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04/02/2001
-
11h44
ROGÉRIO PAGNAN
da Folha de S.Paulo, em Araraquara
MARCELO TOLEDO
Editor-assistente interino da Folha Ribeirão
O comando da Polícia Militar da região recruta policiais "rejeitados" para fazer a segurança nas Penitenciárias de Ribeirão Preto e Araraquara.
São pelo menos 40 homens que fazem a guarda externa dos dois prédios.
Segundo a PM, esses policiais tiveram algum tipo de ato de indisciplina no trabalho nas ruas e, em alguns casos, nem sequer se adaptaram às funções administrativas. Outros têm problemas físicos.
O comando da PM diz que isso ocorre porque falta efetivo na corporação. Embora a polícia não divulgue os números, há cerca de 700 homens nas duas cidades.
Para o comandante da guarda penitenciária de Ribeirão, Luís Henrique Usai, essa conduta não causa perda da qualidade do policiamento.
"Talvez a pessoa não tenha um perfil psicológico adequado para o policiamento comunitário, mas lá na penitenciária _sem contato com o público_ ele é um bom policial."
Usai afirma também que essa política da corporação serve mais para preservar o policial que está estressado com o serviço de rua e evitar que ele seja demitido pelo acúmulo de processos administrativos.
"Hoje ele agride, responde um processo. Amanhã, ele atende mal (uma ocorrência), responde outro procedimento. Dali a pouco está num comportamento inadequado _tem uma classificação de comportamento com relação as punições que ele sofre_, aí ele pode ser submetido a um processo de demissão ou expulsão."
Os policiais que trabalham nessas penitenciárias, por outro lado, vêem essa transferência das ruas para a guarda como um castigo.
"Ninguém gosta de ficar lá no presídio sozinho", disse o soldado Jorge (nome fictício).
Para Jorge, há seis anos na corporação, a maioria da corporação gosta de trabalhar no policiamento motorizado para ter contato com o público.
Na Penitenciária de Araraquara, segundo o comandante da guarda _capitão Nelson Brito dos Santos_, a política é a mesma adotada em Ribeirão.
"É um policial que deu um tapa na cara de alguém na rua ou que não pode dirigir. Essa é a política do batalhão", disse o comandante da guarda da penitenciária.
Santos também afirma que essa prática não torna o policiamento menos eficiente, mas disse, porém, que "não põe a mão no fogo" por seus policiais.
"Eu só ponho a mão no fogo por mim. Nem por minha mãe eu ponho", afirmou ele.
A guarda externa realizada pela PM acontece em todas as penitenciárias do Estado. Quem realiza a segurança interna são agentes penitenciários contratos pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária.
Nova guarda
A Secretaria da Administração Penitenciária estuda a formação de uma guarda formada pela própria secretaria.
A criação dessa guarda é defendida por estudiosos de segurança pública, como o coronel aposentado da Polícia Militar José Vicente da Silva Filho, do Instituto Fernand Braudel.
"Isso seria o mais correto", afirmou.
De acordo com Silva Filho, o policial quando entra na polícia nunca imagina que vai passar seus dias em cima de um muro e isso torna-se um castigo para ele quando acontece.
"O maior castigo dele é ficar sem falar com o público", afirmou ele.
O secretário de Estado da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, não foi encontrado pela Folha entre quarta-feira e anteontem para comentar a situação nas penitenciárias da região de Ribeirão.
No período, a Folha tentou em 12 oportunidades marcar uma entrevista com Furukawa, sem sucesso.
Policiais 'rejeitados' fazem guarda de presídios em SP
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da Folha de S.Paulo, em Araraquara
MARCELO TOLEDO
Editor-assistente interino da Folha Ribeirão
O comando da Polícia Militar da região recruta policiais "rejeitados" para fazer a segurança nas Penitenciárias de Ribeirão Preto e Araraquara.
São pelo menos 40 homens que fazem a guarda externa dos dois prédios.
Segundo a PM, esses policiais tiveram algum tipo de ato de indisciplina no trabalho nas ruas e, em alguns casos, nem sequer se adaptaram às funções administrativas. Outros têm problemas físicos.
O comando da PM diz que isso ocorre porque falta efetivo na corporação. Embora a polícia não divulgue os números, há cerca de 700 homens nas duas cidades.
Para o comandante da guarda penitenciária de Ribeirão, Luís Henrique Usai, essa conduta não causa perda da qualidade do policiamento.
"Talvez a pessoa não tenha um perfil psicológico adequado para o policiamento comunitário, mas lá na penitenciária _sem contato com o público_ ele é um bom policial."
Usai afirma também que essa política da corporação serve mais para preservar o policial que está estressado com o serviço de rua e evitar que ele seja demitido pelo acúmulo de processos administrativos.
"Hoje ele agride, responde um processo. Amanhã, ele atende mal (uma ocorrência), responde outro procedimento. Dali a pouco está num comportamento inadequado _tem uma classificação de comportamento com relação as punições que ele sofre_, aí ele pode ser submetido a um processo de demissão ou expulsão."
Os policiais que trabalham nessas penitenciárias, por outro lado, vêem essa transferência das ruas para a guarda como um castigo.
"Ninguém gosta de ficar lá no presídio sozinho", disse o soldado Jorge (nome fictício).
Para Jorge, há seis anos na corporação, a maioria da corporação gosta de trabalhar no policiamento motorizado para ter contato com o público.
Na Penitenciária de Araraquara, segundo o comandante da guarda _capitão Nelson Brito dos Santos_, a política é a mesma adotada em Ribeirão.
"É um policial que deu um tapa na cara de alguém na rua ou que não pode dirigir. Essa é a política do batalhão", disse o comandante da guarda da penitenciária.
Santos também afirma que essa prática não torna o policiamento menos eficiente, mas disse, porém, que "não põe a mão no fogo" por seus policiais.
"Eu só ponho a mão no fogo por mim. Nem por minha mãe eu ponho", afirmou ele.
A guarda externa realizada pela PM acontece em todas as penitenciárias do Estado. Quem realiza a segurança interna são agentes penitenciários contratos pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária.
Nova guarda
A Secretaria da Administração Penitenciária estuda a formação de uma guarda formada pela própria secretaria.
A criação dessa guarda é defendida por estudiosos de segurança pública, como o coronel aposentado da Polícia Militar José Vicente da Silva Filho, do Instituto Fernand Braudel.
"Isso seria o mais correto", afirmou.
De acordo com Silva Filho, o policial quando entra na polícia nunca imagina que vai passar seus dias em cima de um muro e isso torna-se um castigo para ele quando acontece.
"O maior castigo dele é ficar sem falar com o público", afirmou ele.
O secretário de Estado da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, não foi encontrado pela Folha entre quarta-feira e anteontem para comentar a situação nas penitenciárias da região de Ribeirão.
No período, a Folha tentou em 12 oportunidades marcar uma entrevista com Furukawa, sem sucesso.
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