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25/02/2001 - 04h14

Paz e amor viram slogan na Marquês de Sapucaí

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LUIZ ANTÔNIO RYFF
SABRINA PETRY
,
da Folha de S.Paulo, no Rio

Paz e Amor. O slogan hippie está presente no primeiro Carnaval carioca do novo milênio. Não apenas pelos lenços brancos que serão entregues aos que forem ao Sambódromo hoje. Os sambas de 13 das 14 escolas que desfilam pelo Grupo Especial no Sambódromo usam as palavras paz (nove vezes) e amor (13).

Apenas a Beija-Flor, que fecha o desfile de hoje, destoa do "Carnaval da paz", que será aberto por Elymar Santos cantando "Bandeira Branca".

Ao contar a saga de uma rainha africana que virou escrava, a Beija-Flor não fala nem de paz nem de amor em "A Saga de Agotime. Maria Mineira Naê".

Com "Paz e Harmonia, Mocidade é Alegria", a Mocidade Independente de Padre Miguel, quinta escola de hoje, é a mais afinada com o tema. Vai homenagear Gandhi, Martin Luther King e Dalai Lama e mostrar cenas de violência -com o objetivo, segundo a escola, de impedir sua banalização.
O baterista do grupo O Rappa, Marcelo Yuka, que ficou paraplégico ao sofrer uma tentativa de assalto, será destaque no carro alegórico "Casa Limpa, Alma Limpa", que exibiria cenas do sequestro do ônibus 174, no Rio, quando duas pessoas morreram. Mas a Justiça vetou a exibição.

Nas letras dos sambas deste ano, a preferência é justamente por morenas, cantadas pelo Salgueiro e pela Caprichosos de Pilares. Símbolo do Carnaval carioca, a mulata passa em branco. A palavra não é citada em nenhum samba. Também não há referências às loiras. Nem às geladas. A Imperatriz canta a cachaça e a Grande Rio cita o vinho.

Outros símbolos do Carnaval carioca também não aparecem nas letras. Apenas o samba da Mangueira fala em morro. E o próprio "samba" está restrito à Mangueira e ao Império Serrano.

O Império lembrou de citar o turista. De sambista, todo mundo esqueceu. Mas o "povo" é cantado por oito escolas.

Ajuntamento de vogais costumam ser quase tão comuns nas letras de Carnaval quanto a ala de baianas na avenida. Este ano não é diferente. A Tradição vem com "iaiá, iaiá, oi". A Império Serrano fala de "ioiô, iaiá".

Mas "ô, ô, ô" segue imbatível, preferido por três escolas. A Imperatriz não conseguiu fugir da rima com amor. A Beija-Flor preferiu "nação nagô". Mas o que dizer da opção da Tradição por "camelô"? É que o empresário Silvio Santos é o homenageado da segunda escola a desfilar hoje.

Sambas de Carnaval também são famosos por citar lugares e culturas exóticas. Este ano não foi diferente. Há de "Roma pagã", usado pela Grande Rio para falar do profeta Gentileza, a "arte assíria", que inspira a Mangueira. Como estamos em 2001, há até uma citação a "espaço sideral" (Grande Rio). Os sambas privilegiam o sonho (cinco escolas).

Apenas a Portela, penúltima a desfilar hoje, fala em realidade -como transformação do sonho. O enredo "Querer É Poder" representa os poderes aquisitivo, bélico, da natureza, da mente, da fé, da magia e da união dos povos e raças.

Nas letras há uma preferência pela fé (cinco escolas citam) à história (mencionada pela Imperatriz e pelo Paraíso do Tuiuti).

Abrindo a noite e debutando no Grupo Especial, o Paraíso do Tuiuti traz história já no título do enredo "Um Mouro no Quilombo: Isto a História Registra", sobre um mouro que vivia na Espanha e peregrinou até Meca.
Com o enredo "Tijuca com Nelson Rodrigues pelo Buraco da Fechadura", a Unidos da Tijuca, terceira a entrar na avenida, contará vida e obra do dramaturgo.

Com Romário e Ronaldinho Gaúcho, o Salgueiro, que desfila antes da Mocidade, vai levar para a avenida um mundo de águas representando o Pantanal com o enredo "Salgueiro do Mar de Xarayés, É Pantanal, É Carnaval".

  • Clique aqui para ver o site de Carnaval.
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