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07/12/2000 - 05h47

Moradores destroem 2 ônibus em protesto contra assassinato

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do Agora São Paulo

Familiares e moradores da favela Alba acusam dois policiais militares de matar o menor G.S.J.. Indignados, tentaram interditar a rua que corta a favela. Usando armas, fizeram com que os motoristas parassem os ônibus, expulsaram todos os passageiros e depois quebraram os veículos.

O menor G.S.J. foi morto por volta das 23h30 de anteontem numa viela da rua Alba, que dá nome à favela, na Vila Santa Catarina (zona sul).

O cabo José Vladimir Barbosa e o soldado Marcos José Vicente, ambos da
1ª Companhia do 3º Batalhão, faziam patrulhamento pelo local.

De acordo com boletim de ocorrência registrado no 35º DP (Jabaquara) pelo delegado Bernardo Zaramella, os PMs desconfiaram de G.S.J. e de outro menor que estaria acompanhando a vítima.

Os menores estariam armados e correram quando viram os policiais. Barbosa e Vicente foram atrás deles. Segundo o boletim, ao chegarem numa viela os menores teriam atirado contra os PMs. O cabo Barbosa revidou e acertou dois tiros em G.S.J., um na perna e outro na cabeça. O outro menor teria conseguido fugir.

G.S.J. foi levado pelos PMs ao hospital Jabaquara, mas não resistiu. Uma pistola calibre 380 milímetros foi apreendida. Segundo os PMs, a arma estava com o menor.

Familiares e moradores da favela Alba não se conformaram com a morte do adolescente. Por volta das 13h30 de ontem, um grupo armado parou primeiro um ônibus da viação Paratodos, que fazia a linha Jardim Luso - Metrô Conceição.

Depois interceptaram um ônibus da viação Bola Branca, linha Jardim Novo Horizonte -Metrô Jabaquara. Motoristas e passageiros foram obrigados a sair do ônibus e correr.

Os manifestantes fecharam a rua Alba, colocando os ônibus atravessados na pista e os depredaram. Também queimaram pneus e madeiras. A PM foi acionada e três horas depois do início do protesto normalizou o trânsito na rua. Ninguém foi preso.

"Eu vi toda a ação dos PMs. G.S.J. foi executado, não estava armado. Ninguém ficaria revoltado de bobeira", disse a moradora Maria da Conceição, 29 anos. "Queremos apenas justiça. Alguém tem que pagar por isso", disse Marina Silva, 36 anos, tia do menor.

"Não sei se estava armado, mas também não era nenhum santinho", falou um morador que não quis se identificar.

O garoto tinha passagem pela Febem por roubo de carro. G.S.J. tinha uma namorada de 16 anos, que está grávida de três meses. Segundo a família, ele trabalhava com o pai vendendo doces.
(Luciano Cavenagui)
 

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