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24/10/2006
-
09h42
GILMAR PENTEADO
da Folha de S.Paulo
O jovem Daniel Felipe Dornelas, 19, atendeu prontamente a ordem de um policial de colocar as mãos na cabeça. Apenas conversava com dois amigos em uma borracharia a três metros de sua casa, em Poá (Grande SP), sábado à noite.
Segundos depois, mesmo sem reagir, ele recebeu um tiro de submetralhadora 9 milímetros no peito e morreu. O disparo foi feito por um sargento da Força Tática da PM. Ele foi afastado pela corporação.
O jovem foi levado ao pronto-socorro pela PM. Já chegou morto, conforme familiares. Cerca de 40 minutos depois, policiais militares foram vistos voltando ao local e fazendo nove disparos contra a borracharia. Antes de saírem, recolheram as cápsulas.
O sargento Francisco Luiz Rosa Filho, 34, afirmou que disparou acidentalmente em Dornelas após ouvir o barulho de escapamento de uma moto que parecia o de um tiro. Ele disse que chegou ao local após denúncia de que três homens tentavam arrombar a borracharia --um dos homens que conversava com Dornelas, e que também foi rendido, era o dono do local.
Motoqueiro
André Luis Dornelas, 28, irmão da vítima, disse que viu quando PMs recolhiam as cápsulas. Segundo ele, a intenção desses tiros seria amedrontar as testemunhas e reforçar a tese da PM de que abordagem foi motivada por denúncias de furto no local. "Não foi uma fatalidade. O PM recebe treinamento para usar uma metralhadora", disse o irmão.
Os disparos posteriores feitos na borracharia intrigaram peritos que analisaram o local ontem. Foram identificadas nove marcas de tiro.
Três projéteis, provavelmente de pistola 380 ou 9 milímetros, foram coletados. Policiais civis que investigam o caso também tentam descobrir o motivo dos disparos contra a borracharia.
A explicação pode estar na mudança de versões dos PMs para explicar o disparo que matou Dornelas. Genivaldo Dias dos Santos, dono da borracharia e uma das testemunhas do crime, disse que, no momento do disparo, os PMs afirmaram que o tiro partiu de um motoqueiro que cruzou o local.
"Não tinha moto nenhuma. Eles chegaram, mandaram levantar as mãos. Segundos depois, houve o disparo", disse. Só na delegacia ele soube da versão de que o sargento atirou acidentalmente após ouvir o escapamento de uma moto.
Sem antecedentes, pai de um menino com 30 dias, Dornelas ajudava a mãe a vender sucata. "Sei que isso não vai trazer o meu filho de volta. Mas só saber que não estou com a boca fechada já me dá um conforto", disse Neide Corrêa, 52.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre crimes envolvendo PMs
Já rendido, jovem é morto por PM em blitz na Grande SP
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da Folha de S.Paulo
O jovem Daniel Felipe Dornelas, 19, atendeu prontamente a ordem de um policial de colocar as mãos na cabeça. Apenas conversava com dois amigos em uma borracharia a três metros de sua casa, em Poá (Grande SP), sábado à noite.
Segundos depois, mesmo sem reagir, ele recebeu um tiro de submetralhadora 9 milímetros no peito e morreu. O disparo foi feito por um sargento da Força Tática da PM. Ele foi afastado pela corporação.
O jovem foi levado ao pronto-socorro pela PM. Já chegou morto, conforme familiares. Cerca de 40 minutos depois, policiais militares foram vistos voltando ao local e fazendo nove disparos contra a borracharia. Antes de saírem, recolheram as cápsulas.
O sargento Francisco Luiz Rosa Filho, 34, afirmou que disparou acidentalmente em Dornelas após ouvir o barulho de escapamento de uma moto que parecia o de um tiro. Ele disse que chegou ao local após denúncia de que três homens tentavam arrombar a borracharia --um dos homens que conversava com Dornelas, e que também foi rendido, era o dono do local.
Motoqueiro
André Luis Dornelas, 28, irmão da vítima, disse que viu quando PMs recolhiam as cápsulas. Segundo ele, a intenção desses tiros seria amedrontar as testemunhas e reforçar a tese da PM de que abordagem foi motivada por denúncias de furto no local. "Não foi uma fatalidade. O PM recebe treinamento para usar uma metralhadora", disse o irmão.
Os disparos posteriores feitos na borracharia intrigaram peritos que analisaram o local ontem. Foram identificadas nove marcas de tiro.
Três projéteis, provavelmente de pistola 380 ou 9 milímetros, foram coletados. Policiais civis que investigam o caso também tentam descobrir o motivo dos disparos contra a borracharia.
A explicação pode estar na mudança de versões dos PMs para explicar o disparo que matou Dornelas. Genivaldo Dias dos Santos, dono da borracharia e uma das testemunhas do crime, disse que, no momento do disparo, os PMs afirmaram que o tiro partiu de um motoqueiro que cruzou o local.
"Não tinha moto nenhuma. Eles chegaram, mandaram levantar as mãos. Segundos depois, houve o disparo", disse. Só na delegacia ele soube da versão de que o sargento atirou acidentalmente após ouvir o escapamento de uma moto.
Sem antecedentes, pai de um menino com 30 dias, Dornelas ajudava a mãe a vender sucata. "Sei que isso não vai trazer o meu filho de volta. Mas só saber que não estou com a boca fechada já me dá um conforto", disse Neide Corrêa, 52.
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