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12/09/2006 - 08h34

Polícia retoma depoimentos para tentar esclarecer morte de Ubiratan

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da Folha Online

A Polícia Civil de São Paulo retoma nesta terça-feira os depoimentos em busca de pistas sobre o assassinato do deputado estadual e coronel da reserva da PM Ubiratan Guimarães (PTB), 63, assassinado com um tiro no último fim de semana.

A principal suspeita é de crime passional. Por isso, as últimas relações amorosas do coronel deverão ser investigadas.

Folha Imagem
Coronel Ubiratan Guimarães, assassinado com um tiro em casa, em São Paulo
Coronel Ubiratan Guimarães, assassinado com um tiro em casa, em São Paulo
Comandante da operação conhecida como massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos em 1992, Ubiratan foi morto com um tiro no abdômen, em seu apartamento, nos Jardins --área nobre da zona oeste da cidade.

O corpo foi encontrado na noite de domingo, mas a polícia suspeita que o crime tenha ocorrido na noite de sábado. O coronel estava caído na sala, apenas com uma toalha enrolada na cintura.

Conforme a polícia, o disparo foi feito a mais de um metro de distância. É possível que Ubiratan estivesse sentado e tenha sido baleado ao levantar.

Depoimentos

A namorada do coronel, a advogada Carla Cepollina, 40, deve depor nesta terça. Ela já foi ouvida informalmente por policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Ela foi a última pessoa vista com Ubiratan.

Carla, que negou a autoria do crime, disse aos policiais ter discutido com o namorado no sábado. O motivo seria o telefonema de outra mulher, recebido pelo coronel. O tiro que atingiu Ubiratan foi ouvido por apenas uma moradora do prédio.

Crime

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), descartou o possível envolvimento do crime organizado no assassinato. Já o delegado-geral da Polícia Civil, Marco Antônio Desgualdo, e o delegado Armando de Oliveira Costa Filho, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), disseram que nenhuma hipótese pode ser descartada ainda.

Alguns detalhes da cena do crime reforçam a suspeita de motivação passional, de acordo com a polícia. Não havia sinais de luta no apartamento e a porta da área de serviço estava aberta. Além disso, o coronel foi atingido por um único tiro --o que, para peritos, enfraquece a tese de eliminação ou vingança. Neste caso, o criminoso dispararia mais de um tiro, e em uma região mais mortal, como a cabeça.

"Foi alguém do relacionamento íntimo dele. Alguém que entrou com a livre e espontânea vontade do coronel", afirmou o deputado federal e também advogado Vicente Cascione (PTB-SP), que defendeu Ubiratan no julgamento do massacre do Carandiru.

Segundo o delegado do DHPP, uma arma calibre 38 desapareceu do apartamento do coronel. Porém, segundo ele, somente a perícia poderá confirmar se o tiro que causou a morte do coronel coincide com o calibre da arma levada.

Carandiru

O coronel nunca foi preso pelas mortes no Carandiru. A operação tinha o objetivo de conter uma rebelião sem reféns. O caso teve repercussão internacional.

Em 2001, ele chegou a ser condenado a 632 anos de prisão pelas mortes de 102 presos e por cinco tentativas de homicídio, num julgamento em primeira instância. Ele não foi acusado pelas 111 mortes porque laudo do Instituto Médico Legal mostrou que alguns presos foram mortos por armas brancas, como facas, o que poderia indicar que foram golpeados por rivais durante a rebelião que antecedeu a operação policial no Carandiru.

Réu primário, recorreu da sentença em liberdade. Em fevereiro último, os desembargadores do TJ (Tribunal de Justiça) anularam a pena e inocentaram o Ubiratan, o que gerou protestos de entidades de direitos humanos e repercutiu negativamente no exterior. Dias depois, o mesmo Órgão Especial do TJ modificou o resumo do acórdão que absolveu o coronel. A mudança estabeleceu que os desembargadores não "declararam absolvido o réu", mas apenas "reconheceram" que ele tinha sido absolvido pelo Tribunal de Júri.

A Casa de Detenção foi desativada em setembro de 2002. Em dezembro daquele ano, três pavilhões foram implodidos, inclusive o 9, onde ocorreram as mortes.

Colaboraram FAUSTO SALVADORI e TATIANA FÁVARO, da Folha Online; LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online; e Folha de S.Paulo

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