Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
13/02/2001 - 18h44

Polícia resgata empresária sequestrada no interior de SP

Publicidade

MÁRIO TONOCCHI
da Folha Online, em Campinas

A Polícia Civil de Serra Negra resgatou na manhã de hoje a empresária e filha do ex-prefeito da cidade Rejane Dematte Bulk Coli, 40. Ela foi sequestrada na estrada que liga Serra Negra a Lindóia, na noite do dia 7 deste mês. Segundo a polícia, o pedido de resgate -U$ 3 milhões- não foi pago.

A libertação da empresária ocorreu depois de uma negociação que durou toda a madrugada de hoje e acabou em uma 'rendição condicionada' dos sequestradores que libertaram a refém, mas não foram presos.

Segundo o delegado seccional de Bragança Paulista (80 km de São Paulo), Djahy Tucci Júnior, a negociação entre a polícia e os sequestradores foi intermediada por dois advogados -que devem prestar serviços para a quadrilha e ainda estão sendo investigados.

De acordo com o delegado titular de Serra Negra, Oswaldo Faria Júnior, os investigadores chegaram a uma casa em Jundiaí, onde foi detido um dos advogados que não teve o nome revelado pela polícia. A Folha Online apurou isso só ocorreu em razão de uma falha no momento do sequestro.

Vítima

Rejane é a mais velha das quatro filhas do empresário Luiz Bulk, dono do Hotel Vale do Sol e Tamoios, ambos em Serra Negra. A empresária estava seguindo do Vale do Sol para o Tamoios pela rodovia SP-360, quando foi fechada por uma caminhonete S10 com dois homens. Os veículos acabaram batendo e a Caravan Crysler da empresária tombou.

Os dois sequestrados estavam levando a empresária para outra caminhonete que participava da ação quando dois moradores da cidade chegaram perguntando se eles precisavam de ajuda.

Os sequestradores dominaram os dois moradores e tomaram o telefone celular de um deles. Um dos sequestradores, porém, deixou cair o próprio celular antes de fugir com uma outra caminhonete -encontrada na manhã seguinte em Lindóia, cidade vizinha de Serra Negra.

Uma das testemunhas pegou o celular do sequestrador. Depois de receber algumas ligações, a testemunha, assustada, jogou o telefone no rio, mas guardou dois números que estavam na memória do celular, passando-os para a polícia.

Na caminhonete, que ficou na estrada, a polícia também encontrou um capuz, um cobertor e um galão de 30 litros de água com gasolina pela metade. Uma corda funcionava como pavio. Para a polícia, a gasolina seria utilizada para ameaçar a empresária caso ela se recusasse a deixar o carro.

Com o número de telefone a polícia chegou à casa onde estava o advogado. Na residência também foi encontrada uma arma. 'O que fizemos foi pensar primeiro na vida da vítima. Negociamos com os sequestradores em troca da não prisão do advogado', observou o delegado Oswaldo Faria Júnior.

Depois das negociações, o advogado foi buscar a empresária e a entregou para a polícia no Butantã, em São Paulo. Na casa, permaneceu um outro advogado que foi chamado para ajudar nas negociações.

'Fizemos tudo conforme o combinado. Entregamos um carro para o advogado que foi buscar a empresária', explicou o delegado seccional de Bragança Paulista. Rejane foi levada para o Hotel Vale do Sol em um helicóptero da Polícia Civil de São Paulo.

A família não quis conversar com a imprensa. 'Peço que respeitem minha condição de pai. Estamos abalados', disse Luiz Bulk, que foi prefeito da cidade de 1963 a 1966.

De acordo com o delegado Oswaldo Júnior, a empresária disse que ficou o tempo todo algemada e acorrentada em uma casa. Segundo ele, ela não sabe identificar onde era o cativeiro, provavelmente também em Jundiaí.

Segundo o delegado secional de Bragança Paulista, a polícia já tem pistas de quem são os sequestradores.

Pagamento

A polícia não confirma, mas a Folha Online apurou que a forma de pagamento do sequestro teria sido feita de forma diferente no sequestro da empresária. Segundo policiais que trabalharam no caso, os sequestradores exigiam que o pagamento dos U$ 3 milhões fosse feito por meio de uma ordem de transferência para bancos em paraísos fiscais e em contas numeradas.

'A soma pedida era absolutamente inviável para a família', limitou-se a dizer o delegado seccional de Bragança Paulista, Djahy Tucci Júnior.

Campinas

A região de Campinas registrou, este ano, além do sequestro da empresária de Serra Negra, mais dois casos.

No ano passado, de acordo com a polícia, dos 24 sequestros que ocorreram no interior do Estado, 20 foram na região.

Em Campinas, o estudante Milton Assis Filho, filho do advogado da Receita Federal Milton Assis, foi sequestrado na manhã de segunda-feira quando estava chegando na faculdade em que estuda, no Parque Itália. A polícia não confirma, mas o resgate de R$ 50 mil foi pago pela família e o estudante libertado na manhã de hoje.

O delegado da delegacia de Investigações Gerais Marcos Manfrin, que investiga o caso disse que não tem pistas dos sequestradores.

Americana

Depois de seis dias, acabou na noite do último sábado o sequestro do garoto Renan Picciolo Ferreira, 4. A família, dona de uma tecelagem em Santa Bárbara d'Oeste, pagou o resgate de R$ 34 mil e o menino foi deixado próximo à Rodovia Luiz de Queiroz, em Piracicaba.

Renan foi sequestrado ao meio-dia do dia 5 deste mês, quando a babá Angela Maria de Oliveira o levava para casa dela, no bairro Cidade Jardim, o mesmo onde mora a família do garoto. A polícia também não tem pistas dos sequestradores.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página