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22/08/2006 - 21h31

Amigo confirma versão de PM acusado de chacina no Rio

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da Folha Online

Um amigo do policial militar Carlos Jorge Carvalho, o Carlinhos ou Carlos Cavalo, confirmou nesta terça-feira o álibi apresentado pelo réu diante da Justiça. Carvalho é acusado de ter participado da chacina ocorrida em março de 2005 na Baixada Fluminense.

O amigo do policial é o dono do Gol prata apontado como o carro usado pelo grupo criminoso para se locomover entre os locais dos crimes. A testemunha confirmou que o PM havia pegado o carro para pagar pedreiros que trabalhavam para ele em uma obra em Barra de São João (RJ).

Outro policial militar foi apresentado como testemunha de defesa e afirmou que viu o delegado responsável pelas investigações na época pegar cápsulas em um dos locais dos crimes. Ontem, durante seu interrogatório, o réu acusou a Polícia Civil de plantar provas contra ele.

Outras três testemunhas, no entanto, reconheceram o policial como um dos homens que estava no carro usado para a chacina. Durante o julgamento, elas afirmaram inclusive que Carvalho é um dos homens que atirou contra as vítimas.

O primeiro a reconhecê-lo foi o único sobrevivente do crime, baleado em uma das pernas no dia da chacina. Ele ainda usa muletas devido aos ferimentos. O homem, que está no programa de proteção a testemunhas, chegou ao Tribunal do Júri de Nova Iguaçu de peruca e colete à prova de balas.

O julgamento foi interrompido nesta terça-feira e deve ser retomado na manhã de quarta-feira, com os debates entre promotoria e defesa. Cada parte terá duas horas para falar, depois mais meia hora de réplica. A defesa ainda tem direito a 30 minutos de tréplica.

O policial foi denunciado (acusado formalmente) pelo Ministério Público por 29 homicídios qualificados --por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas--, uma tentativa de homicídio e formação de quadrilha. Outros quatro PMs são acusados dos mesmos crimes.

Interrogatório

Carvalho foi interrogado na segunda-feira (21), no primeiro dia do júri. Ele negou participação na chacina e caiu em contradição. Para o Ministério Público, ele atirou e foi responsável pelo empréstimo do carro usado para levar os atiradores de um ponto a outro.

O principal problema da versão apresentada pelo PM foram as diferenças entre os roteiros de suas atividades no dia da chacina. Ele deu descrições diferentes nas três vezes em que prestou depoimento. Os horários também diferem dos apresentados por um amigo dele, dono do Gol prata que teria sido usado na chacina. O carro foi reconhecido por testemunhas.

Durante sua fala, o PM afirmou que pegou o carro emprestado para viajar a Barra de São João (RJ) e pagar salários a pedreiros que trabalhavam para ele em uma obra. Disse ainda que soube da chacina no dia seguinte, quando chegou à Baixada. Ele ainda revelou um encontro com uma ex-namorada, e disse que não havia relatado o encontro antes porque a mulher é casada.

Carvalho surpreendeu ao acusar a Polícia Civil de ter plantado provas contra ele. No local foram apreendidos um colete da Polícia Ferroviária e munição do 20º Batalhão. Na data da chacina, o PM estava de férias.

Réus

Os cabos da PM Marcos Siqueira Costa e José Augusto Moreira Felipe e os soldados da PM Fabiano Gonçalves Lopes e Júlio César Amaral de Paula são acusados dos mesmos crimes que Carvalho.

Outros dois PMs, os cabos da PM Ivonei de Souza e Gilmar Simão, foram denunciados só por formação de quadrilha e têm direito de aguardar seu julgamento em liberdade.

Outros quatro PMs haviam sido apontados como suspeitos durante o inquérito policial, mas acabaram sendo liberados por falta de provas.

Carvalho é julgado individualmente graças a um acordo firmado entre a defesa dele e o Ministério Público.

Para o promotor responsável pelo caso, Marcelo Muniz, o júri é importante porque pode influenciar no resultado do julgamento dos outros quatro acusados. 'Há uma lógica de um grupo que participou [da chacina].' Ele acredita que os júris serão realizados em dois meses.

Perícia

Durante a fase de instrução do processo, os peritos criminais envolvidos na investigação da chacina foram acusados de terem agido com displicência. Em Nova Iguaçu, apenas um profissional fez a investigação de cinco locais diferentes. Outro trabalhou sozinho em Queimados.

Em dezembro de 2005, dois dos peritos envolvidos no caso foram ouvidos em uma audiência pública pela Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio).

Na ocasião, o perito Márcio Borges Coelho, contestou as acusações de pressa e imprecisão. 'Realmente, não é recomendável fazer a perícia em cinco locais de crime somente com um perito, mas é possível fazer. E nós fizemos bem', afirmou aos deputados.

O colega dele, Tomilis Ribeiro da Silva, relator dos trabalhos feitos em Nova Iguaçu, completou: 'Crianças iriam para o colégio e não precisavam ver aquela carnificina'.

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