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23/02/2001 - 03h53

Secretário reuniu-se com PCC em dezembro

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da Folha de S.Paulo

O secretário da Administração Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, reuniu-se na Casa de Detenção com 50 presos, na última sexta-feira do ano passado (29). Entre os detentos que conversaram com ele estava Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, principal articulador do PCC
(Primeiro Comando da Capital).

Após a reunião, Sombra, seguindo o ritual do grupo, ligou para a Penitenciária do Estado relatando o conteúdo da reunião aos três líderes da cadeia à época -entre eles Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Ontem, um dos outros dois líderes que falaram com Sombra após a reunião disse à Folha que Furukawa teria se comprometido a não transferi-los para a Casa de Custódia de Taubaté se eles mantivessem bom comportamento.

Além disso, o secretário teria se comprometido a reduzir a superlotação
da cadeia e a melhorar a qualidade da comida. "Tudo bem que o secretário não queira fazer acordo com o crime, mas deveria manter a palavra com os homens que participaram da reunião", afirmou o coordenador do PCC.

Em dezembro do ano passado, quando explodiu a rebelião em Taubaté, o diretor da Penitenciária do Estado, Guilherme Silva, e o coordenador da Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo), Sergio Ricardo Salvador, teriam garantido a transferência dos líderes do PCC para São Paulo em troca do fim do motim.

A reunião com Furukawa ocorreu dias após briga entre o PCC e a Seita Satânica nos pavilhões 8 e 9, que deixou três detentos mortos. No fim de janeiro, os diretores da Casa de Detenção, ao anunciarem que a unidade seria dividida em três presídios, disseram que o governo reduziria a população do Carandiru de 7.000 para 5.000.

O encontrou foi acertado pelo coordenador da Coesp. A Folha apurou que já em dezembro havia boatos nos presídios sobre uma "grande rebelião".

Além de Furukawa e Salvador, participaram da conversa, na copa do pavilhão administrativo, o diretor da Casa de Detenção, Jesus Ross Martins, o diretor de segurança da unidade e funcionários considerados de confiança.

Na reunião, nenhum dos presos se identificou como membro do PCC, mas segundo a Secretaria da Administração Penitenciária, Nagashi sabia que Sombra, líder da facção, estava presente.

Após o encontro, Furukawa e Salvador ainda conversaram com agentes penitenciários da Casa de Detenção. Os funcionários confirmaram a reunião para a Folha, mas pediram para não terem seus nomes revelados.

Ontem, os líderes do PCC na Penitenciária do Estado afirmaram ter enviado à Secretaria da Administração Penitenciária, depois do encontro, uma carta contendo as reivindicações. "Só não sei se o documento foi entregue pessoalmente ou pelo correio", afirmou um dos atuais coordenadores do PCC nesse presídio.

Outro lado
Nagashi Furukawa confirmou ontem ter se reunido com os presos em dezembro passado, mas classificou como "ridícula" a afirmação de que teria feito um acordo com integrantes do PCC.

"Conversei com os presos como faço em todas as unidades. Mas não houve nenhuma negociação", afirmou Furukawa.

De acordo com o secretário, os detentos pediram, na ocasião, melhorias na penitenciária. "Mas não houve nenhuma promessa de contrapartida."
 

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