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28/10/2006
-
09h31
da Folha de S.Paulo
Os operadores do controle de tráfego aéreo de Brasília, o Cindacta-1, iniciaram uma operação-padrão para explicitar o que consideram descaso do governo em relação às suas condições de trabalho. O resultado foi caos no aeroporto da capital ontem, com pelo menos 32 vôos atrasados e até a suspensão temporária de decolagens.
A operação havia começado timidamente no início da semana, mas virou movimento ontem, com uma reunião extra-oficial ocorrida no parque da Cidade, o maior de Brasília.
Os cerca de 60 operadores de baixa patente militar que trabalham em Brasília combinaram aplicar com exatidão as regras internacionais de espaçamento entre pousos e decolagens. Como o fluxo de vôo entre a capital e o Sudeste é até duas vezes superior ao número aconselhável de 14 aviões por operador, a organização "na marra" gerou os atrasos.
A Aeronáutica, responsável pelo controle, nega tudo e afirma que só houve um congestionamento entre 8h e 9h, o que teria causado um efeito cascata no resto do dia. Segundo o órgão, não há indício de operação-padrão ou "greve branca".
Mas o fato é que os controladores, que por serem militares não podem fazer greve e são passíveis de várias sanções disciplinares, resolveram se organizar. E o governo tentou se antecipar, anunciando anteontem investimentos de cerca de R$ 10 milhões nos próximos dois anos para a melhoria do tráfego aéreo de Brasília.
Pela manhã, o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, foi vistoriar a situação no aeroporto e concluiu que as condições de atendimento eram "degradantes". Alguns vôos atrasaram quase três horas, e alto-falantes nos saguões anunciaram a suspensão de decolagens. No fim da tarde, ainda ocorriam anúncios de "atrasos por congestionamento no teto de Brasília".
As condições de trabalho são historicamente ruins, mas o que levou ao movimento foi a insistência das autoridades em dizer que não há problemas no controle aéreo durante as repercussões do choque entre o Legacy e o Boeing da Gol que matou 154 pessoas há um mês.
O clima era tenso ontem. Dois oficiais, um coronel e um tenente gritavam para que os controladores "acelerassem" as operações. "Autoriza!" foi a ordem mais ouvida.
No aeroporto de Congonhas, o engenheiro Vicente Costa, 55, esperava pela mulher, Val, sentado num banco do desembarque. Ela estava no vôo 2625 da Varig, que deveria ter chegado a São Paulo às 12h57, mas aterrissou 15h45. "É horrível. Cheguei ao aeroporto às 9h", disse Val ao desembarcar.
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Operadores de tráfego aéreo fazem operação-padrão e atrasam vôos
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Os operadores do controle de tráfego aéreo de Brasília, o Cindacta-1, iniciaram uma operação-padrão para explicitar o que consideram descaso do governo em relação às suas condições de trabalho. O resultado foi caos no aeroporto da capital ontem, com pelo menos 32 vôos atrasados e até a suspensão temporária de decolagens.
A operação havia começado timidamente no início da semana, mas virou movimento ontem, com uma reunião extra-oficial ocorrida no parque da Cidade, o maior de Brasília.
Os cerca de 60 operadores de baixa patente militar que trabalham em Brasília combinaram aplicar com exatidão as regras internacionais de espaçamento entre pousos e decolagens. Como o fluxo de vôo entre a capital e o Sudeste é até duas vezes superior ao número aconselhável de 14 aviões por operador, a organização "na marra" gerou os atrasos.
A Aeronáutica, responsável pelo controle, nega tudo e afirma que só houve um congestionamento entre 8h e 9h, o que teria causado um efeito cascata no resto do dia. Segundo o órgão, não há indício de operação-padrão ou "greve branca".
Mas o fato é que os controladores, que por serem militares não podem fazer greve e são passíveis de várias sanções disciplinares, resolveram se organizar. E o governo tentou se antecipar, anunciando anteontem investimentos de cerca de R$ 10 milhões nos próximos dois anos para a melhoria do tráfego aéreo de Brasília.
Pela manhã, o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, foi vistoriar a situação no aeroporto e concluiu que as condições de atendimento eram "degradantes". Alguns vôos atrasaram quase três horas, e alto-falantes nos saguões anunciaram a suspensão de decolagens. No fim da tarde, ainda ocorriam anúncios de "atrasos por congestionamento no teto de Brasília".
As condições de trabalho são historicamente ruins, mas o que levou ao movimento foi a insistência das autoridades em dizer que não há problemas no controle aéreo durante as repercussões do choque entre o Legacy e o Boeing da Gol que matou 154 pessoas há um mês.
O clima era tenso ontem. Dois oficiais, um coronel e um tenente gritavam para que os controladores "acelerassem" as operações. "Autoriza!" foi a ordem mais ouvida.
No aeroporto de Congonhas, o engenheiro Vicente Costa, 55, esperava pela mulher, Val, sentado num banco do desembarque. Ela estava no vôo 2625 da Varig, que deveria ter chegado a São Paulo às 12h57, mas aterrissou 15h45. "É horrível. Cheguei ao aeroporto às 9h", disse Val ao desembarcar.
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