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28/03/2007 - 09h04

Governo vai interditar homeopático contra dengue

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CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

O Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria do Estado da Saúde promete interditar hoje os remédios homeopáticos contra a dengue que estavam sendo distribuídos em 29 postos de saúde da Prefeitura de São José do Rio Preto (SP). Amostras do medicamento serão enviadas ao Instituto Adolfo Lutz para análise.

A distribuição dos frascos de 50 ml do produto começou há 14 dias e ao menos 20 mil pessoas já utilizaram o remédio, que serviria para aliviar os sintomas da dengue. Segundo a vigilância, produto semelhante vem sendo consumido em Birigui e Ubatuba.

Não há nenhuma notificação de efeitos colaterais da fórmula homeopática, mas, na opinião da diretora da vigilância, Maria Cristina Megid, o produto não tem comprovação científica da eficácia e sua distribuição descumpre regras de manuseio e de distribuição.

Ela afirma que o remédio homeopático vem sendo oferecido à população indiscriminadamente, até mesmo sem receita médica, e para pessoas que não estão com dengue.

Segundo Megid, a Secretaria da Saúde de Rio Preto já tinha sido notificada da irregularidade e avisada de que deveria interromper a distribuição indiscriminada do produto, mas ela teria ignorado a determinação --o que é negado pelo secretário de Rio Preto.

Outro motivo de preocupação da vigilância é que o remédio produza uma falsa sensação de segurança nas pessoas. "Elas podem achar que estão protegidas e acabam se descuidando das medidas de controle. Consultamos a Opas [Organização Pan-Americana da Saúde] e foi confirmado para nós que não há nenhum ensaio clínico que demonstre a eficácia de um remédio homeopático contra a dengue", afirma Megid.

Outro lado

O secretário da Saúde de Rio Preto, Arnaldo Mello, definiu a ação anunciada pela vigilância de "truculenta". "Não vejo legitimidade alguma para eles entrarem nas minhas unidades de saúde. Não vou permitir isso, não com essa posição fascista."

Mello afirmou que soube do anúncio da interdição dos remédios por meio da imprensa. "Ninguém me comunicou nada." Segundo ele, o município tem gestão plena da saúde e publicou portarias e protocolos sobre o tratamento alternativo da dengue com homeopatia.

"Jamais anunciamos cura ou vacina. É uma prática alternativa e opcional. Não abandonamos nem a prevenção e nem o tratamento tradicional da doença." A cidade tem 867 casos confirmados de dengue.

Mello diz que anteontem publicou uma portaria restringindo a distribuição do remédio apenas às pessoas com sintomas da dengue, seguindo orientação da vigilância estadual. "É um medicamento muito barato e sem efeitos colaterais."

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