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19/04/2001 - 19h35

Delegado e policiais acusados de tortura são presos no MA

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DÉCIO SÁ
free-lance para a Agência Folha, em São Luis

O delegado Jean Charles da Silva e seis policiais (quatro civis e dois militares) foram presos ontem acusados de torturarem um preso até a morte, no interior do Maranhão. O delegado e os policiais negam o crime.

O preso que supostamente foi morto pelos policiais é Sebastião Dias Salazar. Ele está desaparecido desde o último dia 26.

Três dias antes, ele havia sido preso, em Codó (291 km de São Luís), acusado de estuprar uma garota de 13 anos. Salazar teria confessado o crime.

Segundo processo investigatório do Ministério Público, na tarde do dia 26, o lavrador foi retirado da delegacia por Silva.

Nesse mesmo dia, o delegado e policiais levaram um homem algemado até Coroatá (MA), cidade vizinha a Codó. Segundo apuração feita pelo Ministério Público, esse homem era Salazar.

O preso foi colocado no pátio da delegacia de Coroatá. Ele teria morrido ali no chão em consequência das sessões de tortura que sofrera no percurso entre as duas cidades (cerca de 20 km).

Cova

No dia seguinte, moradores localizaram próximo a Codó um corpo parcialmente carbonizado, enterrado numa cova rasa, com a cabeça para o lado de fora do buraco.

Policiais chegaram ao local por volta das 20h. Alegando que estava de noite, voltaram à delegacia com a promessa de investigar o caso no dia seguinte. Pela manhã, o corpo não estava mais lá.

De acordo com o juiz da Comarca de Coroatá, Jesus Guanaré, que decretou a prisão temporária dos acusados, o delegado, durante as investigações, tentou apresentar duas pessoas como sendo o lavrador desaparecido.

Em sua defesa, Silva diz que o preso levado a Coroatá era Josimar Guimarães Muniz, que foi liberado em seguida.

Os detentos da delegacia desse município não reconheceram Muniz como sendo a pessoa que foi deixada no pátio.

Jean Charles da Silva está preso numa delegacia especial na periferia de São Luís. Os policias civis e militares estão detidos no quartel da PM na região de Codó.

O comandante da PM do Maranhão, Teodomiro Diniz, disse que foi instaurado um Inquérito Policial Militar para apurar a participação dos militares no caso. "São desvios de conduta. Nós não podemos conviver com isso."

Falando em nome de Jean Charles da Silva e dos agentes civis acusados pelo crime, o delegado-geral da Polícia Civil do Estado, Júlio César do Amaral, disse que eles devem ser indiciados por abuso de autoridade.

Segundo Amaral, ainda é preciso encontrar a prova material do assassinato (o corpo da vítima). Para ele, por enquanto, apenas existem indícios.
 

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