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19/02/2001 - 10h22

Inquéritos investigam base operacional do PCC em Campinas

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da Folha Online, em Campinas

A Vara de Execuções Criminais de Campinas investiga por meio de dez inquéritos a ação das quadrilhas criminosas organizadas na região que estendem suas ações para todo o Estado de São Paulo.

De acordo com as investigações, as organizações atuam no tráfico de drogas dentro das penitenciárias e o resgate de presos, além de comandar assaltos e assassinatos de dentro dos presídios.

Nas investigações em Campinas (99 km de São Paulo) aparecerem pelo menos três facções: o PCC (Primeiro Comando da Capital), Terceiro Comando e Seita Satânica.

A polícia também investiga a presença de representantes em cadeias da região do CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade).

Todos os inquéritos apuram a ação dos grupos organização nas Penitenciárias 1, 2 e 3 do Complexo Penitenciário Campinas-Hortolândia e na Cadeia Pública do São Bernardo. Ontem, aconteceram rebeliões nesses quatro centros de detenção da região.

Estatutos

Os comandos organizados de presos têm estatutos rígidos que definem como deve atuar cada "companheiro" do grupo. Entre as prioridades está o financiamento de resgate de presos. A Folha Online teve acesso aos estatutos do PCC e do CRBC.

"A contribuição daqueles que estão em liberdade pelos irmãos dentro da prisão é feita por meio de contratação de advogados, doação de dinheiro, ajuda aos familiares e ações de resgate", observa o estatuto do PCC.

No próprio estatuto o Primeiro Comando da Capital aponta sua organização. "O importante de tudo é que ninguém nos deterá nessa luta, porque a semente do comando se espalhou por todos os sistemas penitenciários do estado e conseguimos nos estruturar também do lado de fora, com muitos sacrifícios e muitas perdas irreparáveis, mas nos consolidamos em nível estadual e, a médio e longo prazo, nos consolidaremos nível nacional", diz o artigo único.

Os aproximadamente 1,5 mil integrantes do PCC no Estado de São Paulo chamam a organização de partido. O partido não admite rivalidades entre os integrantes. "Cada integrante sabe a função que lhe compete, de acordo com sua capacidade de exercê-la".

CRBC

Os estatutos do CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade) também orientam para o resgate dos "companheiros" presos.

Os fundos que forem arrecadados por cada membro do CRBC em liberdade têm por objetivo resgatar os seus comandados e, "quando o membro do CRBC estiver com problemas, deverá ser apoiado".

A rivalidade entre o PCC e o CRBC está clara nos estatutos do Comando. "Não podemos deixar que o presídio fique em mãos de vermes. Onde quer que o CRBC estiver, não poderão existir integrantes do PCC, pois os mesmos, através da ganância, extorsão, covardia, despreparo, incapacidade mental, desrespeito aos visitantes, estupro de visitantes e guerra dentro de seus próprios domínios, vêm colaborando para a vergonhosa caotização do aparato penal do Estado de São Paulo. Portanto não podemos viver com estes lixos, escórias e animais sem o menor senso de responsabilidade".

A última morte na região de Campinas atribuída a guerra entre os grupos rivais aconteceu no início deste mês, na Penitenciária 3 do Complexo Penitenciário Campinas-Hortolândia e envolveu supostamente o PCC e o Terceiro Comando.

Um detento supostamente ligado ao PCC foi morto com 28 golpes de estiletes, segundo agentes penitenciários, por membros do Terceiro Comando.

O assassinato acabou com uma rebelião que durou quatro horas e deixou oito agentes penitenciários reféns. O motim foi controlado pela Polícia Militar.

  • Veja a íntegra do estatuto do PCC
  • Veja a íntegra do estatuto do CRBC

    Leia especial sobre a rebelião
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