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16/03/2001 - 19h13

Sindicato acusa Petrobras de não instalar equipamento de segurança

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DANIELA MENDES
da Folha de S.Paulo, no Rio

O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo (Sindipetro-RJ) acusou a Petrobras de não ter instalado equipamentos básicos de segurança na plataforma P-36. Entre eles, aparelhos detectores de gás. A empresa rechaçou essa acusação.

O gerente executivo de Segurança, Meio-ambiente e Saúde da Petrobras, Irani Varella, 50, disse que "não há dúvida de que a P-36 tinha total condição de segurança para iniciar seu funcionamento".

Ele afirma que antes de entrar em operação a plataforma recebeu certificação dos engenheiros da Petrobras, "que não teriam o interesse de colocar seus colegas em risco", e de instituições internacionais.

Varella afirma que esta certificação é necessária até para obtenção do seguro. "Imagine se um conjunto de bancos ia dar um seguro de U$ 500 milhões para uma plataforma sem equipamento de segurança. Essa hipótese é um absurdo e coloca em descrédito quem a fez", afirma Varella.

Mas o Sindipetro mantém a acusação. "Nós sabemos disso (da falta de equipamento) há muito tempo, mas os funcionários têm medo de denunciar", disse Nilson Cesário, presidente do sindicato.

Ele afirma que não foram instalados os detectores de gás e que esses equipamentos poderiam ter evitado as explosões que mataram um homem, deixaram outro gravemente ferido e nove desaparecidos na madrugada de quinta-feira.

Segundo Cesário, os detectores utilizados nas plataformas têm funcionamento semelhante aos detectores de fumaça instalados em edifícios residenciais e comerciais, porém com elementos mais sofisticados.

"Eles localizam o vazamento de gás e também a intensidade dele e acionam um alarme imediatamente".

Cesário conta que a P-36 foi colocada "às pressas" em funcionamento, em março de 2000, sem ter passado por qualquer tipo de testes em seus equipamentos. "É como se ela estivesse em teste agora, o que aumenta o risco de acidentes".

Para o sindicalista, a plataforma deveria ter passado por, no mínimo, um ano e meio de testes de segurança antes de ser colocada em operação.

Quem reforça essa posição é o presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Fernando Siqueira. "O açodamento impediu que se fizesse um plano de pré-operação detalhado checando todos os pontos da plataforma", disse Siqueira.

Ele revelou que os testes na plataforma foram feitos em menos de um mês sendo que o ideal seriam, no mínimo, nove meses.

Segundo ele, um funcionário que estava na plataforma no momento da explosão disse que a bomba de incêndio (uma espécie de extintor) não funcionou entre a primeira e a segunda explosão. "Se os testes tivessem sido feitos isso poderia ter sido evitado".

Para Siqueira, a postura da estatal, de terceirizar a mão-de-obra, contribui para os freqüentes acidentes em plataformas. "As empresas de terceirização pagam mal, treinam mal. Por mais competente que seja o funcionário terceirizado, ele não tem treinamento suficiente para realizar um bom trabalho".

O Sindipetro defende a mesma posição. "Com a terceirização a regra estabelecida na Petrobras é a do vale quanto tem. Querem saber é da produção. Não existe preocupação com a segurança do funcionário".

Leia especial sobre as explosões na plataforma da Petrobras
 

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