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23/09/2006
-
09h31
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo
Mais da metade dos homens que procuram o consultório do urologista teve medo ou vergonha de fazer o primeiro exame do toque retal, procedimento que previne o câncer da próstata --o segundo que mais mata os homens no país. Mas, depois que o fazem, 60% consideram que foi menos constrangedor do que imaginavam e 90% disseram que fariam de novo.
Os dados, preliminares, são de uma pesquisa em andamento na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Foram ouvidos até agora 200 homens entre 40 e 82 anos, dos sistemas público e suplementar de saúde, que nunca tinham feito o procedimento. Eles responderam a questionários sobre as sensações depois do exame.
Dos entrevistados, 30% admitiram ter sentido vergonha e 25%, medo. Mas, desses, 60% afirmaram que o exame foi "melhor" do que pensavam e 7% consideraram "pior". Ninguém respondeu muito pior.
Em 40% dos casos, o grande incentivador para que o homem fizesse o exame preventivo foi um outro médico que já o acompanha, seguido pelas mulheres e filhos. Apenas um terço dos entrevistados afirma que procurou o urologista por conta própria.
Vergonha
O metalúrgico Valdir, 58, fez anteontem seu primeiro exame de toque retal. "Adiei o quanto pude porque tinha vergonha. Os colegas fazem piadinha, ficam gozando quando descobrem. Mas foi menos pior do que eu pensava", diz ele, que fez o exame por indicação do cardiologista. Por "vergonha", ele pediu para não ter o sobrenome identificado.
Segundo um dos coordenadores da pesquisa, Ubirajara Ferreira, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, o exame de toque retal ainda é um mito para o homem. "[o reto] É um santuário para os homens. Eles elaboram todo tipo de fantasia, acham que vão perder a masculinidade."
Ferreira conta ainda que 10% dos pacientes se consultam, mas, na hora do exame, desistem de seguir o tratamento. "Eles dizem que não estão preparados psicologicamente, que voltam depois e desaparecem", conta o especialista, que lançou nesta semana o livro "Câncer de Próstata Tire suas Dúvidas: 99 respostas e um alerta".
Para o urologista Miguel Srougi, da Faculdade de Medicina da USP, o preconceito em relação ao procedimento está ligado ao nível de instrução do paciente. "Quanto maior o conhecimento, menor tende a ser a rejeição." Ele diz que metade dos seus pacientes procura o urologista por insistência da mulher.
"Na idade em que têm maior risco para o câncer da próstata, os homens tendem a estar em relacionamentos mais consolidados em que a mulher se preocupa com a saúde do marido", afirma o urologista.
Imprecisão
Segundo Srougi, o exame de toque retal é altamente impreciso quando feito sem a associação do chamado antígeno prostático específico (PSA). "Em 60% a 70% dos casos em que o toque está normal, encontramos câncer da próstata."
O ideal, explica o médico, é a combinação dos dois exames. "O toque ainda é importante, mas, sozinho, não tem todo o poder de diagnóstico do câncer que se atribui a ele. É preciso associá-lo ao PSA."
O tumor da próstata é a segunda causa de mortes por câncer em homens, sendo superado apenas pelo de pulmão. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deverá fechar 2006 com 47 mil novos casos de câncer da próstata.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre exame de próstata
Pesquisa aponta que 90% dos homens repetiriam exame de próstata
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da Folha de S.Paulo
Mais da metade dos homens que procuram o consultório do urologista teve medo ou vergonha de fazer o primeiro exame do toque retal, procedimento que previne o câncer da próstata --o segundo que mais mata os homens no país. Mas, depois que o fazem, 60% consideram que foi menos constrangedor do que imaginavam e 90% disseram que fariam de novo.
Os dados, preliminares, são de uma pesquisa em andamento na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Foram ouvidos até agora 200 homens entre 40 e 82 anos, dos sistemas público e suplementar de saúde, que nunca tinham feito o procedimento. Eles responderam a questionários sobre as sensações depois do exame.
Dos entrevistados, 30% admitiram ter sentido vergonha e 25%, medo. Mas, desses, 60% afirmaram que o exame foi "melhor" do que pensavam e 7% consideraram "pior". Ninguém respondeu muito pior.
Em 40% dos casos, o grande incentivador para que o homem fizesse o exame preventivo foi um outro médico que já o acompanha, seguido pelas mulheres e filhos. Apenas um terço dos entrevistados afirma que procurou o urologista por conta própria.
Vergonha
O metalúrgico Valdir, 58, fez anteontem seu primeiro exame de toque retal. "Adiei o quanto pude porque tinha vergonha. Os colegas fazem piadinha, ficam gozando quando descobrem. Mas foi menos pior do que eu pensava", diz ele, que fez o exame por indicação do cardiologista. Por "vergonha", ele pediu para não ter o sobrenome identificado.
Segundo um dos coordenadores da pesquisa, Ubirajara Ferreira, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, o exame de toque retal ainda é um mito para o homem. "[o reto] É um santuário para os homens. Eles elaboram todo tipo de fantasia, acham que vão perder a masculinidade."
Ferreira conta ainda que 10% dos pacientes se consultam, mas, na hora do exame, desistem de seguir o tratamento. "Eles dizem que não estão preparados psicologicamente, que voltam depois e desaparecem", conta o especialista, que lançou nesta semana o livro "Câncer de Próstata Tire suas Dúvidas: 99 respostas e um alerta".
Para o urologista Miguel Srougi, da Faculdade de Medicina da USP, o preconceito em relação ao procedimento está ligado ao nível de instrução do paciente. "Quanto maior o conhecimento, menor tende a ser a rejeição." Ele diz que metade dos seus pacientes procura o urologista por insistência da mulher.
"Na idade em que têm maior risco para o câncer da próstata, os homens tendem a estar em relacionamentos mais consolidados em que a mulher se preocupa com a saúde do marido", afirma o urologista.
Imprecisão
Segundo Srougi, o exame de toque retal é altamente impreciso quando feito sem a associação do chamado antígeno prostático específico (PSA). "Em 60% a 70% dos casos em que o toque está normal, encontramos câncer da próstata."
O ideal, explica o médico, é a combinação dos dois exames. "O toque ainda é importante, mas, sozinho, não tem todo o poder de diagnóstico do câncer que se atribui a ele. É preciso associá-lo ao PSA."
O tumor da próstata é a segunda causa de mortes por câncer em homens, sendo superado apenas pelo de pulmão. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deverá fechar 2006 com 47 mil novos casos de câncer da próstata.
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