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13/06/2000 - 22h43

Deputados consideram ação da polícia em sequestro no Rio uma "sucessão de erros"

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DENISE MADUEÑO
da Sucursal de Brasília

A ação da última segunda-feira (13) da polícia no Rio de Janeiro foi considerada uma "sucessão de erros" por deputados. Durante todo o dia de hoje, os parlamentares criticaram o despreparo dos policiais que acabaram matando a refém Geísa Gonçalves e executaram o sequestrador a caminho do hospital.

A comissão de Direitos Humanos da Câmara fará uma audiência pública no Rio de Janeiro na próxima segunda-feira em conjunto com a comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa.

Os parlamentares querem ouvir o depoimento do secretário de Segurança Pública do Rio, Josias Quintal, e de outras autoridades de segurança do Estado. A audiência pública deverá discutir o despreparo da polícia.

O ministro da Justiça, José Gregori, vai depor hoje na Comissão de Direitos Humanos da Câmara. A audiência marcada anteriormente servirá para discutir os fatos do Rio de Janeiro e o plano de segurança que o presidente Fernando Henrique Cardoso pretende enviar ao Congresso.

Hoje, o coordenador de Segurança, Justiça, Defesa Civil e Cidadania do Rio de Janeiro, Jorge da Silva, admitiu que houve erro na atuação da Polícia Militar. "Pode ter sido erro ou um acidente de trabalho", disse Silva, cujo cargo está ligado diretamente ao gabinete do governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho.

Silva criticou o governo federal por não assumir os encargos na questão de segurança pública. "É muito fácil cobrar ação dos Estados e das PMs. Aqui no Brasil, a questão de violência nunca foi encarada como problema nacional. Os governadores não vão resolver a questão", afirmou o coordenador de segurança.

Silva participou hoje de uma audiência pública na comissão especial de Segurança Pública.

Erros

Os deputados em geral afirmaram que os erros dos policiais começaram desde o início da ação. Para eles, a polícia deveria ter esperado o sequestrador descer do ônibus no ponto para prendê-lo, já que não havia até aquele momento uma tentativa de assalto.

Os parlamentares criticaram também a ação do policial que atirou no sequestrador. "O momento e a forma foram inadequados", afirmou o deputado Marcos Rolim (PT-RS), presidente da comissão de Direitos Humanos.

O deputado Alberto Fraga (PMDB-DF), coronel da PM, afirmou que a polícia está acuada. "Em qualquer país do mundo, o sequestrador teria morrido três horas antes. A polícia tem medo de agir por causa da repercussão na imprensa e nas comissões de direitos humanos", disse Fraga.

O deputado afirmou que há despreparo da polícia porque não há investimento em cursos e no preparo dos policiais.

Parlamentares do Rio procuraram responsabilizar o governador pela ineficiência da polícia. "O governador tem de dotar a polícia de tecnologia e de informação. Ele (Garotinho) perdeu o controle da política de segurança no Estado e não garante o direito de ir e vir da população", afirmou o deputado Ayrton Xerêz (PPS-RJ).

Até o deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ), capitão reformado do Exército e defensor dos policiais, criticou a ação de ontem, mas também colocou a culpa das falhas no governador Garotinho.

"Foi uma falha atrás da outra. A PM não teve liberdade de agir porque o governador ficou dando 'piruada' (palpite) por telefone. O governador não queria mortes, mas todo mundo queria que ele (o sequestrador) fosse executado", afirmou Bolsonaro.

Clique aqui para ler toda a cobertura do caso na página especial Pânico no Rio

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