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19/02/2007 - 09h28

Tradição perde força em Pernambuco

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FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Bezerros

Os foliões de Bezerros, cidade do agreste pernambucano a 100 km de Recife (PE), estão trocando a tradicional fantasia de papangu --o centenário personagem mascarado do Carnaval local-- por versões estilizadas, mais elaboradas. Antes feitos de chita, os mantos e luvas que cobrem os corpos da cabeça aos pés agora são de cetim, com detalhes em tule.

As antigas máscaras de pano ou de papel foram trocadas por peças de artesanato coloridas e cheias de adereços. Cada vez mais, os foliões priorizam as formas e a criatividade em detrimento à tradição. Na folia de ontem, havia fantasias de guardas romanos, flores, cangaceiros e enfermeiras. Poucos grupos de papangus autênticos brincavam nas ruas.

Para os foliões, porém, o que vale é a festa. Das arquibancadas montadas ao longo do corredor da folia, eles aplaudem a passagem dos mascarados e torcem pela fantasia mais bonita no concurso dos papangus.

Na praça central da cidade, apoteose do desfile, milhares de pessoas acompanham as atrações musicais que se revezam nos dois palcos montados no local. O investimento neste Carnaval foi de aproximadamente R$ 700 mil.

Com 60 mil habitantes, Bezerros recebe 600 mil turistas durante a folia. Para a assessora do prefeito Marcone Borba (PT), Venuzia Borba, o aumento do número de foliões é a causa do aparente desaparecimento dos papangus autênticos. "Para o turista, o papangu tradicional é rústico, e ele quer beleza", disse Venuzia, que também é irmã do prefeito.

"Os autênticos se diluem na multidão", afirmou Borba. "Isso, de certa forma, nos preocupa, mas o bezerrense não vai deixar que sua tradição desapareça", declarou. Segundo ela, há oficinas de papangus nas escolas e até no presídio local para preservar a cultura da cidade. "Estamos sempre incentivando o personagem tradicional", disse.

Os papangus surgiram no final do século 19, mas foi em 1905 que as primeiras máscaras apareceram. No início, elas eram rudimentares, feitas com papel de embrulhar charque e papelão, pintadas com carvão e corantes extraídos de plantas.

A tradição de manter o anonimato durante o dia surgiu a partir de uma brincadeira de foliões que comiam e bebiam nas casas de amigos e usavam as máscaras e os mantos para não serem reconhecidos.

O nome "papangu" é uma referência ao apetite desses foliões, que eram recebidos com pratos de angu, uma espécie de mingau feito com farinha de milho, acompanhado de galinha guisada ou carne de bode.

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