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13/10/2006
-
09h07
THIAGO GUIMARÃES
da Agência Folha
O sistema colonial de abastecimento de água de Diamantina (MG) foi danificado durante obras de reforço e substituição da tubulação da cidade. Peças da rede, datada do século 18, chegaram a ser vendidas.
Embora em desuso há mais de cem anos, a antiga rede de água de Diamantina --cidade cujo centro histórico é patrimônio mundial desde 1999-- conserva peças de grande valor histórico. Formada por calhas de madeira e peças de pedra-sabão, seu estudo pode revelar dados inéditos sobre a cidade.
No dia 22, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Diamantina recebeu denúncia de um morador que disse ter comprado, por R$ 20, uma calha de aroeira da tubulação original de um funcionário da empresa responsável pelas obras na rede colonial de água.
Acionada pelo Iphan, a Polícia Militar recolheu dez metros de calhas originais no escritório da empresa, que tem sede em Curitiba (PR) e foi terceirizada pela Copasa (estatal de água e esgoto) para o serviço.
O Iphan informou que ruas centrais de Diamantina foram escavadas sem acompanhamento arqueológico e autorização do órgão e pediu investigação do Ministério Público.
Importância
Segundo o técnico do Iphan Alexandre Delforge, a existência de redes de água em cidades coloniais brasileiras não era comum. "Diamantina tinha porque era uma cidade muito rica." A preservação de peças dessas redes também é rara.
Delforge afirmou que os remanescentes da rede de Diamantina nunca foram estudados. "Isso poderia revelar aspectos da vida na cidade, como a localização de fontes de água e casas que tinham abastecimento direto."
O Iphan informou que o prejuízo ao patrimônio causado pelas obras na rede de água --iniciadas há um ano e orçadas em R$ 9 milhões-- ainda não foi estimado.
Outro lado
O gerente da Copasa no Alto Jequitinhonha, Eduardo Quirino, disse que apenas seis metros do sistema colonial de abastecimento de Diamantina foram danificados pelas obras.
Quirino negou a venda sistemática de peças da rede e disse que a denúncia do morador foi um caso isolado, já que o funcionário não sabia do valor histórico da calha de madeira.
Sobre o material apreendido no escritório da Gel Engenharia, Quirino disse que estava lá para ser entregue ao Iphan. "Tão logo o Iphan ficou sabendo [da denúncia de venda de peças], a empresa recolheu o material para repassar."
O gerente disse que, no início das obras, o Iphan foi informado da natureza das intervenções. Afirmou ainda que os danos causados foram acidentais.
"É um peão que está ali e não percebe que aquilo pode ser de valor histórico."
Responsáveis pelo escritório da Gel Engenharia, em Curitiba, não responderam até a noite de ontem.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre patrimônio histórico
Obra danifica rede colonial de água em Diamantina
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da Agência Folha
O sistema colonial de abastecimento de água de Diamantina (MG) foi danificado durante obras de reforço e substituição da tubulação da cidade. Peças da rede, datada do século 18, chegaram a ser vendidas.
Embora em desuso há mais de cem anos, a antiga rede de água de Diamantina --cidade cujo centro histórico é patrimônio mundial desde 1999-- conserva peças de grande valor histórico. Formada por calhas de madeira e peças de pedra-sabão, seu estudo pode revelar dados inéditos sobre a cidade.
No dia 22, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Diamantina recebeu denúncia de um morador que disse ter comprado, por R$ 20, uma calha de aroeira da tubulação original de um funcionário da empresa responsável pelas obras na rede colonial de água.
Acionada pelo Iphan, a Polícia Militar recolheu dez metros de calhas originais no escritório da empresa, que tem sede em Curitiba (PR) e foi terceirizada pela Copasa (estatal de água e esgoto) para o serviço.
O Iphan informou que ruas centrais de Diamantina foram escavadas sem acompanhamento arqueológico e autorização do órgão e pediu investigação do Ministério Público.
Importância
Segundo o técnico do Iphan Alexandre Delforge, a existência de redes de água em cidades coloniais brasileiras não era comum. "Diamantina tinha porque era uma cidade muito rica." A preservação de peças dessas redes também é rara.
Delforge afirmou que os remanescentes da rede de Diamantina nunca foram estudados. "Isso poderia revelar aspectos da vida na cidade, como a localização de fontes de água e casas que tinham abastecimento direto."
O Iphan informou que o prejuízo ao patrimônio causado pelas obras na rede de água --iniciadas há um ano e orçadas em R$ 9 milhões-- ainda não foi estimado.
Outro lado
O gerente da Copasa no Alto Jequitinhonha, Eduardo Quirino, disse que apenas seis metros do sistema colonial de abastecimento de Diamantina foram danificados pelas obras.
Quirino negou a venda sistemática de peças da rede e disse que a denúncia do morador foi um caso isolado, já que o funcionário não sabia do valor histórico da calha de madeira.
Sobre o material apreendido no escritório da Gel Engenharia, Quirino disse que estava lá para ser entregue ao Iphan. "Tão logo o Iphan ficou sabendo [da denúncia de venda de peças], a empresa recolheu o material para repassar."
O gerente disse que, no início das obras, o Iphan foi informado da natureza das intervenções. Afirmou ainda que os danos causados foram acidentais.
"É um peão que está ali e não percebe que aquilo pode ser de valor histórico."
Responsáveis pelo escritório da Gel Engenharia, em Curitiba, não responderam até a noite de ontem.
Especial
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