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16/11/2000 - 19h26

Desempregado acusa prestadora de serviços da CEF de BH de racismo

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RANIER BRAGON
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O desempregado Bruno Santos Alves, 19, deu entrada com reclamação no Ministério do Trabalho, em Belo Horizonte, afirmando que foi discriminado racialmente por uma empresa que presta serviços à CEF (Caixa Econômica Federal).

Segundo Alves, ele fez teste na Avasp Serviços _que atua em setores de compensação do banco_ no início do mês. No dia 9, começou a trabalhar como autenticador de uma agência da CEF em Venda Nova, região norte da cidade.

Poucas horas depois de começar no emprego, Alves afirmou que uma funcionária da Avasp, de nome Solange, apareceu na agência dizendo que o contrato recém-firmado seria rompido pois teriam descoberto que Alves estava com o nome inscrito na Serasa (cadastro de devedores dos bancos).

Além disso, de acordo com o desempregado, a funcionária da Avasp teria dito a ele que a agência da CEF preferia trabalhar com pessoas de "pele mais clara" e que Alves, que é negro, poderia ser discriminado se insistisse em permanecer no emprego.

O desempregado afirmou que foi embora e posteriormente ligou para a funcionária, tendo gravado a conversa. A funcionária da Avasp teria, segundo o desempregado, repetido todos os argumentos da empresa para justificar o rompimento.

Até as 18h de hoje, porém, o desempregado não havia apresentado a fita ou cópias dela ao Ministério do Trabalho ou aos órgãos de imprensa _entre eles, a Folha, que Alves procurou para fazer a denúncia.

Até o momento, o desempregado e representantes da empresa estavam reunidos no Ministério do Trabalho, em Belo Horizonte, em audiência que procurava esclarecer a história.

A assessoria de imprensa da CEF em Belo Horizonte informou que o caso, se realmente tiver ocorrido, afeta apenas a empresa de terceirização e o contratado.

Segundo o assessor João Batista Melo, a Caixa não deu nenhuma orientação racista às empresas que prestam serviço. Ele disse que vários negros trabalham no banco, inclusive como gerentes. "Mais de uma pessoa negra trabalha na agência em que o rapaz tentava a vaga", afirmou.

A direção da Avasp se manifestou por meio de um fax assinado pelo diretor Gilcênio Marcos Gomes Gil. Segundo ele, a empresa "jamais estipulou ou tolerou, em tempo algum, critério de seleção que importasse em preconceito de raça, cor, etnia, religião ou qualquer outra forma de discriminação".

Gil afirma que Alves não obteve a vaga porque não preencheu "requisitos necessários ao cargo em questão, tendo fornecido dados errados em sua ficha de inscrição e apresentado diversas restrições cadastrais".

A Constituição Federal estabelece que a "prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível". No começo do mês, a Justiça mineira determinou que um gerente administrativo indenizasse em R$ 12 mil o "flanelinha" Hélio Rubens de Paula, 23, por tê-lo chamado de "preto sujo", durante uma partida de futebol.
 

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