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24/03/2001 - 03h35

Social melhora, mas desigualdade cresce no Brasil, diz ONU

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LUIZ ANTÔNIO RYFF, da Folha de S.Paulo

Uma pesquisa patrocinada pela ONU revelou que, no Brasil do Real, os indicadores sociais melhoraram nas 12 maiores capitais do país em relação à primeira metade dos anos 80, considerada como a "década perdida". Mas houve aumento do desemprego e da desigualdade de renda. E o acesso ao trabalho piorou.

Porto Alegre perdeu renda e o primeiro lugar como a cidade mais bem avaliada pelo ICV (Índice de Condições de Vida) entre 1995 e 1999.
Curitiba é a melhor entre as capitais. Na segunda posição, São Paulo foi quem mais evoluiu entre esse período e 1981/ 1985 (28%). No outro extremo, a oitava colocada, Salvador ficou praticamente estagnada (0,6%).

Desenvolvido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em parceria com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e a Prefeitura do Rio, o estudo comparou a qualidade de vida em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Na verdade, o foco do estudo, que consumiu 18 meses e o tempo de 80 pesquisadores, foi a análise das condições de vida da cidade do Rio. Foi uma experiência pioneira, segundo José Carlos Libânio, assessor para Desenvolvimento Humano Sustentável do Pnud-Brasil.

Foi a primeira vez que a ONU fez uma avaliação detalhada das condições de vida nas diversas áreas de uma cidade. No Rio, 161 bairros foram analisados independentemente. Recife deve ser a próxima capital analisada.

Um dos aspectos desse estudo foi a comparação do Rio com as 11 maiores capitais brasileiras. Em ambos os casos os dados são os do IBGE. Foram usados dois índices no trabalho: o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que avalia 4 itens e é o modelo padrão da ONU, e o ICV, que é o produto de 27 indicadores, incluindo os avaliados no IDH.

Por isso, nem sempre os resultados são coincidentes. Por exemplo, se Porto Alegre está em terceiro no ICV, ela continua sendo a melhor capital pelo IDH.

Embora o ICV mostre que o desemprego, o número de trabalhadores com carteira assinada, o acesso ao trabalho e a desigualdade de renda piorou em todas as capitais pesquisadas, isso não ocorreu de forma similar.

É o caso do ICV-Renda, que mede o acesso à renda. As cidades "ricas" ficaram mais ricas e a "pobres" ficaram mais pobres.

As cinco capitais com pior colocação nesse ranking (Recife, Salvador, Fortaleza, Belém e Manaus) tiveram diminuição de renda. E quatro das cinco mais bem posicionadas (Curitiba, São Paulo, Rio e Belo Horizonte) tiveram aumento de renda.

O economista Maurício Blanco, que participou da pesquisa pelo Ipea, explica que os itens que compõem o ICV-Renda e o ICV-Trabalho são formados por indicadores de curto prazo.

Porém, Blanco salienta que, como o estudo analisou os indicadores de dois períodos, deixando um hiato de fora, restringiu a possibilidade de algumas avaliações.

"É difícil afirmar que essa piora em renda e no acesso ao trabalho ocorreu em razão do Real porque a gente não trabalhou os números de 1991 a 1994", afirmou.

Os outros índices são menos sensíveis e demoram mais tempo para mudar. Blanco diz que suas alterações, para melhor ou para pior, não podem ser creditadas só a políticas desenvolvidas pelo governo do período avaliado.

Índices positivos
E o que melhorou em todas as 12 capitais? Segundo o estudo, usando o ICV, foi a esperança de vida, a taxa de mortalidade infantil, a longevidade, a taxa de analfabetismo, o número médio de anos de estudo, o acesso à educação, o abastecimento de água, o acesso adequado a esgotamento sanitário, as condições de habitação e o percentual de crianças e adolescentes na escola.

Mesmo assim, alguns índices positivos merecem atenção maior. Entre 1981/1985 e 1995/ 1999 o número médio de anos de estudo entre a população com mais de 25 anos cresceu cerca de um ano e meio.

Em Porto Alegre, onde há maior escolaridade, a média é de 8,63 anos. Na outra ponta, em Fortaleza, a média é de 6,41 anos.
 

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