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05/09/2006 - 09h05

Polícia investiga toque de celular que enaltece drogas

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da Folha de S.Paulo, no Rio

A polícia do Rio abriu um inquérito para investigar a venda de toques musicais para telefones celulares com funks de apologia ao tráfico, os chamados "proibidões". As empresas Vivo e Claro venderam nos últimos quatro meses toques com as músicas "Vida Louca", do MC Menor do Chapa, e "Bonde Andando", da MC Sabrina.

As músicas são versões modificadas de letras de funk. A primeira canção enaltece a facção criminosa CV (Comando Vermelho) e pede a liberdade de um dos líderes da facção, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, que está detido na penitenciária Bangu 1, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Na música da MC Sabrina, existe a alusão ao "boldin" --um tipo de maconha.

Nos sites, as músicas apareciam dentro de uma seção dedicada ao grupo Furacão 2000, equipe que promove bailes de funk e que é comandada por Rômulo Costa. Ele já teria sido notificado do problema e teria entrado em contato com as empresas de telefonia celular há dois meses, sem que nada tivesse sido feito.

Na página do Furacão 2000 na internet, de acordo com Costa, existem quase 10 mil músicas, mas nenhuma com letras de apologia às drogas.

No caso da operadora Vivo, os funks eram baixados do próprio telefone celular ou da página da empresa na internet pelo custo de R$ 5,56. Na Claro, o preço pago era de R$ 4,46 pelas músicas acessadas e baixadas também pela internet ou pelo próprio aparelho telefônico.

A Claro afirmou que terceiriza o serviço para uma outra empresa, cujo nome não foi divulgado, e que ela oferece um pacote com as canções.

Na música do MC Menor do Chapa, "Vida Louca", ele canta o "fundamento do CV", afirma que a "Chatuba [morro da zona norte carioca] vem e toma de assalto" e diz ao ouvinte para "se ligar" no "157" (artigo do Código Penal para roubo).

Diretores das empresas de telefonia móvel serão chamados a depor, bem como os funkeiros MC Menor do Chapa e Sabrina. O depoimento está marcado para o próximo dia 13 na DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática). A polícia deve encaminhar ainda nesta semana, para perícia, as músicas que eram vendidas para confirmar se as vozes são mesmo dos funkeiros.

Indiciamento

A polícia diz se preocupar com o acesso dos adolescentes às letras de música com apologia ao consumo da droga e com a compra desse tipo de canção. Inspetores ouvidos pela Folha disseram que, na internet, é possível conseguir o acesso a esse tipo de material.

No ano passado, Sabrina e Menor do Chapa foram indiciados sob a acusação de tráfico de drogas pela DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) por terem cantado músicas que exaltariam traficantes, o uso de drogas e ações criminosas, como os bondes [comboio de carros roubados].

Eles foram incluídos no item da Lei de Entorpecentes que estabelece como prática de tráfico induzir, instigar ou auxiliar alguém a usar drogas ou substância que determine dependência física ou psíquica.

No inquérito da DRE, ao todo 13 funkeiros foram indiciados sob a acusação de associação para o tráfico e apologia durante apresentações em bailes realizados em áreas carentes do Rio de Janeiro. Eles ainda não foram a julgamento.

Até a noite de segunda-feira (4), a Folha não havia localizado os advogados de Sabrina e Menor do Chapa.

Outro lado

Após serem informadas de que ofereciam toques de telefone com músicas que faziam apologia ao tráfico de drogas, as empresas retiraram do cardápio os funks "proibidões". O download dessas músicas não é mais possível desde a última sexta, afirmaram as duas operadoras de telefonia móvel.

A Vivo afirmou que "não induz, não difunde e repudia qualquer manifestação de apologia ao crime organizado e ao tráfico de drogas". A empresa disse que "cumpre rigorosamente as leis, permanece à disposição das autoridades e prestará colaboração para os esclarecimentos dos fatos".

A Claro também divulgou uma nota em que disse que "repudia qualquer manifestação de apologia ao crime organizado e ao tráfico de drogas". A operadora afirmou que contratou um pacote de toques de funk de uma gravadora e que no "pacote havia uma música com conteúdo supostamente inadequado. A Claro, tão logo tomou conhecimento, retirou-o do ar".

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Comando Vermelho

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