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13/08/2006 - 09h22

Tráfico é o principal negócio do PCC, indica investigação

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LAURA CAPRIGLIONE
da Folha de S.Paulo

O Primeiro Comando da Capital, responsável pelos ataques a forças policiais, ônibus, bancos, prédios públicos e mercados em São Paulo, "é uma organização primordialmente traficante que há um ano sofreu uma reengenharia radical: abandonou a estrutura piramidal típica de empresas [um chefe embaixo do qual abrem-se as linhas de subordinação] para adotar o padrão característico de organizações terroristas, com células ou anéis independentes e sem contato entre si".

As informações são do promotor Marcio Christino, 42, que, na sexta, divulgou o "Relatório, Análise e Sugestões", fruto do trabalho conjunto que a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual têm feito desde abril, quando policiais descobriram que criminosos mantinham uma base de operações financeiras e de tráfico de drogas na zona oeste paulistana.

A "célula oeste" permitiu à polícia começar a compreender como o PCC se organizou e a quais atividades estava ligado.

Até aqui, acreditava-se que os subordinados de Marcola (Marco Herbas Camacho, comandante da facção) se dedicassem a um amplo espectro de crimes, como roubo de cargas e bancos, seqüestro e tráfico.

Hoje, "toda a estrutura organizacional está a serviço de um único objetivo: o tráfico ilícito de entorpecentes", diz o texto.

Segundo o promotor Christino, "o PCC tem atuação no tráfico fora dos presídios, tem pontos de venda de drogas espalhados pelas cidades paulistas, mas a grande característica dele ainda é ter o monopólio do tráfico dentro das cadeias".

É uma clientela "cativa", literalmente falando, composta por algo como 50 mil presos --os que cumprem pena em regime fechado. O "piloto", líder de uma célula do PCC, tende a chefiar o tráfico no presídio --"Ele tem o pó, tem o dinheiro, tem a violência", diz Christino.

A investigação aponta: as prisões funcionam como quartéis-generais das células. É a partir delas que se expande a atuação da organização para fora das muralhas. É onde se recruta mão-de-obra para o empreendimento da traficância.

Não dá ainda para estimar o movimento financeiro do PCC. Mas é possível ter uma idéia pelo que ocorria na célula oeste, à qual estavam ligadas pelo menos 30 pessoas. Segundo Christino, o movimento nela excedia os 200 quilos de cocaína a cada 40 dias, com faturamento entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão.

Só a capital paulista tem pelo menos três outras células em operação. "É uma das razões do funcionamento em células: cai uma, a outra continua funcionando como uma empresa à parte." A estrutura replica-se pelo interior do Estado. Em comum: todas enviam dinheiro e prestam obediência ao núcleo central, dos líderes da facção.

Por enquanto, é exagero dizer que todos os narcotraficantes sejam do PCC. "É uma acomodação da geografia criminosa que está para acontecer."

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