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09/01/2001 - 20h48

Justiça quer afastamento de 2 prefeitos reeleitos no Piauí

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FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

O procurador-geral de Justiça do Piauí, Antonio Ivan e Silva, solicitou à Justiça, no final da tarde de hoje, o afastamento do cargo de dois prefeitos reeleitos: Domingos Bacelar de Carvalho (PMDB), do município de Porto, e Gilberto Leal Barros (PPB), de Bocaina.

Os dois são acusados de falsificação de documentos, uso de notas frias e formação de quadrilhas. A Agência Folha não conseguiu localizá-los hoje.

Ontem, o prefeito de Curralinhos (89 km de Teresina), Hermes Pereira de Araújo Santos (PFL), foi preso após se entregar à Polícia Federal.
Acusado de utilizar notas frias para justificar gastos inexistentes, Santos nega o crime.

Diz que nunca comprou notas falsas e que sempre agiu de boa-fé. Seus advogados querem que ele responda o processo em liberdade.

Crise

A polêmica que envolve a "caça" aos prefeitos e ex-prefeitos acusados de corrupção no Piauí deflagrou uma crise entre o Poder Judiciário e o Ministério Público do Estado.

Acusados de protelar o julgamento de processos envolvendo administradores municipais supostamente envolvidos em corrupção, os 13 desembargadores do TJE (Tribunal de Justiça do Estado) decidiram interpelar hoje dois procuradores.

Eles serão notificados para que apresentem provas sobre a suposta existência de corrupção na Justiça. Segundo a assessoria do TJE, caso isso não aconteça, os procuradores serão processados pelos desembargadores.

Ainda de acordo com o TJE, os procuradores estarão sujeitos à pena de até cinco anos de reclusão e pagamento de indenização de valor ainda não estipulado.

O procurador Afonso Gil Castelo Branco foi o autor das denúncias que deram início às investigações sobre o crime organizado no Piauí.

Castelo Branco afirmou à Agência Folha que não acusou a Justiça de corrupta, mas de estar inerte e de atuar em favor da impunidade.

"Há processos abertos contra prefeitos desde 1989 que ainda não foram julgados." O procurador afirmou que as evidências dispensam a apresentação de provas e que não teme a ameaça de processo porque diz estar "falando a verdade".

"Não quero um confronto com o Judiciário, mas peço que ele dê preferência às ações envolvendo corrupção", disse Castelo Branco. "Mas se quiserem me processar, tudo bem."

O procurador diz que a corrupção no Estado está acobertada por um "braço político". "Os prefeitos são cabos eleitorais, e ninguém quer perder esse apoio."

O Ministério Público do Estado aguarda o envio de dez processos envolvendo prefeitos e ex-prefeitos acusados de desviar dinheiro público por meio de notas fiscais frias. Outros 30 processos estão em poder do Ministério Público Federal.
 

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