14/11/2000 - 18h17

Vereador de SP diz que faz indicações para cargos há 18 anos

FABIANE LEITE
da Folha Online

O vereador paulistano Wadih Mutran (PPB), um dos membros da "tropa de choque" do prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PTN), disse que faz indicações de pessoas para cargos na prefeitura há 18 anos, desde sua primeira legislatura.

Mutran é um dos 28 vereadores que deve ser convidado pela polícia a prestar esclarecimentos sobre supostas indicações de funcionários fantasmas na empresa municipal Anhembi Turismo e Eventos.

"Faço há 18 anos e isso (denúncias de irregularidades) nunca aconteceu", afirmou o vereador hoje após sessão na Câmara Municipal.

O vereador, no entanto, diz que não vê irregularidades nas indicações. Ele afirmou ter fornecido "para cima de 150" cartas de recomendação de cargos. "Se a pessoa foi contratada ou não eu não sei", afirmou. "Isto existe e é normal", disse.

"Fazer política é fazer tudo. Não entendo como fisiologismo. Se fazer política é só vir ao plenário, basta uma vez por semana, à noite e sem salário", afirmou ainda o vereador.

Para Mutran, a responsabilidade sobre a verificação do comparecimento dos funcionários do trabalho é da Anhembi.

Segundo o vereador, as indicações "às vezes ajudam e às vezes podem atrapalhar."

Mutran disse ter cópia de todas as cartas e disse que levará tudo à polícia.

O presidente da Câmara Municipal, Armando Mellão Neto (PMDB), outro que deve ter de dar explicações à polícia sobre indicações na Anhembi, disse que não tem relações com a empresa. "Meu relacionamento se resume a ir ao Salão do Automóvel", disse.

Mellão Neto, no entanto, também não nega ter feito indicações para cargos por meio de cartas de apresentação. "Carta de apresentação é o que mais se faz na vida pública."

Para o peemedebista, no entanto, ao vereador não compete verificar se os indicados trabalharam ou não. "Isto é coisa para a diretoria (da Anhembi)."

Jooji Hato e Antônio Goulart, colegas de partido de Mellão Neto, disseram ter ficado surpresos com a notícia de que serão chamados pela polícia para falar sobre as indicações. "Eu não fiz indicações", disse Goulart. O vereador disse que são atribuídas a ele indicações feitas quando ele ainda não tinha relações com o governo. "Faço questão de ir à polícia", afirmou.

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