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02/10/2006 - 10h46

FAB retoma buscas em local de acidente aéreo após atestar mortes

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da Folha Online

Equipes da Aeronáutica retomaram no começo da manhã desta segunda-feira as buscas pelos corpos dos 154 ocupantes do vôo 1907 da Gol que caiu na última sexta-feira (29) em uma mata fechada, em Mato Grosso. Em nota divulgada na noite de domingo (1º), a corporação admitiu pela primeira vez que não há sobreviventes. Informações iniciais apontam que a maioria dos corpos foram mutilados.

Militares que estiveram no local do acidente são unânimes em dizer que a destruição foi enorme e que há destroços em um raio de 500 metros. No domingo, a área em que as buscas serão realizadas foi aumentada de 10 quilômetros quadrados para 20. O resgate dos corpos deverá durar ao menos uma semana.

O Boeing 737-800 da Gol caiu depois de bater no ar em um jato Legacy que conseguiu pousar. De acordo com as descrições dos militares, o avião caiu de nariz e está coberto pela copa das árvores.

Como o local é de difícil acesso, uma clareira precisou ser aberta para que os militares descessem de rapel a partir de aeronaves militares. Outros desceram de pára-quedas na fazenda Jarinã, local que concentra as equipes de resgate.

Árvores de até 40 metros tiveram que ser cortadas. Os militares estudam outros meios de acesso, com o apoio de líderes indígenas da região.

"É muito difícil que a gente consiga localizar todos os passageiros. A situação é muito pior do que qualquer um de nós possa imaginar", afirmou o comandante da operação, brigadeiro Jorge Kersul Filho. Horas antes, a diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Denise Abreu, e o ministro da Defesa, Waldir Pires, haviam se referido à possibilidade de encontrar sobreviventes como "milagre".

Os dois primeiros corpos --mutilados-- foram localizados ainda no domingo. Eles foram catalogados, ensacados e enviados de helicóptero para base da FAB montada na fazenda Jarinã, a cerca de 40 km do local da queda do Boeing. Não havia informações sobre o encontro de outros corpos até as 10h desta segunda, de acordo com a Anac.

Investigação

O Boeing, que havia saído de Manaus com destino ao Rio, deveria fazer uma escala em Brasília. Ele perdeu contato por volta das 17h de sexta, depois de bater em um jato executivo Legacy fabricado pela Embraer. Os destroços do avião foram encontrados por volta das 9h de sábado, em uma área de mata, a 200 km do município de Peixoto de Azevedo (MT).

Divulgação/Anac
Imagem (acima) mostra Legacy avariado após choque com Boeing; abaixo, aeronave normal
Imagem (acima) mostra Legacy avariado após choque com Boeing; abaixo, aeronave normal
O choque provocou danos na asa do jato Legacy, que conseguiu pousar na base aérea de Cachimbo. A aeronave seguia para os Estados Unidos com sete pessoas --piloto, co-piloto, dois funcionários da Embraer, um jornalista do "The New York Times" e dois funcionários da Excel Aire, empresa que comprou o jato. Todos passam bem.

Em depoimento prestado domingo, os pilotos --que são americanos-- disseram que não viram o Boeing, embora tivessem sentido um pequeno impacto e ouvido um "barulho". Afirmaram, ainda, que os equipamentos da aeronave funcionavam normalmente antes e depois do acidente.

De acordo com o presidente da Anac, o equipamento que sinaliza a presença de outra aeronave em rota de colisão, o chamado TCAS, funcionava normalmente no Legacy.

Para a Polícia Civil de Mato Grosso, a versão dos dois profissionais "soou inverossímil" e há hipótese de homicídio culposo. Neste caso, o piloto e o co-piloto do Legacy e os controladores de tráfego aéreo poderiam ser responsabilizados.

No domingo, a caixa-preta do Legacy seguiu para análise em São José dos Campos (SP). A caixa-preta do Boeing ainda não foi localizada. A análise da caixa-preta é essencial para saber exatamente em que altitude e em que procedimento (subida, descida, vôo de cruzeiro) o Boeing estava no momento do acidente.

Perguntas

Segundo o tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero, é preciso descobrir o motivo de dois aviões bem equipados e novos estarem no mesmo nível, quando deveriam estar a uma distância mínima de 300 metros. "São aviões com equipamentos anticolisão. Precisamos saber por que eles não evitaram o acidente", disse o tenente-brigadeiro.

Pereira também levantou a necessidade de esclarecimentos acerca do fato de qual avião estaria acima ou abaixo do nível correto, e ressaltou que a altura das aeronaves, entre 36 e 37 mil pés, é completamente visualizada por radares.
Divulgação/FAB
Imagem mostra destroços de avião da Gol que caiu em área de mata fechada em MT
Imagem mostra destroços de avião da Gol que caiu em área de mata fechada em MT


Na velocidade em que os aviões estavam, de acordo com Pereira, seria impossível aos pilotos fazerem qualquer identificação visual de outro avião. No entanto, os equipamentos deveriam ter alertado sobre a possibilidade de rotas coincidentes.

Quando isso acontece, o sistema alerta o piloto com sinais sonoros e luminosos, além de orientar o procedimento. "O piloto não precisa raciocinar, basta seguir a orientação", explicou.

Para o comandante Marques Peixoto, agente de segurança de vôo e diretor do Sindicato dos Aeronautas, o acidente pode ter sido causado por uma conjunção de fatores. Segundo ele, ocorrências como essa não ocorrem em função de um único fator, "mas de quatro a sete fatores que se alinham". Todas as possibilidades, segundo Peixoto, têm de ser analisadas.

Especial
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