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19/11/2000 - 09h12

Técnica evolui e trata mais tipos de tumores

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da Folha de S.Paulo

Transplante de medula é uma forma de tratamento que a medicina dispõe para alguns tipos de câncer, quando o organismo do paciente atingiu o limite da quimioterapia, o coquetel de drogas que matam as células tumorais e que são catalogadas em centenas de protocolos internacionais.

"Teoricamente, se multiplicarmos a dose de quimioterapia por 100, curamos todos os pacientes, mas também matamos todos", diz o oncologista Rene Gansl.

Como driblar o impasse? Com o chamado transplante autólogo (da própria pessoa), uma técnica muito refinada que se baseia nas chamadas células-mãe, produtoras da medula óssea.

O que o médico faz: dá ao paciente um estimulante que aumenta o número de células-mãe que circulam no sangue. Em seguida, o paciente entra numa máquina como se fosse a máquina de diálise de rim. Essa máquina filtra o sangue e retira as células reprodutoras, que são renováveis no corpo humano.

As células são guardadas na geladeira, enquanto o paciente é submetido a uma quimioterapia em geral em doses 30 vezes maiores do que o usual.

Mata-se a doença e a medula óssea do paciente. O médico, então, pega as células progenitoras que ficaram guardadas na geladeira e as devolve ao sangue para, com a circulação, formarem uma nova medula.

Vários tipos de câncer estão sendo tratados dessa forma, como linfomas, alguns tipos de leucemia, mieloma múltiplo (tumor que compromete os ossos). Outros são destruídos com o mesmo procedimento, só que utilizando células progenitoras de outra pessoa, o chamado transplante alogênico, que trata inclusive as leucemias agudas.

Atualmente também vem sendo utilizado o minitransplante para tumores sólidos, ou seja, que não são as leucemias.

É uma técnica que permite que células imunológicas do doador combatam o câncer do paciente receptor.

A tecnologia evoluiu tanto que, em alguns casos, os transplantes podem ser feitos na clínica (os autólogos), e não no hospital, dependendo da idade do paciente e do tipo de câncer.

Em nenhuma das alternativas disponíveis, porém, o paciente transplantado é submetido às tradicionais medidas de isolamento que o colocam praticamente dentro de uma bolha.

Outra novidade: no transplante de medula em crianças está sendo usado, em alguns casos específicos, o cordão umbilical como fonte doadora. Cogita-se até a criação de um banco de doação tipo banco de sangue para proporcionar o uso mais frequente desse recurso.

Radioterapia

A radioterapia também avançou rapidamente nos últimos anos. Hoje, graças às novas tecnologias que integram imagens diagnósticas de qualidade (como tomografia, ultra-sonografia e ressonância magnética) e sistemas de planejamento tridimensionais que integram essas imagens, o tratamento não atinge as células normais que estão ao redor de um tumor.

O médico João Victor Salvajoli, coordenador da radioterapia do Hospital Albert Einstein e do Hospital do Câncer de São Paulo, diz que o recurso de modular a intensidade do foco de radiação é completamente novo.

É o recurso do software agregado ao sistema de planejamento tridimensional, agregado a uma máquina de tratamento da imagem de última geração e ao sistema de colimador minimultibarras.

Parece complicado? É mesmo, mas o resultado prático dessa combinação de tecnologia de ponta permite ao médico levar o feixe de radiação direto ao tumor, protegendo as estruturas sadias.

Sem toda essa parafernália tecnológica, um paciente com câncer na próstata, por exemplo, recebia a radiação também na bexiga e no reto, provocando um sofrimento ainda maior.

No tratamento de tumores no cérebro e no pescoço, a radioterapia provocava uma secura na boca para o resto da vida. Com os novos recursos, o médico consegue proteger da radiação as glândulas salivares.

Agora, cada vez com mais frequência, o câncer de próstata vem sendo tratado com a radiologia interna, que nasceu no início do século, mas só se aprimorou recentemente, podendo até ser incluída entre os novos tratamentos contra a doença.

O radioterapeuta e o físico escolhem o melhor isótopo radioativo (césio, rádio e irídio são isótopos) e plantam suas "sementinhas" no corpo do paciente. Ele dorme no hospital e sai no dia seguinte.

O isótopo usado em casos de próstata é o iodo 125, que tem vida curta, o que permite que seja colocado e não seja retirado -ele desaparece em seis meses. Chama-se braquiterapia a radioterapia interna e também pode ser usada em alguns casos de câncer na mama e de colo uterino.

Um físico participando de um tratamento de câncer? "O importante é a multidisciplinaridade, a reunião de conhecimentos e experiências: os profissionais se integram e decidem a melhor forma de tratar", diz Salvajoli.

Ou seja, a forma capaz de salvar pessoas supostamente condenadas à morte -que, aos 9 ou 90 anos, é sempre precoce, com ou sem câncer.


 

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