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22/02/2007 - 09h27

PM reage a "guerra de ovos" em São Paulo; mulher morre

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KLEBER TOMAZ
da Folha de S.Paulo

Uma brincadeira de crianças com ovos, no último dia de Carnaval em uma favela de São Paulo, acabou resultando na morte de uma jovem de 24 anos que assistia à festa da sacada da casa que dividia com a tia. Tudo porque policiais ficaram irritados quando ovos atingiram veículos da Polícia Militar que circulavam pela zona oeste da cidade.

Durante a confusão, após um dos policiais atirar para o alto, uma bala perdida acertou a garota. Ela foi atingida na cabeça.

A auxiliar de cozinha Maria Cícera Santos Portela, a Cicinha, estava no segundo andar do sobrado no número 552 da avenida São Remo, no bairro de mesmo nome, no Jaguaré. Foi levada com vida para o hospital, mas não resistiu ao ferimento.

"Eles já chegaram atirando. Minha filha saiu da confusão, mas o policial atirou para cima, onde ela estava. Depois rodou a arma no dedo. Ele quis acertá-la e ainda se recusou a socorrê-la", afirma Maria Aparecida dos Santos, 41, mãe da vítima.

Segundo ela, o PM que matou sua filha é o soldado José Álvaro Pereira da Silva, 38, da 5ª Companhia do 16º Batalhão da Polícia Militar.

Fiança

Após ser reconhecido por testemunhas, ele foi preso em flagrante e indiciado no 93º Distrito por homicídio culposo (sem intenção de matar).

Em sua defesa, Silva admitiu à Polícia Civil ter feito dois disparos --moradores afirmam ter ouvido cinco--, mas negou que tenham atingido alguém. Mesmo assim, pagou fiança de R$ 300 e foi solto.

Silva e três PMs tinham ido ao local, por volta das 16h de anteontem, conforme o comando do 16º BPM, para atender a suposta ocorrência de desordem e arrastão na favela.

Seus superiores classificaram a ação como "precipitada". Aguardam, porém, o resultado da perícia que será feita nas armas apreendidas dos quatro PMs para depois definir a punição para cada um.

"Tudo leva a crer que o Álvaro foi o responsável pelos disparos", afirmou o tenente-coronel Wanderley Medeiros, comandante do 16º BPM. A PM diz investigar também se outras pessoas fizeram disparos.

Preventivamente, todos foram afastados das ruas até que sejam concluídos os inquéritos das polícias Civil e Militar, que poderão determinar a expulsão deles da corporação.

Os quatro continuarão trabalhando em serviços administrativos. Segundo a assessoria de imprensa da PM, o nome dos outros não seriam divulgados.

Revolta

Após o episódio, a comunidade da favela protestou com cartazes e faixas na frente do 16º BPM, pedindo justiça. O mesmo ocorreu ontem no enterro da vítima, no cemitério São Luís, em Santo Amaro (zona sul). Os moradores fretaram dois ônibus para o velório. No caixão, colocaram uma faixa com a frase: "Cicinha, sempre vamos te amar".

Maria Cícera era de Alagoas e estava em São Paulo havia cinco anos. O pai mora em Pernambuco.

Filha única e solteira, dividia com a tia um sobrado numa rua sem asfalto e com esgoto a céu aberto. Era auxiliar de cozinha na Faculdade de Educação da USP, no Butantã.

"Eu era a mãe e o pai dela", disse Maria Aparecida. "Ela era uma pessoa sorridente, alegre e bastante prestativa."

Outro lado

O policial militar acusado de ter matado a jovem disse ter atirado para o alto por segurança, informou o tenente-coronel Wanderley Medeiros, comandante do 16º BPM.

"Ele falou que efetuou os disparos para se proteger e que não teriam atingido ninguém, mas isso quem vai dizer são as provas periciais", afirmou.

Duas cápsulas de armas usadas pela PM foram coletadas no local pela perícia científica para análise.

José Álvaro Pereira da Silva afirmou a seus superiores ter feito dois disparos --um para dispersar o tumulto e outro para impedir que as pessoas (400, segundo ele) arremessassem ovos e pedras nos dois veículos policiais.

Mesmo assim, Medeiros condenou a ação do soldado --o mais experiente do grupo, há 19 anos na PM.

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