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25/07/2006 - 21h52

PCC mata advogado que não conseguiu transferir preso, diz promotora

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HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande

O advogado William Maksoud, 50, foi assassinado no mês de abril em Campo Grande a mando do PCC (Primeiro Comando da Capital) por não conseguir a transferência para presídios campo-grandenses de "um irmão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola," e por não trabalhar de graça para a facção.

Esse é o relato do Ministério Público Estadual sobre crime em processo judicial ao qual a Folha teve acesso.

A promotora de Justiça Luciana Nagib Jorge afirmou, por meio de sua assessoria, que acrescentará à denúncia o nome de Marcola como mandante, além de quatro já acusados.

O delegado da Polícia Civil Fernando Paciello disse nesta terça que o segundo inquérito aberto para apurar o assassinato concluiu que sete integrantes do PCC, presos em Campo Grande e Naviraí (sul do Estado), são os mandantes do crime motivado por "serviços não realizados ou insatisfatórios" à facção.

Paciello disse que o fracasso na transferência de um suposto irmão de Marcola não foi o motivo principal, pois estaria entre "tantos serviços" que Maksoud não teve êxito.

O PCC, segundo o Ministério Público na ação judicial do dia 12 de julho, pagou de R$ 50 mil a R$ 100 mil para Maksoud transferir de São Paulo um irmão de Marcola. O advogado teria ainda recebido uma caminhonete S-10 cor prata. Sem conseguir a transferência, devolvera apenas R$ 30 mil.

Conforme o Ministério Público, o PCC mandou então Maksoud "prestar serviços advocatícios durante dois anos (2004 e 2005) à facção criminosa, o que foi aceito durante algum tempo, mas em razão dele se insurgir, deixando de aceitar tal imposição de trabalhar de graça, foi assassinado".

A base do Ministério Público para acusação é o depoimento que Júlio César Silvério, 39, o Julinho de Ouro, --então preso do semi-aberto-- deu à policia no dia 26 de abril. No dia seguinte, Silvério foi assassinado a tiros.

Julinho contou que foi secretário da facção e ouviu, quando ainda preso em regime fechado em Campo Grande, "comentários de presidiários do PCC" sobre o plano para matar Maksoud porque ele não conseguira a transferência de São Paulo para Campo Grande do preso "Júlio César Camacho, irmão de Marcola".

Preso na década de 1990 em Campo Grande, o irmão conhecido de Marcola é Alejandro Juvenal Herbas. Entre o PCC, porém, os membros da facção são chamados de irmãos.

Preso, Edson Ferreira, 42, que pilotou a moto usada na fuga após os tiros contra o advogado, relatou à polícia que o PCC encomendou a morte de Julinho de Ouro.

Afirmou ainda que Rafael Carlos Masqueda, 24, (suposto autor dos três tiros na região do ombro do advogado Maksoud) disse que mataria "o advogado pilantra que estava dando calote nos irmãos".

Conhecido advogado criminalista e ex-vereador (1993-1996), Maksoud levou três tiros em seu escritório no dia 5 de abril e morreu 17 dias depois no hospital.

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