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03/12/2006 - 09h13

Jovens acusam seguranças de agredi-los durante festa na Daslu

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LAURA CAPRIGLIONE
da Folha de S.Paulo

A festa de debutante da filha de um dos mais importantes empresários do setor calçadista nacional seria na Daslu, a megaloja do luxo de São Paulo, no Itaim Bibi. Por causa disso, a mãe do menino de 15, estudante do tradicional colégio Santo Américo, ficou tranqüila e entregou o filhote às 23h na portaria da construção em estilo neoclássico. Haveria segurança, alimentação de qualidade, boa freqüência --tudo certo.

O combinado era que, quando o jovem quisesse voltar para casa, telefonaria para o pai ir buscá-lo. A mãe foi dormir. Por volta das 3h30 de domingo, 26 de novembro, o telefone tocou. Era o menino que, aos gritos, avisava que fora espancado por seguranças da festa, arrastado pelos cabelos e, em seguida, jogado na beira da marginal Pinheiros, pelos fundos da loja.

Ao chegar à Daslu, os pais encontraram o filho com o terno rasgado --era exigido traje social completo--, sujo, galos na cabeça, corte na orelha, nariz e lábio superior inchados e sangrando. Outros 50 garotos estavam do lado de fora, alguns machucados muitos embriagados.

Durante a semana, o site Orkut registrou conversas sobre a briga. Dois vídeos foram colocados no YouTube, com cenas do confronto, gravadas no celular por uma garota. Até boletim de ocorrência foi lavrado, as vítimas encaminhadas para exame no Instituto Médico Legal.

"Vou falar com meu pai"

A festa da debutante, aluna do colégio Porto Seguro, foi preparada com esmero: 1.200 pessoas receberam o convite para o evento, impresso em letras vermelhas sobre espelho bisotê quadrado, embrulhado em cartolina prateada, arrematado por laço de fita bordô. Boa parte dos convidados era aluno de escolas conceituadas, como Santo Américo, Miguel de Cervantes, Lourenço Castanho e Porto Seguro.

Quatro ambientes foram alugados da Daslu para a festa. Uma funcionária da loja disse à Folha que apenas a locação do espaço limpo --sem decoração, segurança, bufê, convites ou ambulatório médico-- sai na faixa de R$ 40 mil a R$ 83 mil.

Os jovens, cerca de 800, ficavam no ambiente maior, que tem uma pista de dança, sofás azuis, um bar no centro, comidinhas do bufê do Charlô e uma arquibancada.

Os adolescentes entrevistados pela Folha dizem que uísque, champanhe, vinho e vodca eram abundantes no ambiente dedicado aos mais velhos, cuja entrada era guardada por um segurança. "Mas era muito fácil invadir o espaço. Bastava dizer para o segurança: "Pera aí que eu vou falar com o meu pai", entrar lá e pegar um copo de uísque. Um monte de gente fez isso", disse um jovem.

Outros meninos disseram que o bar no salão dos jovens servia vodca, saquê e licor aos adolescentes, o que a organizadora da festa, a cerimonialista --ela prefere ser chamada assim-- Patrícia Monti, nega ter ocorrido.

Como começou a pancadaria? Um menino, 16 anos e 1,89 m, disse à Folha que, por volta das 3h, um grupo de seguranças estava escoltando um aluno do Santo Américo para fora da festa (por um motivo desconhecido) quando três amigos apareceram para "salvá-lo", levando-o de volta para o salão. Aí a coisa cresceu. "Um homem nunca abandona o amigo em dificuldades", explicou um garoto de 15 anos, calculando que 50 meninos tenham se chocado com 30 seguranças.

"Olha, gente, eu tô de salto, não corre muito", diz uma menina em um dos vídeos que foi parar no YouTube enquanto fugia da confusão. "Quem diria que festa na Daslu acabasse assim", ironiza outra garota.

A Daslu diz que a responsabilidade pela segurança durante a festa é da firma que promoveu o evento. Esta culpa os "bicões" pela confusão durante a comemoração.

Especial
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