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10/02/2007 - 10h37

50 laptops somem em prédio da polícia de São Paulo

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ANDRÉ CARAMANTE
da Folha de S.Paulo

Laptops apreendidos por diversos departamentos da Polícia Civil de São Paulo e que estavam à espera de perícia em um depósito do Instituto de Criminalística, no Butantã (zona oeste de SP), foram furtados.

Os equipamentos --50-- foram enviados à perícia porque a polícia acredita que possam conter provas de vários crimes: violação de propriedade intelectual, receptação de material ilícito, formação de quadrilha, estelionato, violação de segredo profissional e falsificação.

A sede do IC funciona no mesmo prédio do Denarc (Departamento de Narcóticos), onde existe um grande esquema de segurança, com policiais fortemente armados e várias câmeras de vigilância.

Nas duas linhas de investigação sobre o furto, dois suspeitos foram apontados: na Corregedoria da Polícia Civil, o então diretor do Núcleo de Perícias de Informática, do IC, e perito criminal Onias Tavares de Aguiar é o acusado pelo crime; na Justiça comum, o ex-assistente de Aguiar, João Batista de Oliveira, 24, foi denunciado.

Aguiar foi afastado do cargo de diretor do Núcleo de Perícias de Informática em 15 de janeiro deste ano. Foi ele quem denunciou à Polícia Civil o desaparecimento dos laptops, em setembro de 2005.

Ao delegado Marcos Gomes de Moura, do 51º DP (Butantã), onde registrou o boletim de ocorrência sobre o desaparecimento dos laptops no dia 6 de setembro de 2005, o então diretor disse só ter percebido o sumiço dos equipamentos quando, em abril daquele ano, precisou realizar perícia num aparelho e não o achou no depósito do IC.

O segundo acusado pelo furto, Oliveira, foi assistente de Aguiar no IC e era contratado como prestador de serviços da Frente de Trabalho do Governo do Estado de São Paulo, entre abril e novembro de 2004.

O contrato de trabalho de Oliveira venceu em novembro de 2004, mas ele continuou no IC até fevereiro de 2005 porque o então diretor do Núcleo de Informática se propôs a pagar do próprio bolso o salário dele, até fevereiro de 2005.

Entre dezembro de 2004 e janeiro de 2005, a oficial administrativa Kátia Cardoso de Sá, então responsável pela sala onde os laptops eram armazenados, estava em férias. Aguiar assumiu à polícia que ele transferiu a responsabilidade de cuidar dos laptops do IC a Oliveira.

No processo aberto na corregedoria para descobrir como os laptops desapareceram do depósito do Núcleo de Perícias de Informática, a delegada Rosemary Sinibaldi de Carvalho pede cópias de vários documentos ao juiz da 23ª Vara Criminal, onde já tramita o processo pelo furto contra Oliveira.

Perícia do crime

O laudo pericial sobre o furto dos laptops dentro do IC foi realizado em 29 de setembro de 2005 por Afonso Henrique Maciel, perito do próprio IC e amigo do então diretor Aguiar.

No documento, Maciel simplesmente fez um relatório no qual descreveu as instalações da sala do IC de onde sumiram os 50 laptops.

Como as investigações desenvolvidas pelo 51º DP ficaram focadas em Oliveira, também em setembro de 2005, policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa do prestador de serviços, em Taboão da Serra (Grande São Paulo), e não encontraram absolutamente nada que o vinculasse ao furto dos 50 laptops.

Mesmo sem ser uma prática comum na Polícia Civil, Aguiar, parte interessada diretamente na investigação sobre o furto dos laptops, fez questão de acompanhar as buscas realizadas na casa de Oliveira.

Mesmo sem saber o que estava registrado na memória dos aparelhos, José Domingos Moreira das Eiras, diretor do IC, ao ser questionado sobre o que havia neles, disse que "não tinha nada de importante."

Outro lado

O ex-diretor do Núcleo de Perícias de Informática, do IC, Onias Tavares de Aguiar foi interrogado pela Polícia Civil em setembro de 2005 e disse que "ficou surpreso" ao descobrir o furto dos laptops.

À polícia, Aguiar disse que "as peças de exame recebidas das várias delegacias de polícia e departamentos policiais são guardadas em sala separada, trancada com chave tetra."A posse da chave, disse, ficava com ele ou com a funcionária Kátia.

A Folha tentou localizá-lo para entrevista ao longo de toda a semana, mas ele está em férias. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, Aguiar foi avisado sobre o interesse da reportagem em ouvi-lo. "Ele prefere não falar e disse que já se pronunciou nos autos [do processo]", informou a assessoria.

Sobre a investigação da corregedoria contra Aguiar, a Segurança Pública informou que o fato de ele ser considerado acusado ocorre porque ele era o responsável pela guarda dos equipamentos no IC.

Prestador de serviços

Ao ser questionado sobre o furto, João Batista de Oliveira, ex-prestador de serviços da Frente de Trabalho do Governo do Estado, afirmou: "Não tenho nada com isso."

Oliveira também disse estar bem preocupado com a sua situação na Justiça hoje, pois não sabia que já era réu na ação que tramita na Justiça. Ele também disse que ainda nem constituiu um advogado de defesa.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Instituto de Criminalística

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