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25/01/2007 - 10h09

Bairro ergue muro contra vizinho pobre no Rio Grande do Sul

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LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

Moradores de um bairro de classe média de Santa Maria (RS) ergueram um muro para separá-los de uma área pobre originada de uma invasão. O motivo alegado para a construção da parede --de três metros de altura e de 400 metros de extensão-- é reduzir a criminalidade no bairro, que teria crescido depois de ter começado a invasão vizinha.

O bairro de classe média é a Vila Noal. Ela tem 3.000 moradores e fica dentro de outro bairro, o Patronato. Já a área pobre é a Vila Natal, que surgiu no início de 2005, a partir de uma invasão a uma propriedade da família Stoever.

Na 3ª Delegacia de Polícia de Santa Maria, que atende à região, a informação obtida pela Folha foi que a criminalidade não deveria ser motivo para o erguimento do muro. Isso porque, segundo essa avaliação, os crimes caíram 70% na Vila Noal desde outubro passado, após a prisão de seis suspeitos de arrombamentos.

A família Stoever, proprietária da área ocupada, negocia a comercialização do terreno com a Prefeitura de Santa Maria, mas ainda há entraves para a transação, como a regularização de documentos.

De acordo com o secretário de Habitação da cidade, Osvaldo Severo, havia 60 famílias (cerca de 300 pessoas) no local na época da invasão. O número de habitantes hoje, de acordo com ele, é incerto.

Condomínio fechado

O muro começou a ser erguido em novembro do ano passado, dentro de terrenos particulares na Vila Noal. A estrutura está com 200 metros de extensão. No entanto, a previsão é que alcance os 400 metros quando estiver concluído.

O objetivo futuro dos moradores é transformá-lo em um cercado, alterando o bairro para condomínio fechado, com guaritas e porteiras.

De acordo com a prefeitura da cidade gaúcha, não existe ilegalidade na construção porque ela não interrompe vias públicas e foi objeto de consenso entre os moradores da Vila Noal e os proprietários dos terrenos por onde passa.
Por ora, o muro apenas dificulta a passagem dos moradores da Vila Natal, mas já há quem reclame de preconceito.

Opiniões cordiais

"Para nós será muito ruim. Tudo fica mais difícil, para ir ao mercado, à escola. É discriminação", disse a comerciária Nádia Simões, 45, mãe de duas filhas e moradora do bairro invadido desde outubro de 2006.

Representantes das associações de moradores dos dois bairros procuram demonstrar cordialidade. Para o presidente da Associação de Moradores da Vila Noal, Airton Teixeira, o muro não visa discriminar pessoas, mas "proteger uma área particular". Ele afirmou que existe amizade entre os moradores de seu bairro de classe média e os da área ocupada.

O vice-presidente da Associação de Moradores da Vila Natal, José Luiz de Oliveira, disse entender a medida. "Eles têm direito de se proteger. Queremos apenas regulamentar nossos terrenos."

Segundo Teixeira, da Vila Noal, o bairro começou a registrar assaltos e arrombamentos após a invasão vizinha. Moradores então aprovaram a construção do muro em reunião, mesmo com alguns se dizendo constrangidos pela imagem de preconceito que a medida poderia transmitir.

Especial
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