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20/12/2006 - 10h19

Escutas flagram esquema de assassinatos da máfia dos caça-níqueis

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TALITA FIGUEIREDO
da Folha de S.Paulo, no Rio

O braço armado da quadrilha do contraventor Fernando Iggnácio, formado por PMs liderados pelo ex-fuzileiro naval Marcos Paulo Moreira da Silva, o Marquinhos Sem Cérebro, foi responsável por ao menos quatro mortes e dois atentados durante um mês de escuta da Polícia Federal, entre setembro e outubro. A guerra travada por Iggnácio e seu rival Rogério Andrade já soma mais de 50 mortes, em oito anos. Iggnácio está preso desde outubro na Polinter, em Niterói. Sem Cérebro está detido no 1º Distrito Naval.

Apesar de pagar pelas mortes, Iggnácio, em gravação autorizada pela Justiça Federal, diz que "é obrigação [do funcionário] zelar pelo patrimônio da empresa", o que implica eliminar rivais e destruir caça-níqueis do inimigo. Quando uma morte é concluída, eles anunciam dizendo "bingo" nas gravações. Conforme a denúncia do Ministério Público Federal, Iggnácio tem "absoluto domínio final de todos esses crimes".

A primeira tentativa de assassinato relatada ocorreu em 8 de setembro, em Realengo, contra um homem identificado como Mima, que teria participado do quebra-quebra de máquinas de Iggnácio dias antes. Mima foi atacado a tiros, mas só se feriu. Menos de dez minutos depois, Sem Cérebro ligou para Iggnácio e disse apenas "bingo". Um minuto depois, retornou afirmando para "cancelar a última informação".

O cabo PM Gilmar Simão, assassinado a tiros quando acabara de depor na 4ª DPJM (Delegacia de Polícia Judiciária Militar), em 10 de outubro, foi outra vítima. O grupo descobriu que Simão, também acusado de participar da chacina da Baixada (29 mortos em março de 2005), participara de um tiroteio em Anchieta em que pessoas do grupo de Iggnácio haviam se ferido. Mais uma vez Marquinhos ligou para Iggnácio dizendo apenas "bingo".

Dias depois, em 21 de outubro, foi a vez de Manoel dos Santos Filho ser morto, pois estaria destruindo máquinas.

"Diz então que ficou R$ 12.500 [o pagamento aos assassinos]. Diz que se quiserem dar alguma coisa mais, tira do bolo de vocês. Mas diz para ele: "O nosso amigo mandou lembrar que é obrigação zelar pelo patrimônio da empresa, isso é só um presente." A declaração gravada pela PF é de Iggnácio, em telefonema com Ulisses Rezende, seu número dois.

R$ 6 milhões mensais

Iggnácio ganhava cerca de R$ 6 milhões por mês com mais de 10 mil máquinas de caça-níqueis espalhadas pela zona oeste do Rio, segundo a PF.

As contas bancárias da organização já estão bloqueadas pela Justiça, a pedido da PF e do Ministério Público Federal. Essa medida imobiliza a ação dos integrantes que não foram presos, na avaliação desses órgãos. A documentação relativa às contas ainda não foram analisadas pela PF, que ainda não tem idéia do valor congelado.

A Folha não conseguiu localizar os advogados de Iggnácio e de Marquinhos Sem Cérebro.

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