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07/02/2001 - 20h20

Escotilha aberta ajudou a afundar submarino Tonelero no Natal

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ISABEL CLEMENTE
da Folha de S.Paulo, no Rio

Entre os vários erros que levaram ao naufrágio no Rio do submarino Tonelero S-21 na noite de Natal, um agravou a situação: a escotilha do compartimento de máquinas, que deveria estar fechada durante uma operação de rotina, estava aberta, o que permitiu o rápido alagamento da embarcação.

A conclusão está no inquérito já encaminhado pela Marinha à Justiça Militar. Nove militares estavam de serviço no dia do acidente _um oficial e oito praças.

Em nota oficial, a Marinha afirma que os militares que "foram considerados diretamente responsáveis pelo acidente estão indiciados", e aqueles que tiveram "responsabilidade indireta" no caso foram "enquadrados em transgressão disciplinar".

A Marinha, no entanto, não divulgou quantos de seus membros foram indiciados e quantos foram enquadrados por transgressão. A imprensa não teve acesso ao inquérito.

De acordo com o Código Penal Militar, é considerado crime causar a perda, destruição, inutilização, alagamento ou danos em navio de guerra.

Segundo o documento da Marinha, vários procedimentos padronizados para a realização de uma manobra rotineira deixaram de ser obedecidos na operação, mas, com a escotilha do compartimento de máquinas aberta, houve a perda de controle da situação.

Manutenção

O Tonelero estava atracado ao cais do 1º Distrito Naval do Rio, na baía de Guanabara, para realizar a manutenção do sistema hidráulico.

No dia 24 de dezembro, seriam operados os suspiros dos tanques de lastro, mecanismo que permite o escape do ar e a entrada de água nos tanques para a submersão do submarino.

Os suspiros são abertos para que a embarcação possa afundar. Para retornar à superfície, injeta-se ar nos tanques.

Naquele dia, o calado (parte do submarino que permanece submersa) já estava mais afundado do que o normal, mas o fato não teria sido percebido pelo pessoal em serviço.

Por causa disso, a escotilha da casa de máquinas já estava muito próxima da água.

A operação dos suspiros deveria ter sido coordenada a partir do convés, de onde se teria uma visão melhor do submarino, mas a manobra foi comandada do interior da embarcação.

O horário (noite) também era impróprio para a tarefa, afirma a Marinha.

O procedimento de abrir os suspiros deveria atingir um tanque por vez, regra que também não foi respeitada.

"Foram operados, simultaneamente, os mecanismos de dois tanques", diz a nota divulgada pela Marinha.

Além disso, não houve a injeção de ar nos tanques de lastro, o que significa que só houve a entrada de água, deixando o submarino ainda mais pesado e provocando desequilíbrio.

Conclusão: o submarino afundou ainda mais, e a água atingiu a escotilha, por onde passava um conduto flexível de ventilação. Como ela não pôde ser fechada, a água invadiu os demais compartimentos do submarino.

Houve corte de luz e força e as bombas não puderam ser acionadas. A tripulação escapou por outra escotilha e nenhum tripulante saiu ferido.

Segundo a Marinha, não houve nenhum tipo de festa a bordo do submarino.

O Tonelero foi comprado no início da década de 70 por US$ 40 milhões. Ficou 26 anos em uso e sua aposentadoria já estava programada para 2002.
 

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