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22/04/2001 - 04h17

Projeto desenvolvido em Recife reforma abrigos para crianças

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FÁBIO GUIBU, da Agência Folha, em Recife

As tradicionais mostras de arquitetura e decoração que ocorrem em todo o país serviram de modelo - a partir da idéia de um casal de arquitetos de Recife- para um projeto social que tem por objetivo reformar abrigos de crianças carentes.

Depois que termina o evento, que segue os mesmos moldes das mostras, a instituição fica com móveis e eletrodomésticos, além de ter tido o prédio totalmente pintado e reformado.

Idealizado há um ano e meio, na cidade de Recife, o projeto será implantado a partir deste ano em outros Estados por meio de um modelo de difusão batizado de franquia social.

Os interessados não pagam nada para utilizar o projeto, mas, em compensação, serão obrigados a cumprir à risca regras ditadas pelos criadores do modelo, os arquitetos Patrícia Chalaça, 30, e Marcelo Souza Leão, 30.

Desenvolvido com base no trabalho voluntário em 1999, o projeto "Casa da Criança" já conseguiu reformar três unidades, em Recife e Brasília, beneficiando cerca de 600 crianças.

Um total de 1.550 empresas e 264 arquitetos se envolveram nas atividades.
Apesar de os investimentos terem somado R$ 6,6 milhões em materiais de construção, equipamentos e mão-de-obra, nenhuma doação em dinheiro foi feita.

Todas as obras foram realizadas com a oferta de produtos e serviços pelos voluntários. "Essa é a regra principal da franquia social", disse a arquiteta.

Patrícia diz ter se inspirado nas mostras de decoração, em que os ambiente das casas são produzidos por diferentes empresas.

Dessa maneira, a reforma de cada setor das creches e abrigos é feita por vários colaboradores, sob a coordenação de arquitetos voluntários.

Todos os que ajudam nas obras e serviços são citados em placas fixadas em cada ambiente. Os grandes patrocinadores têm direito ainda a exibir, por pelo menos um ano, o nome da empresa no muro da instituição.

As reformas levam em torno de três meses. Durante esse período, as crianças são retiradas do ambiente e levadas para outro abrigo provisório, sob a responsabilidade da própria entidade mantenedora da instituição.

Visitação pública
Após o término do trabalho, como ocorre nas mostras de decoração, a creche reformada é aberta para visitação pública. Por 15 dias, os visitantes pagam R$ 5 de entrada. O dinheiro não é entregue à entidade, mas é utilizado para a aquisição de materiais de uso diário das crianças.

Nas três obras até agora realizadas foram reformados 9.500 metros quadrados. A primeira delas foi feita na Casa de Carolina, instituição de apoio a crianças e adolescentes carentes em situação de abandono ou risco, mantida pelo governo de Pernambuco.

"Levamos 45 dias para terminar o trabalho no imóvel, de 1.500 metros quadrados", lembra Patrícia. "Juntamos 60 arquitetos e uns 400 patrocinadores", afirma Patrícia.

O maior serviço, no entanto, foi na unidade Fernandes Vieira da mesma instituição.

O local, de 6.000 metros quadrados, destinado a atender até 200 crianças e adolescentes, foi praticamente reconstruído no segundo semestre de 2000.

Erguido originalmente para abrigar jovens infratores, o prédio estava abandonado e em ruínas por ter sido depredado em uma rebelião que terminou com a morte de um dos internos.

As celas deram lugar a quartos decorados com móveis e paredes coloridos. Salas de brinquedos, de arte e de estudos foram criadas ou remodeladas. Canos que serviam para banhos foram trocados por chuveiros elétricos.

Expansão
"Nosso objetivo agora é transportar o modelo para todo o país", disse a arquiteta. De acordo com ela, o projeto, que conta com o apoio do Instituto Ayrton Senna, será implantado ainda este ano em quatro Estados.

As instituições são a Casa Transitória, de Jundiaí (SP), a Amai, de Maceió (AL), e a Fundac, de Natal (RN) e Fortaleza (CE). Os coordenadores nos Estados -todos arquitetos por exigência do manual de franquia social- receberão treinamento no próximo dia 7, em Recife.

Patrícia diz que, em 2002, pretende levar também o projeto nas unidades de tratamento de câncer para crianças dos hospitais ou nas casas de apoio a crianças portadoras da doença.
 

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