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11/05/2007 - 09h26

Quase extinta, malária ressurge em São Paulo

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JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
da Folha de S.Paulo

Doença normalmente associada aos grotões do país, a malária sofreu uma explosão de casos entre o último trimestre de 2006 e março na cidade de São Paulo. No período, foram confirmados 67 casos, contra seis de 1990 até o terceiro trimestre do ano passado.

Além de São Paulo, houve transmissão de casos (chamados autóctones) neste ano em apenas outras cinco cidades do Estado --Bertioga, Juquitiba, Mogi-Guaçu, Pariquera-Açu e Rifaina. Em 2007, houve um caso em cada uma delas.

Duas hipóteses, levantadas por especialistas no assunto e pela Secretaria de Estado da Saúde, explicam o aumento. A primeira é desmatamento, que leva as pessoas a entrar em contato com o mosquito transmissor --a zona sul da cidade de São Paulo, local onde se concentram os casos, é a principal região de mata da cidade e alvo de ocupações irregulares.
A outra explicação cogitada é a melhoria do sistema de notificações do problema.

Zona sul

Desde a década de 90, o recorde de doenças foi registrado em 1986, quando houve 75 confirmações. Com exceção do ano passado, não havia mais de 30 casos no Estado desde 1993.

O foco em São Paulo foi descoberto no final de 2006 pela Secretaria Municipal de Saúde. Na época, um grupo foi acampar nas matas de Marsilac (zona sul), dentro da serra do Mar, e voltou com sintomas, como febre, dor de cabeça e calafrios.

Nas formas mais leves, quando a infecção se dá de maneira branda, podem ocorrer casos em que o doente jamais apresenta o sintoma. A exemplo da dengue, a transmissão da malária ocorre quando um mosquito pica um portador da doença e depois ataca a pessoa sadia.

Como a serra é considerada região endêmica do mosquito transmissor da malária, a secretaria e a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) fizeram uma busca para rastrear todos os casos suspeitos da doença.

Em cerca de seis meses, foram encontrados os 67 casos, todos da forma mais branda da malária, provocada pelo Plasmodium vivax, em que o período de incubação (após a picada) vai de oito a 30 dias. Os sintomas se prolongam por, em média, duas semanas.

Os casos de malária em São Paulo não são motivo para alarme, diz a diretora do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica) da Secretaria de Estado da Saúde, Cilmara Polido da Silva. Segundo ela, não houve registro de morte nem de casos mais graves da doença.

"Esses registros não podem ser considerados um problema de saúde pública, como ocorre com a dengue", disse Cilmara.

O risco maior é para mulheres grávidas, pois a malária pode representar risco de vida tanto para a mãe como para o feto, principalmente se o diagnóstico for tardio, pois o tratamento deve ser iniciado logo após os primeiros sintomas.

O médico infectologista Luiz Jacintho da Silva, ex-superintendente da Sucen, afirma que o número de casos pode ser maior, pois os médicos do Estado não dispõem, na maioria das vezes, de treinamento adequado para realizar o diagnóstico.

Esse mesmo problema já havia sido apontado em um trabalho divulgado em agosto de 2006 pelo CVE. Na maioria das vezes, o exame de laboratório só é pedido quando o paciente relata ter ido a um local em que a doença é endêmica. "Um sobrinho meu ficou duas semanas pensando estar com dengue. Era malária, que ele havia adquirido em São Sebastião [litoral norte de SP]", disse.

Prevenção

A diretora do CVE afirma que praticamente não há como prevenir a malária a não ser detectando rapidamente os casos e fornecendo tratamento adequado aos doentes.

Há risco de o parasita ficar alojado no corpo e voltar à corrente sangüínea, reiniciando o ciclo de transmissão.

Para se prevenir contra a malária é necessário evitar matas fechadas entre o entardecer e a madrugada e, em trilhas, usar roupas e repelentes que dificultem picadas de insetos.

Especial
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