Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/03/2001 - 15h49

Polícia encontra ossadas de criança no Maranhão

Publicidade

JAIRO MARQUES
da Agência Folha

Três ossadas de bebês foram encontradas no terreno de um sítio em Caxias (360 km de São Luís, MA), na última sexta-feira. A lavradora Graciete Silva, 42, proprietária do local, está presa preventivamente. A Polícia Civil investiga hipóteses de tráfico ou uso de crianças em supostos rituais religiosos.

A lavradora está detida na Delegacia da Mulher de Caxias para evitar, segundo a Justiça, acuamento de testemunhas e para manter a ordem pública _há ameaças de linchamento. Ela nega ter usado crianças em rituais ou para fins de negócio.

As denúncias contra ela começaram na semana passada. F.S., 17, filha de Graciete, procurou a Promotoria da Infância e da Juventude do município para denunciar maus-tratos.

"A menina estava muito machucada, com as costas e as pernas em frangalhos. Os exames médicos comprovaram que eram ferimentos provocados por fios elétricos e palmatória", afirmou Lítia Cavalcanti, promotora da Infância e da Juventude em Caxias.

A promotoria conseguiu um mandado de busca e apreensão na casa da lavradora. "Em seu depoimento, a menina falou que a mãe teria matado crianças. Era preciso averiguar", disse a promotora.

Na busca feita no sítio, a polícia encontrou material que seria para promover abortos, seringas, fotografias de 21 crianças e objetos religiosos. Escavando o terreno, três ossadas de bebês foram descobertas. Os ossos _enterrados superficialmente_ não estavam em caixões.

"Estamos atrás da identidade das crianças das fotos que, provavelmente, não são de Caxias. Testemunhas estão sendo ouvidas. Foi presa uma mulher que se disse ajudante de Graciete Silva em rituais religiosos. Ainda não é possível afirmar que crianças eram usadas nisso", declarou o delegado Jair Lima Paiva.

As escavações no terreno do sítio foram momentaneamente suspensas. "Não temos mais informações de corpos lá", disse Paiva.

Cinco crianças _duas de 2 anos e as outras de 8, 10 e 12 anos_ e dois adolescentes _ambos de 17 anos_ moravam com a lavradora no sítio. De acordo com a polícia, somente F.S. seria filha da mulher. Segundo a Promotoria da Infância, as crianças e os adolescentes apresentam lesões pelos corpo.

"A apuração vai mostrar se ela usava essas crianças para o tráfico internacional. Não estamos descartando nada", disse o delegado.

Em entrevista à Agência Folha, Graciete Silva disse que era parteira. "Eu fazia parto para mulheres carentes. Acontece que uma criança chegou morta e outras duas morreram depois do parto aqui em casa. Resolvi enterrar no sítio mesmo, não vi mal nenhum nisso."

A lavradora afirmou que crianças eram deixadas na porta de sua casa e que passava a criá-las. Sobre as 21 fotos encontradas no sítio, disse: "São afilhados ou filhos que passaram pela minha casa".

"Eu sempre achei que estivesse fazendo o bem. Não fazia abortos, nem magia negra, só ajudava necessitados."

A promotora Lítia Cavalcanti pretende denunciar Graciete Silva por homicídio qualificado, tortura, ocultação de cadáver e maus-tratos a crianças.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página