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15/12/2006 - 10h00

PCC usou morador de rua como laranja

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ANDRÉ CARAMANTE
da Folha de S.Paulo

O PCC (Primeiro Comando da Capital) utilizou até um morador de rua para montar a sua rede de laranjas que tiveram os nomes usados na aquisição e administração de alguns dos 44 postos de combustível e revendedoras de carros identificados até agora pela polícia como ligados à facção criminosa.

De acordo com a polícia, essas empresas são usadas na lavagem de parte do dinheiro conseguido pelo grupo em roubos, seqüestros e tráfico. Numa das frentes da investigação, os policiais descobriram a identidade de I.S.F., 40, morador de rua em Jacareí (75 km de SP), alcoólatra e soropositivo.

No nome de I., a quadrilha acusada de lavar dinheiro para o PCC registrou quatro postos --dois em Santos (85 km de SP), um em Santo André (ABC) e um em Monte Mor (120 km da capital)-- e uma fábrica de lubrificantes em Guarulhos (Grande São Paulo).

Ontem, a reportagem localizou I. e sua família em Jacareí. "Já tem cinco meses que nem conseguimos comprar os remédios dele para tentar tratar a Aids. Como um homem na situação dele pode ter esse monte de postos?", questionou a dona-de-casa E.P.S., mãe de I., que alterna temporadas na casa da família com outras passadas nas ruas de Jacareí.

Com os 44 postos já localizados (o número pode chegar a cem, segundo a polícia), o PCC fatura, em média, R$ 500 mil por mês. O dinheiro para a compra dos postos é arrecadado junto a vários criminosos por Wilson Roberto Cuba, o Rabugento, atualmente preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP).

O delegado Marcelo Bianchi Fortunato, da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Santo André, interrogou I. em julho na Santa Casa de Jacareí, onde ele estava em tratamento. Fortunato é responsável pela investigação que resultará, até o fim da semana, no indiciamento de 60 pessoas por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Ao delegado, I. disse que não possui renda e que, por ser soropositivo, não trabalha há tempos. I., uma das 60 pessoas que deverão ser indiciadas, também disse que perdeu os documentos em duas ocasiões e que os registros sobre as perdas foram feitos na delegacia central de Jacareí.

I. também disse ao delegado não conhecer nenhuma das pessoas que aparecem como sócias dele nos postos. Um dos postos registrados no nome de I., o Auto Posto HJ, em Santo André, pertence, segundo a investigação da polícia, a Gildásio Siqueira Santos, o Gil.

Santos é apontado como um dos testas-de-ferro do presidiário Cuba e uma das pessoas do esquema de lavagem de dinheiro do PCC. O responsável pela documentação fraudulenta sobre os postos e a obtenção dos laranjas, ainda de acordo com a polícia, é o advogado Umberto de Almeida Oliveira.

Duas juízas de Mauá (ABC), Maria Eugênia Pires e Ida Inês Del Cid, são investigadas pela Corregedoria Geral de Justiça porque foram acusadas por um empresário de manter relações próximas com várias pessoas suspeitas de integrar essa rede de lavagem de dinheiro do PCC. As magistradas negam favorecimento a qualquer uma das pessoas que serão indiciadas.

Desde o dia 7, a Folha tenta localizar e entrevistar, sem sucesso, Santos e o advogado.

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