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06/12/2000
-
20h17
VALÉRIA DE OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O narcotráfico financia a conservação de alguns aeroclubes e de pistas de pouso em São Paulo. Essa é uma das conclusões da CPI do Narcotráfico que consta no relatório final, aprovado na madrugada de hoje na Câmara.
No relatório estão listados 84 indiciamentos no capítulo destinado ao Estado. Alguns nomes são repetidos. É o caso de Ari Natalino da Silva, acusado de narcotráfico e crime organizado.
De acordo com denúncias anônimas recebidas pela comissão, se houvesse fiscalização nessas pistas seria possível verificar a utilização delas pelo narcotráfico.
A comissão constatou que existem, em todo o Estado de São Paulo, pequenos aeroportos e pistas autorizadas ou clandestinas muitas vezes mantidas por narcotraficantes. Elas permitem o "trânsito das aeronaves sem controle por parte dos órgãos fiscalizadores", segundo relatório.
Rota principal
O documento considera São Paulo um dos principais "ou o principal local de rota, apoio, distribuição e consumo de drogas do país". Isso se deve, no entendimento da CPI, à localização, à riqueza e à topografia do Estado.
"Para qualquer parte do país e do mundo, o traficante tem rodovias, aeroportos e portos", diz o relatório, que cita também "a vantagem dos canaviais para arremessar a droga e pistas oficiais sem nenhum controle ou clandestinas, que até parecem que foram feitas sob encomenda."
Os deputados concluíram que é comum nas regiões de Presidente Prudente, Marília e São José do Rio Preto drogas serem arremessadas em plantações de milho, cana e laranja. Dali, são transportadas para as grandes cidades.
Segundo a CPI, 14 municípios foram identificados como os maiores focos de narcotráfico no Estado. Além delas, o relatório cita a Baixada Santista, o Vale do Paraíba e o litoral norte. Os traficantes consideram o Estado "propício" para a passagem da droga que é mandada para a Europa e para os Estados Unidos.
Segundo o relatório, a cocaína consumida em São Paulo vem da Colômbia e da Bolívia, onde é comprada por R$ 1.000 a R$ 1.500 o quilo e vendida por até R$ 6.000 o quilo. Esse tipo de tráfico, afirma o relatório, é feito por pessoas sem perfil violento e de bom nível cultural, escondidas por empresas de fachada.
O documento diz que o dinheiro do tráfico é investido em agências de automóveis, empreendimentos imobiliários e firmas prestadoras de serviços.
A cocaína é mandada para o Brasil em consignação, segundo o relatório, porque os produtores não querem receber o dinheiro na Colômbia ou na Bolívia. Preferem recebê-lo e proceder a lavagem dele no Brasil. A CPI sugere a adoção no país de uma legislação que não permita a entrada de dólares sem procedência.
Campinas mereceu um relatório à parte. Nele, são apresentados os resultados das duas visitas da CPI à cidade e as investigações feitas após as denúncias do motorista de caminhão Jorge Meres.
O caminhoneiro disse aos deputados que a quadrilha liderada pelo empresário foragido William Sozza tinha ramificações em todo o país e que dela participavam o deputado cassado Hildebrando Pascoal, o deputado Augusto Farias (PPB-AL) e o deputado estadual do Maranhão José Gerardo, que também teve o mandato cassado por seu envolvimento com o tráfico de drogas.
Tráfico financia aeroportos em São Paulo, diz CPI
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
O narcotráfico financia a conservação de alguns aeroclubes e de pistas de pouso em São Paulo. Essa é uma das conclusões da CPI do Narcotráfico que consta no relatório final, aprovado na madrugada de hoje na Câmara.
No relatório estão listados 84 indiciamentos no capítulo destinado ao Estado. Alguns nomes são repetidos. É o caso de Ari Natalino da Silva, acusado de narcotráfico e crime organizado.
De acordo com denúncias anônimas recebidas pela comissão, se houvesse fiscalização nessas pistas seria possível verificar a utilização delas pelo narcotráfico.
A comissão constatou que existem, em todo o Estado de São Paulo, pequenos aeroportos e pistas autorizadas ou clandestinas muitas vezes mantidas por narcotraficantes. Elas permitem o "trânsito das aeronaves sem controle por parte dos órgãos fiscalizadores", segundo relatório.
Rota principal
O documento considera São Paulo um dos principais "ou o principal local de rota, apoio, distribuição e consumo de drogas do país". Isso se deve, no entendimento da CPI, à localização, à riqueza e à topografia do Estado.
"Para qualquer parte do país e do mundo, o traficante tem rodovias, aeroportos e portos", diz o relatório, que cita também "a vantagem dos canaviais para arremessar a droga e pistas oficiais sem nenhum controle ou clandestinas, que até parecem que foram feitas sob encomenda."
Os deputados concluíram que é comum nas regiões de Presidente Prudente, Marília e São José do Rio Preto drogas serem arremessadas em plantações de milho, cana e laranja. Dali, são transportadas para as grandes cidades.
Segundo a CPI, 14 municípios foram identificados como os maiores focos de narcotráfico no Estado. Além delas, o relatório cita a Baixada Santista, o Vale do Paraíba e o litoral norte. Os traficantes consideram o Estado "propício" para a passagem da droga que é mandada para a Europa e para os Estados Unidos.
Segundo o relatório, a cocaína consumida em São Paulo vem da Colômbia e da Bolívia, onde é comprada por R$ 1.000 a R$ 1.500 o quilo e vendida por até R$ 6.000 o quilo. Esse tipo de tráfico, afirma o relatório, é feito por pessoas sem perfil violento e de bom nível cultural, escondidas por empresas de fachada.
O documento diz que o dinheiro do tráfico é investido em agências de automóveis, empreendimentos imobiliários e firmas prestadoras de serviços.
A cocaína é mandada para o Brasil em consignação, segundo o relatório, porque os produtores não querem receber o dinheiro na Colômbia ou na Bolívia. Preferem recebê-lo e proceder a lavagem dele no Brasil. A CPI sugere a adoção no país de uma legislação que não permita a entrada de dólares sem procedência.
Campinas mereceu um relatório à parte. Nele, são apresentados os resultados das duas visitas da CPI à cidade e as investigações feitas após as denúncias do motorista de caminhão Jorge Meres.
O caminhoneiro disse aos deputados que a quadrilha liderada pelo empresário foragido William Sozza tinha ramificações em todo o país e que dela participavam o deputado cassado Hildebrando Pascoal, o deputado Augusto Farias (PPB-AL) e o deputado estadual do Maranhão José Gerardo, que também teve o mandato cassado por seu envolvimento com o tráfico de drogas.
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