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14/01/2001 - 10h15

Brasileiro bebe pouca água, dizem médicos

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KÁTIA STRINGUETO
da Folha de S.Paulo

''Água é vital. É mais do que um remédio, porque remédio se usa apenas quando algo não vai bem, e a água é fundamental todos os dias'', diz o clínico-geral Arnaldo Lichtenstein, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Não se trata de fazer a apologia da bebida, mas de reforçar a importância da hidratação. Apesar de não haver estatística confiável, o que inviabiliza a comparação com o que ocorre em outros países, o consumo de água dos brasileiros é baixo.

Especialistas de diversas áreas confirmam a tese. ''Pelo relato dos meus pacientes, 80% ingerem menos de um litro por dia'', afirma Mário Kehdi Carra, clínico-geral e endocrinologista do Hospital das Clínicas de São Paulo.

''O problema é maior entre as mulheres, talvez porque elas não se sentem à vontade para ir a qualquer banheiro e evitam isso bebendo pouco líquido.''

Quanto aos homens, eles têm porcentagem maior de massa muscular, que os faz gastar mais energia e perder mais água. ''Daí a necessidade de a reposição ser maior em relação ao que as mulheres bebem'', diz Lichtenstein.

Independentemente do sexo, há outros motivos que tornam o consumo menor do que o desejável. ''Muita gente diz que não gosta da bebida'', afirma a dermatologista Ediléia Bagatin, da Universidade Federal de São Paulo.

Há ainda um grande número de pessoas que simplesmente esquecem-se de se hidratar por causa do corre-corre da vida moderna. ''Falta criar esse costume'', diz a nutricionista Maria Izabel Lamounier de Vasconcelos, do Hospital Alemão Osvaldo Cruz.

As razões para uma boa dose de hidratação diária são relevantes. O funcionamento dos órgãos depende da saúde das células. Para elas desempenharem bem seu papel, precisam receber alimento: vitaminas, minerais, açúcar e proteínas, por exemplo.

''A água é fundamental porque faz o transporte desses nutrientes e permite a maior parte das reações químicas que mantêm a vida. Em outras palavras, de nada adianta ter esse 'alimento' se não houver um meio de entregá-lo às células'', explica Paulo Sérgio Santos, diretor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo.

Sem líquido, falta matéria-prima para o rim. Como não pode tirar água do organismo para filtrar as toxinas e os sais minerais, o órgão tende a concentrar esse material, aumentando o risco de formação de cálculos renais.

A uréia retida também dificulta a coagulação do sangue, facilitando sangramentos. O prejuízo não pára aí. Ressecado, o tubo digestivo favorece a proliferação de bactérias que levam à diarréia.

Os mais vulneráveis aos efeitos colaterais da carência hídrica são as crianças e os idosos. ''A criança muito pequena não sabe pedir. E, proporcionalmente ao adulto, transpira mais'', afirma Mauro Fisberg, pediatra da Universidade Federal de São Paulo.

Os pais têm de estar sempre oferecendo líquido aos filhos: de 100 ml a 120 ml por quilo de peso, por dia, no primeiro ano de vida, e 70 ml/kg a partir dos dois anos. Nos idosos, o problema é que não funciona mais com a mesma perfeição o mecanismo de alarme que dispara a vontade de beber líquido quando o corpo começa a sofrer pela falta de água.

Uma possível decorrência disso é um estado de confusão mental. Quando a quantidade de água no sangue cai, a pressão diminui e o fluxo de sangue que passa pela cabeça também. ''Com isso, chega pouco oxigênio no cérebro, e a pessoa fica mais lenta e confusa'', diz Lichtenstein.

Se a falta de hidratação causa tantos problemas, o consumo de líquidos previne e alivia vários males. Em geral, recomenda-se a ingestão de dois litros de água por dia. Pode-se incrementar a quota com leite, sucos, chás, sopas ou caldos.

É um cuidado importante, especialmente no verão, quando a transpiração e o risco de diarréia aumentam _os alimentos se decompõem facilmente e podem levar à intoxicação do organismo.

No processo de expulsão das toxinas, o corpo elimina litros de água e se desidrata. A pressão sanguínea diminui, a pessoa se sente fraca e sonolenta. Repor a dose perdida é uma forma de restabelecer o equilíbrio.

Tão importante quanto beber água é beber água pura, livre de contaminação. A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) garante água potável até o hidrômetro das casas. A partir daí, a responsabilidade é do morador.

É necessário que se faça a manutenção da caixa d'água a cada seis meses para evitar contaminação. Se a opção for pelas águas minerais, é importante verificar se o produto contém no rótulo o nome da fonte, a localidade, data e número de concessão de lavra, nome e endereço do concessionário, constantes físico-químicas, composição analítica e classificação, além de dados como volume do conteúdo, data do engarrafamento e prazo de validade da bebida.
 

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