas.

No Maranhão, a doença atinge principalmente homens entre 14 e 44 anos, muitos deles trabalhadores rurais e que tiveram contato com agrotóxicos. No entanto, há relatos de pacientes que não mexeram com venenos e que negam o consumo de álcool.

A doença provocada pela falta de vitamina B1 no organismo é conhecida como beribéri e foi identificada no século 19. A vitamina B1 é encontrada principalmente em cereais integrais, legumes, ovos, leites e derivados.

A doença tem como sintomas a dormência e inchaço das pernas, dificuldade de caminhar e fraqueza. Evolui para insuficiência respiratória e cardíaca, fatores que levam à morte. Quando é tratada no início, antes de atingir o músculo cardíaco, não é mortal.

A pobreza e a má alimentação que decorre dela são traços que unem as vítimas da síndrome neurológica que vem atingindo a população do interior do Maranhão.

Nas famílias com integrantes atingidos pela síndrome visitadas pela reportagem, o arroz branco era a base da alimentação diária. A região é grande produtora do cereal. Feijão, verduras e carne, mais caros, nem sempre estão na mesa.

"Não dá para ter feijão todos os dias, não. Tá caro, cobram R$ 5 por dois litros", disse Clarisse da Silva Soares, 37, mãe de Dihonatan da Silva Soares, 20, que ainda se recupera da doença. Ele mora com a mãe, o pai e cinco irmãos em Montes Altos (cerca de 60 km de Imperatriz).

Na quarta-feira passada, o cardápio da família era arroz e abóbora, que crescia no quintal da casa. A única renda certa que recebem por mês são R$ 80 do programa Bolsa-Família, do governo federal.

"A comida daqui de casa é arroz, feijão e uma carne quando aparece", disse Maria de Souza Gomes, 59, mãe de Nilton Souza Gomes, 31, que morreu em decorrência da síndrome. "Ele bebia bastante, mas não sei se tem relação", disse a mãe.

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