Publicidade
Publicidade
19/11/2000
-
10h24
FLÁVIA DE LEON
da Folha de S.Paulo
Mais de 900 telefonemas e uma ameaça velada de processo judicial foi o resultado obtido pelo pesquisador Fábio Lopes Olivares, do Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), ao repassar uma mensagem eletrônica que avisava do perigo de contrair leptospirose por meio de lata de bebidas.
"Recebi a mensagem, não lembro de quem, e a repassei para dez ou 15 amigos, como repassaria qualquer outra mensagem", contou ele à Folha.
Como é pesquisador e usa o correio eletrônico como ferramenta de trabalho, Olivares personalizou sua caixa de mensagens.
Cada vez que envia um texto, seu nome, qualificação profissional, endereço e telefone aparecem no final da mensagem, o que provocou a confusão sobre a autoria do texto, até hoje desconhecida.
A mensagem, que invadiu a Internet e continua circulando, é falsa. O texto alerta: "Toda vez que comprar uma lata de refrigerante, tome o cuidado de lavar a parte de cima com água corrente e sabão e, se for possível, use canudo. Uma amiga da família morreu depois de beber uma soda em lata".
A frase seguinte diz que a "amiga da família" não limpou a parte superior da lata antes de beber e ela estaria suja com urina de rato seca, "que contém substâncias tóxicas e letais, inclusive leptospiras, causadoras de leptospirose".
A mensagem diz ainda que alimentos e bebidas enlatadas ficam guardadas em armazéns que "geralmente estão infestados de roedores e posteriormente são transportadas para as lojas de venda sem a devida limpeza".
A conotação final de credibilidade está no último parágrafo: o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) teria comprovado em pesquisa que a "tampa da latinha de refrigerante é mais suja que banheiro público". "Segundo essa pesquisa, a quantidade de vermes e bactérias era tão intensa que eles sugeriam que se lavasse a tampa da latinha com água e sabão" é a frase final.
Ao tomar conhecimento do texto, a Abal (Associação Brasileira de Alumínio) entrou em contato com o pesquisador. "Recebi uma carta em que eles ameaçavam me processar. Tive de enviar carta pessoal e da universidade para a Abal", disse Olivares.
A carta de Olivares está no site da Abal, assim como uma declaração do chefe de gabinete da presidência do Inmetro, Carlos Eduardo Vieira Camargo, de que o instituto "não realizou nenhuma análise em latas de refrigerantes com a finalidade de medir níveis de vermes e bactérias".
Da confusão, o professor tirou uma lição: não repassa mais e-mails aleatoriamente. "Não passo mais nada para a frente, nem campanhas pedindo ajuda para tratamento de câncer. Sei que é para o bem. Mas, e se for falsa?"
A infecção de leptospirose pela latinha não é o primeiro e não será o último boato divulgado via e-mail. Recentemente, uma mensagem divulgou a informação falsa de que livros de geografia usados em escolas norte-americanas mostravam o mapa do Brasil sem a Amazônia e o Pantanal.
A mensagem dizia que os mapas adulterados seriam uma prova da intenção dos EUA de internacionalizar as reservas naturais brasileiras. Acabou gerando mal-estar entre os dois países e levando diplomatas de ambos a divulgar manifestações de desmentido.
Boato da leptospirose em latinha de alumínio invade a Internet
Publicidade
da Folha de S.Paulo
Mais de 900 telefonemas e uma ameaça velada de processo judicial foi o resultado obtido pelo pesquisador Fábio Lopes Olivares, do Centro de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), ao repassar uma mensagem eletrônica que avisava do perigo de contrair leptospirose por meio de lata de bebidas.
"Recebi a mensagem, não lembro de quem, e a repassei para dez ou 15 amigos, como repassaria qualquer outra mensagem", contou ele à Folha.
Como é pesquisador e usa o correio eletrônico como ferramenta de trabalho, Olivares personalizou sua caixa de mensagens.
Cada vez que envia um texto, seu nome, qualificação profissional, endereço e telefone aparecem no final da mensagem, o que provocou a confusão sobre a autoria do texto, até hoje desconhecida.
A mensagem, que invadiu a Internet e continua circulando, é falsa. O texto alerta: "Toda vez que comprar uma lata de refrigerante, tome o cuidado de lavar a parte de cima com água corrente e sabão e, se for possível, use canudo. Uma amiga da família morreu depois de beber uma soda em lata".
A frase seguinte diz que a "amiga da família" não limpou a parte superior da lata antes de beber e ela estaria suja com urina de rato seca, "que contém substâncias tóxicas e letais, inclusive leptospiras, causadoras de leptospirose".
A mensagem diz ainda que alimentos e bebidas enlatadas ficam guardadas em armazéns que "geralmente estão infestados de roedores e posteriormente são transportadas para as lojas de venda sem a devida limpeza".
A conotação final de credibilidade está no último parágrafo: o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) teria comprovado em pesquisa que a "tampa da latinha de refrigerante é mais suja que banheiro público". "Segundo essa pesquisa, a quantidade de vermes e bactérias era tão intensa que eles sugeriam que se lavasse a tampa da latinha com água e sabão" é a frase final.
Ao tomar conhecimento do texto, a Abal (Associação Brasileira de Alumínio) entrou em contato com o pesquisador. "Recebi uma carta em que eles ameaçavam me processar. Tive de enviar carta pessoal e da universidade para a Abal", disse Olivares.
A carta de Olivares está no site da Abal, assim como uma declaração do chefe de gabinete da presidência do Inmetro, Carlos Eduardo Vieira Camargo, de que o instituto "não realizou nenhuma análise em latas de refrigerantes com a finalidade de medir níveis de vermes e bactérias".
Da confusão, o professor tirou uma lição: não repassa mais e-mails aleatoriamente. "Não passo mais nada para a frente, nem campanhas pedindo ajuda para tratamento de câncer. Sei que é para o bem. Mas, e se for falsa?"
A infecção de leptospirose pela latinha não é o primeiro e não será o último boato divulgado via e-mail. Recentemente, uma mensagem divulgou a informação falsa de que livros de geografia usados em escolas norte-americanas mostravam o mapa do Brasil sem a Amazônia e o Pantanal.
A mensagem dizia que os mapas adulterados seriam uma prova da intenção dos EUA de internacionalizar as reservas naturais brasileiras. Acabou gerando mal-estar entre os dois países e levando diplomatas de ambos a divulgar manifestações de desmentido.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Sem PM nas ruas, poucos comércios e ônibus voltam a funcionar em Vitória
- Sem-teto pede almoço, faz elogios e dá conselhos a Doria no centro de SP
- Ato contra aumento de tarifas termina em quebradeira e confusão no Paraná
- Doria madruga em fila de ônibus para avaliar linha e ouve reclamações
- Vídeos de moradores mostram violência em ruas do ES; veja imagens
+ Comentadas
- Alessandra Orofino: Uma coluna para Bolsonaro
- Abstinência não é a única solução, diz enfermeira que enfrentou cracolândia
+ EnviadasÍndice