06/01/2001 - 09h54

Ilha de 15 mil serpentes em Itanhaém (SP) fascina mergulhadores

GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL AO LITORAL SUL

Mar pródigo em animais e naufrágios, ótimas ondas para surfar e praias calmas para velejar.

A variedade de locais para a prática de esportes náuticos pode não ser tão vasta como no litoral norte, mas a qualidade e a beleza das poucas opções recompensarão o turista que procurar esse tipo de entretenimento no litoral sul.

A cerca de 30 km da costa de Itanhaém, por exemplo, fica a ilha da Queimada Grande, local de águas límpidas muito procurado por mergulhadores, mas que costuma assustar os turistas pelo estigma que carrega.

Conhecida como ilha das Cobras, Queimada Grande abriga cerca de 15 mil serpentes da espécie jararaca ilhoa, capaz de fulminar em poucos minutos quem se aventurar a botar os pés na mata.

"Mas elas não entram no mar", afirma o biólogo Moacyr Teofilo Figueiredo, que frequenta o local há 20 anos e considera a ilha a melhor opção para mergulho nessa região do litoral sul.

"A visibilidade sempre é ótima, e é comum encontrar tartarugas, arraias, polvos e lagostas", diz Figueiredo.

Naufrágios

O biólogo afirma que os dois naufrágios que aconteceram próximos à ilha _do cargueiro Tocantins, de 116 metros, que afundou em 1933, e do Rio Negro, do qual restaram apenas as caldeiras_ servem como atrativo turístico e ajudam a aumentar a vida marinha do local.

"O abrigo que os navios oferecem ajudou a criar um ecossistema na região", diz.

Além de Queimada Grande, o Parcel Dom Pedro, em Mongaguá, a ilha do Guarau, em Peruíbe, e a Laje da Conceição, em Itanhaém, são outros pontos propícios à prática do mergulho.

Porém, segundo o instrutor José Carlos Ferreira, que mergulha na região há 25 anos, é preciso tarimba para frequentar esses locais.

"Mergulhar naqueles pontos exige mais preparo físico, já que se fica à mercê da correnteza, que em Queimada Grande é bloqueada pela ilha", diz Ferreira.

Ondas de qualidade

O formato do litoral sul não favorece, mas alguns acidentes geográficos e a posição de certas construções tornaram algumas praias boas para praticar surfe.

"O litoral sul é pouco recortado, o que dificulta a chegada de diferentes ondulações. Mas existem alguns locais próximos às ilhas e construções que são excelentes para surfar", afirma Sérgio Gadelha, diretor técnico da Associação Paulista de Surfe.

Um deles é o píer de Mongaguá, "o melhor lugar para surfe no litoral sul", segundo Luiz Cesar da Silva, o Morcego, presidente da Associação de Surfe de Itanhaém, praticante do esporte há 20 anos.

"As plataformas do píer seguram a correnteza, impedindo que ela leve os bancos de areia, que garantem boas ondas", diz.

Morcego explica que existem outros locais com boas ondas no litoral sul, como as praias dos Pescadores e do Sonho, em Itanhaém, e Parnapua, Arpoador e Caramborê, em Peruíbe.

Infra-estrutura

As praias do litoral sul são ótimas para andar de lancha, jet-ski ou barco a vela, mas o turista que preferir esse tipo de diversão encontrará alguns entraves.

"Quase 100% das pessoas que conheço procuram velejar no litoral norte, já que no sul, apesar da boa condição do mar, não existe infra-estrutura", declara Carlos Eduardo Sodré, vice-presidente da Associação Paulista de Vela.

O único iate clube da região fica em Itanhaém, mas é exclusivo para sócios e não programa passeios nem aluga barcos.

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