Publicidade
Publicidade
24/03/2001
-
18h07
da Folha Online
A família da jornalista Sandra Gomide divulgou nota de repúdio à libertação do também jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves em que apela ao STF, (Supremo Tribunal Federal) e diz que com a soltura do assassino "outros crápulas perceberão que é leve a punição de quem comete violências contra mulheres."
Ontem, um dos ministro do Supremo, Celso de Mello, concedeu liminar (decisão provisória) suspendendo a prisão preventiva de Pimenta Neves, que confessou ter assassinado Sandra no dia 20 de agosto do ano passado.
Pimenta Neves foi libertado no início da tarde.
Veja a íntegra da nota:
"Não entendemos de leis. Mas entendemos de dor. Ficamos assustados, ficamos preocupados com a decisão do ministro do STF de permitir que o assassino de nossa filha seja posto em liberdade.
Não queremos discutir com o ministro. Sabemos que se fosse a filha dele
ele pensaria como nós.
Mas temos nossa opinião e temos o direito de torná-la pública. É uma
opinião do pai e de uma mãe que ainda trazem muita dor no coração. É uma
opinião de um pai e de uma mãe que enterraram no dia 21 de agosto uma filha
querida, assassinada de forma cruel e premeditada. Ela levou um tiro pelas
costas e em seguida, já caída no chão, um segundo tiro na têmpora para não
ter chances de sobreviver.
Sabemos que quando o réu está solto a Justiça anda mais devagar. Sabemos
que os advogados do assassino farão de tudo para que ele não seja julgado
nos próximos anos.
Enquanto isso, tudo pode acontecer. O assassino pode fugir do Brasil.
Ele tem filhas que nasceram nos Estados Unidos e que ainda moram por lá. Até
os jornais já noticiaram que, mesmo preso, o assassino tentou vender bens
que possui por aqui. Seria difícil trazê-lo de volta. Sabemos também que o
assassino de nossa filha é um homem poderoso e bem relacionado. Tem um poder de pressão sobre testemunhas que saberá usar.
Ele ficou sete meses na cadeia. Acha que já foi o suficiente. Nós não achamos. Queremos que esse homem volte para atrás das grades. Ele é mau, ele é
cínico, ele é prepotente.
Lançamos um apelo para que os outros ministros do STF, que ainda devem
dar uma opinião sobre o caso, aceitem a decisão já tomada por um outro
tribunal superior, o STJ, que passou o cadeado na porta da cadeia e impediu
que o assassino recebesse de presente a impunidade.
Com a soltura do assassino, outros crápulas perceberão que é leve a punição de quem comete violências contra as mulheres.
Não somos só nós, os pais de Sandra, que estamos hoje tristes. Muita
gente por esse Brasil afora também se entristeceu. É mais um criminoso em
liberdade. É mais um criminoso que acredita que não precisará pagar pelo
crime que cometeu.
Mas ainda temos esperanças. Temos esperanças na Justiça."
São Paulo, 24 de maio de 2001
João e Nilda Florentino Gomide
Família de Sandra apela ao STF contra libertação de Pimenta
Publicidade
A família da jornalista Sandra Gomide divulgou nota de repúdio à libertação do também jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves em que apela ao STF, (Supremo Tribunal Federal) e diz que com a soltura do assassino "outros crápulas perceberão que é leve a punição de quem comete violências contra mulheres."
Ontem, um dos ministro do Supremo, Celso de Mello, concedeu liminar (decisão provisória) suspendendo a prisão preventiva de Pimenta Neves, que confessou ter assassinado Sandra no dia 20 de agosto do ano passado.
Pimenta Neves foi libertado no início da tarde.
Veja a íntegra da nota:
"Não entendemos de leis. Mas entendemos de dor. Ficamos assustados, ficamos preocupados com a decisão do ministro do STF de permitir que o assassino de nossa filha seja posto em liberdade.
Não queremos discutir com o ministro. Sabemos que se fosse a filha dele
ele pensaria como nós.
Mas temos nossa opinião e temos o direito de torná-la pública. É uma
opinião do pai e de uma mãe que ainda trazem muita dor no coração. É uma
opinião de um pai e de uma mãe que enterraram no dia 21 de agosto uma filha
querida, assassinada de forma cruel e premeditada. Ela levou um tiro pelas
costas e em seguida, já caída no chão, um segundo tiro na têmpora para não
ter chances de sobreviver.
Sabemos que quando o réu está solto a Justiça anda mais devagar. Sabemos
que os advogados do assassino farão de tudo para que ele não seja julgado
nos próximos anos.
Enquanto isso, tudo pode acontecer. O assassino pode fugir do Brasil.
Ele tem filhas que nasceram nos Estados Unidos e que ainda moram por lá. Até
os jornais já noticiaram que, mesmo preso, o assassino tentou vender bens
que possui por aqui. Seria difícil trazê-lo de volta. Sabemos também que o
assassino de nossa filha é um homem poderoso e bem relacionado. Tem um poder de pressão sobre testemunhas que saberá usar.
Ele ficou sete meses na cadeia. Acha que já foi o suficiente. Nós não achamos. Queremos que esse homem volte para atrás das grades. Ele é mau, ele é
cínico, ele é prepotente.
Lançamos um apelo para que os outros ministros do STF, que ainda devem
dar uma opinião sobre o caso, aceitem a decisão já tomada por um outro
tribunal superior, o STJ, que passou o cadeado na porta da cadeia e impediu
que o assassino recebesse de presente a impunidade.
Com a soltura do assassino, outros crápulas perceberão que é leve a punição de quem comete violências contra as mulheres.
Não somos só nós, os pais de Sandra, que estamos hoje tristes. Muita
gente por esse Brasil afora também se entristeceu. É mais um criminoso em
liberdade. É mais um criminoso que acredita que não precisará pagar pelo
crime que cometeu.
Mas ainda temos esperanças. Temos esperanças na Justiça."
São Paulo, 24 de maio de 2001
João e Nilda Florentino Gomide
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Sem PM nas ruas, poucos comércios e ônibus voltam a funcionar em Vitória
- Sem-teto pede almoço, faz elogios e dá conselhos a Doria no centro de SP
- Ato contra aumento de tarifas termina em quebradeira e confusão no Paraná
- Doria madruga em fila de ônibus para avaliar linha e ouve reclamações
- Vídeos de moradores mostram violência em ruas do ES; veja imagens
+ Comentadas
- Alessandra Orofino: Uma coluna para Bolsonaro
- Abstinência não é a única solução, diz enfermeira que enfrentou cracolândia
+ EnviadasÍndice