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02/08/2006 - 20h56

Dinheiro encontrado em Natal era do Banco Central do CE, diz PF

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KAMILA FERNANDES
da Agência Folha, em Natal

A Polícia Federal confirmou nesta quarta-feira que o dinheiro encontrado numa casa na periferia de Natal por três adolescentes e uma criança era mesmo parte do que foi furtado no Banco Central, em Fortaleza, em agosto do ano passado.

"Há 99,99% de chance de ser aquele dinheiro e só 0,01% de não ser", disse o delegado Antônio Celso dos Santos, da Polícia Federal, que chefia as investigações do crime no país.

O dinheiro estava numa bolsa de viagem, solta em um quarto nos fundos da casa vazia. Os meninos haviam entrado no local enquanto brincavam, para buscar uma bola que havia caído no quintal. A bolsa estava cheia de notas de R$ 50, já mofadas. Eles acabaram ficando com pouco mais de R$ 80 mil, dinheiro que foi entregue à polícia.

O resto do dinheiro que sobrou e a própria bolsa sumiram logo depois que os garotos deixaram a casa. A polícia ainda não sabe quem os levou.

A descoberta do dinheiro aconteceu no início da tarde do sábado, mas só à noite, horas depois, a Polícia Civil chegou ao local, e não encontrou mais nada.

Somente quando voltou pela segunda vez, depois das 22h, é que achou um buraco, cavado no período em que não havia policiamento, no chão de um dos quartos da casa. A abertura dava acesso a uma caixa de isopor que também escondia notas de R$ 50, idêntica às caixas compradas pela quadrilha que assaltou o Banco Central, segundo a PF.

A perfuração feita no chão permitia a passagem de uma mão. Possivelmente foi retirada uma boa parte do dinheiro que estava escondido. Pelos cálculos da polícia, havia espaço para armazenar até R$ 700 mil, dependendo do estado de conservação das notas, mas só foram encontrados R$ 336.650.

O dinheiro da caixa também estava mofado. Para evitar que as notas se estragassem, os assaltantes usaram naftalina no fundo da caixa, que acabou derretendo parte do isopor.

Ao todo foram encontrados na casa R$ 418 mil. O dinheiro deverá ser depositado em uma conta do Banco do Brasil sob custódia da Justiça Federal do Ceará, enquanto houver a investigação.

O furto ao Banco Central em Fortaleza foi o maior da história do país. Foram levados R$ 164,8 milhões, por um túnel. Desde então, tinham sido recuperados cerca de R$ 18 milhões, 11% do total. Os primeiros julgamentos do caso, das pessoas que foram denunciadas, deverão acontecer em setembro.

Precariedade

Com a definição sobre a origem do dinheiro, foi transferida para a Polícia Federal a responsabilidade pelas investigações, que estavam sendo feitas pela Polícia Civil, mas de forma bastante precária, pela própria indefinição de competências.

A casa continua sem lacre ou vigilância policial. Também não havia sido feita a vistoria de todos os cômodos, para saber se não teria mais dinheiro escondido. Um policial civil, que afirmou ter a intenção de se "apossar" do imóvel, por não ter um dono identificado, ficou com a chave do cadeado que fecha o portão da casa.

Como o local não foi lacrado imediatamente pela Polícia Civil e muitas pessoas estranhas tiveram acesso à casa, fica inviável a realização de perícia para a identificação de impressões digitais de suspeitos, segundo o superintendente da PF no Rio Grande do Norte, Rômulo Fisch Berrêdo de Menezes. "Vamos trabalhar com o que a gente tem."

A descoberta do dinheiro serviu para confirmar uma suspeita da PF de que envolvidos com o assalto ao Banco Central estavam em Natal. xiste a hipótese, segundo Menezes, de que as pessoas que levaram o dinheiro do isopor não tenham sido as mesmas que o esconderam.

"Há muitos buracos na casa, e não sabemos ainda quem os fez, se pessoas que estavam procurando o dinheiro pela casa, aleatoriamente, ou se a Polícia Civil. Vamos ter que verificar tudo isso."

A hipótese mais provável é de que tenham sido os envolvidos com o assalto ao Banco Central. Segundo o superintendente da PF, já existem até retratos falados de suspeitos. Ele não soube dizer quantos.

Policiais federais voltaram hoje à tarde à casa, para fazer uma nova vistoria, e pediram a um dos adolescentes para dar detalhes da descoberta do dinheiro. Apesar de a PF ter assumido o caso, a Polícia Civil deverá continuar a colaborar, já que fez as primeiras investigações.

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