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11/02/2001 - 03h34

São Paulo exporta organização criminosa

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ALESSANDRO SILVA e MALU GASPAR, da Folha de S.Paulo

A facção de presos de São Paulo conhecida como PCC (Primeiro Comando da Capital) integra uma rede de criminosos que atua além das fronteiras do Estado.

Membros desse grupo, que originalmente organizava presos e buscava o controle de presídios paulistas, participaram de pelo menos dois de nove assaltos atribuídos a uma ""megaquadrilha" investigada pela Polícia Federal, cujas ações, em três Estados e no Distrito Federal, teriam
rendido mais de R$ 10 milhões de 1998 até o ano passado.

Pelo menos dois membros do PCC, Airton Ferreira da Silva e Claudio Barbará da Silva, são acusados de participação no roubo de R$ 1 milhão em jóias da Caixa Econômica Federal de Ribeirão Preto (319 km de SP), em novembro do ano passado -um dos crimes atribuídos à megaquadrilha.

O outro crime em que haveria conexão entre as duas organizações é o assalto em que 61 kg de ouro foram roubados de um avião da Vasp, em Brasília, em julho de 2000. Nesse caso também houve envolvimento de Airton Ferreira da Silva, considerado um dos integrantes da "elite" da megaquadrilha.

O PCC surgiu nos anos 90 entre os detentos como arma para reivindicar melhorias no sistema prisional. Atualmente, a facção estaria controlando fugas e tráfico de drogas, extorquindo dinheiro dos condenados mais abastados e organizando ações fora dos muros dos presídios.

Segundo a polícia, integrantes da facção, em aliança com traficantes, provocaram a fuga de 97 presos do 45º DP (Brasilândia) no ano passado, em São Paulo. Um carcereiro da própria delegacia é acusado de ter ajudado o grupo de resgate em troca de R$ 5.000.

É por causa desse caso que a polícia paulista abriu, recentemente, o primeiro inquérito contra a facção e agora tenta descobrir detalhes da rede de influência dela.

O mesmo PCC é suspeito de patrocinar um dos resgates de presos mais ousados: uma quadrilha sequestrou a família do diretor do presídio de Araraquara (282 km de São Paulo), há duas semanas, e os trocou pela liberdade de cinco filiados -dois deles envolvidos com o assalto à agência da CEF de Ribeirão Preto.

A rede do crime começou a ser descrita a partir das prisões de assaltantes, como Claudio Barbará da Silva, que atuou no roubo à CEF, e de pelo menos outras 20 pessoas, entre ""soldados" contratados e aliados.

Sindicato
Documentos sigilosos de investigação, aos quais a Folha teve acesso, mostram que grupos menores se articulam com a ajuda da facção, em uma operação que gera dinheiro e novos aliados.

É como se os bandidos mais perigosos agora fizessem parte do "sindicato do crime", colaborando mutuamente entre si em ações cada vez mais ousadas.

Como exemplo, no mesmo horário em que a CEF de Ribeirão Preto era invadida, um preso da cadeia da cidade fazia refém um carcereiro. A polícia considerou isso um despiste, porque teve de mobilizar suas forças para cercar a unidade, que fica no lado oposto da cidade em relação ao banco.

Nem todos os envolvidos nos crimes famosos são membros do PCC. As pessoas-chave se conhecem, tramam às vezes juntas e contratam mão-de-obra fora da organização, usando muitas vezes os mesmos "soldados".
 

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