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22/02/2001 - 21h47

Alckmin diz que Estado colocou "dedo na ferida" ao enfrentar rebeliões

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ADÉLIA CHAGAS
da Folha de S.Paulo

O governador interino de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse hoje em entrevista à Folha que o Estado tocou "o dedo na ferida" ao enfrentar as rebeliões comandadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), que começaram no último fim-de-semana.

Sobre o encontro com o juiz-corregedor dos presídios de São Paulo, Otávio Augusto Machado de Barros Filho, com um dos líderes do PCC, Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, na casa de Custódia de Taubaté, Alckmin disse que não faz sentido a trégua e que o Estado não vai remover os detentos. Leia abaixo os trechos da entrevista.

Folha - O senhor sabia da conversa do juiz-corregedor dos presídios de São Paulo, Otávio Augusto Machado de Barros Filho, com Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, um dos líderes do PCC, na casa de Custódia de Taubaté anteontem?

Geraldo Alckmin - Eu não sabia de nada nem havia necessidade de eu saber. O juiz-corregedor pode conversar e visitar as penitenciárias sem precisar da autorização do governo.

Folha - Há alguma possibilidade de trégua?

Alckmin - Eu não vejo muito sentido nessa questão da trégua. O que tem que ter em uma penitenciária é disciplina e segurança. A rigor, o governo fez uma transferência administrativa dos líderes de organizações perigosas para desarticular esse movimento.

O que houve foi uma reação totalmente descabida, desproporcional. Não houve um pleito. A rebelião não foi por causa de superlotação, alimentação ou um plano de saúde ou outras questões. A única reivindicação dos detentos era a volta dos líderes para a Casa de Detenção.

Folha - Não há possibilidade de remover os líderes?

Alckmin - Não vejo nenhuma razão para isso. Aliás foi um absurdo. As 29 rebeliões quebraram o patrimônio público, colocaram em risco a vida das pessoas e dos familiares. O que é inadmissível. Isso tudo para exigir a volta dos líderes. O governo não transigiu nem um milímetro, nenhum preso fugiu e agimos com firmeza nesse episódio.

Folha - Apesar de afirmar que o juiz-corregedor tem autonomia para conversar com os presos, o senhor considera o encontro natural nessa situação?

Alckmin - O governo do Estado tem a sua responsabilidade e age com firmeza, o comando do sistema penitenciário é do governo e não há hipótese de isso mudar. O governo vai enfrentar esses crimes organizados e tocou o dedo na ferida. Agora, não vou fazer juízo de valor sobre representantes de um outro poder, no caso o Judiciário.

Folha - O senhor sabia do que foi publicado hoje (ontem), que o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, teria negociado com líderes do PCC reivindicações? Haveria uma carta de cinco páginas dirigida ao secretário. As rebeliões seriam por que as reivindicações não foram atendidas?

Alckmin - Eu não tinha essa informação nem acredito na procedência disso.

Folha - O Judiciário tem autonomia para remover os presos?

Alckmin - O governo cumpre as determinações do Judiciário, que tem a responsabilidade de prender e soltar. Agora, a administração do sistema penitenciário é do Executivo. Essa é nossa tarefa.
 

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