11/01/2001 - 22h26

Prefeitura de SP quer pão vitaminado na merenda

da Folha de S.Paulo

A prefeitura quer introduzir o pão francês enriquecido com ferro e vitaminas na merenda escolar neste ano.

Hoje, o secretário municipal do Abastecimento, Jilmar Tatto, reuniu-se com representantes do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo para discutir a viabilização do projeto.

O pão vitaminado é uma forma eficaz de combater a anemia ferropriva, que acomete principalmente crianças de até 3 anos de idade, segundo estudo do pesquisador Mauro Fisberg, do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina).

De acordo pesquisas da OMS (Organização Mundial da Saúde), a anemia ferropriva atinge 51% da população de países em desenvolvimento, como o Brasil.

Este tipo de anemia pode provocar, segundo Fisberg, alterações no crescimento da criança, deficiência no apetite e alteração no desenvolvimento intelectual e psicomotor.

Ele realizou, no ano passado, um teste com o pão vitaminado na escola municipal Frei Damião, no Grajaú (zona sul).

"Em dois meses e meio, conseguimos reduzir a incidência da anemia de 30% dos 440 alunos que participaram para 11,8%", afirma.

O secretário Jilmar Tatto diz que pretende "correr contra o tempo" para introduzir o pão vitaminado na merenda. "As aulas começam no próximo dia 8, e os trâmites da licitação são demorados."

A questão é mais complicada porque o pão tem de ser produzido e consumido no mesmo dia. Logo, dificilmente poderá ser fornecido por uma única empresa. As escolas municipais consomem 1,4 milhões de refeições por dia.

"Provavelmente, dividiríamos a cidade em 50 partes, por exemplo. Cada uma deverá ter dez padarias, que poderiam participar da concorrência, desde que atendessem exigências como capacidade de produção", afirma Tatto.

Mauro Fisberg, que participou da reunião com o secretário, considera "perfeitamente possível" a distribuição do pão francês vitaminado nas escolas.

Segundo ele, o preço do pão vitaminado não difere do pão francês comum, comprado nas padarias, que custa cerca de R$ 0,10.