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22/11/2000 - 04h55

Aumenta favelização de Copacabana

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FERNANDA DA ESCÓSSIA, da Folha de S.Paulo

Bairro mais famoso do Brasil, Copacabana, a "princesinha do mar" cantada pela bossa nova, foi a região da cidade do Rio em que a população favelada mais cresceu entre 1991 e 1996.

Segundo dados do Anuário Estatístico da Cidade do Rio de Janeiro, a população vivendo em favelas na região administrativa de Copacabana aumentou 59,76% (de 8.621 moradores em 1991 para 13.773 em 1996). A região administrativa inclui os bairros de Copacabana e Leme (zona sul).

No mesmo período, a população total da região diminuiu 0,5%. Em toda a cidade, a população de favelas cresceu 7,93%, enquanto a população total cresceu 1,29%.

Os dados do anuário se baseiam no Censo do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 1991 e na contagem populacional realizada pelo órgão em 1996.

O fenômeno do aumento da população favelada é associado, segundo alguns especialistas, à busca do mercado de trabalho, à falta de local de moradia adequado e à degradação do bairro.

"Esse fenômeno se associa até a questões nacionais, como a falta de uma política firme de geração de emprego. O bairro também passou por um processo grande de especulação imobiliária e é hoje um centro de turismo sexual", afirma o arquiteto Jorge Mário Jáuregui, um especialista em urbanização de favelas.

Jáuregui está conduzindo o processo de urbanização da favela Rio das Pedras (zona oeste) para a Prefeitura do Rio, num projeto premiado internacionalmente. Ele destaca também o processo de crescimento das favelas na Barra da Tijuca e em toda a zona oeste.

De fato, depois de Copacabana, o maior aumento da população de favelas foi na região de Campo Grande (zona oeste), onde o número de favelados cresceu 34,96% (de 24.940 pessoas em 1991 para 33.659 em 1996).

Em Copacabana, a maior explosão populacional aconteceu no morro do Pavão-
Pavãozinho, onde o número de moradores pulou de 3.026 pessoas em 1991 para 8.288 em 1996.

Este ano, o Pavão-Pavãozinho foi cenário de uma das manifestações mais
violentas da cidade, quando moradores desceram o morro para protestar contra mortes em ações policiais. Ônibus foram queimados e carros foram apedrejados.

Os índices de criminalidade na região, porém, são considerados baixos: em outubro, por exemplo, não houve nenhum homicídio.

A diretora do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (órgão que
lançou o Anuário), Annie Facó, diz que os dados não absorveram ainda o impacto do Favela Bairro, projeto iniciado pela Prefeitura do Rio em 1995 para urbanização de favelas.

Segundo Facó, os dados podem ser reflexo também de uma fragilidade do
controle urbanístico no período. Para ela, o aumento da população favelada não pode ser considerado necessariamente um empobrecimento do bairro.

Para o antropólogo Gilberto Velho, que escreveu sobre a vida em Copacabana no livro "A Utopia Urbana", o aumento da população de favelas está ligado à procura do mercado do trabalho, já que as pessoas precisam morar perto de onde trabalham.

"Copacabana tem desde sempre uma tradição democrática. Sempre houve no bairro uma coexistência de setores de elite com setores mais pobres. E a apoteose disso é o réveillon, o famoso réveillon de Copacabana", afirma.
 

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