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20/06/2000
-
03h52
SOLANO NASCIMENTO, da Folha de S.Paulo
Pelo menos nove pessoas que deram informações à CPI do Narcotráfico ou estavam prestes a dá-las morreram desde que os deputados federais começaram a investigar o comércio de drogas, há 14 meses. Uma das mortes foi de causa natural.
"Estamos verificando que, na hora em que o cerco aperta, o crime mata e consome provas. É uma coisa meio diabólica", afirma o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS).
O parlamentar gaúcho reuniu a maior parte dos nomes das vítimas. A lista está em um arquivo de um dos computadores de seu gabinete que se chama "queimadearquivo".
Nem todas as pessoas da relação foram assassinadas, ou pelo menos não há comprovação disso. Até onde se sabe, José Lourival, uma das testemunhas de acusação contra o ex-deputado do Acre Hildebrando Pascoal, morreu de morte natural.
Lourival é o único da lista dos mortos que estava entre as 170 pessoas que têm proteção do Programa Federal de Assistência a Testemunhas.
Há ainda dois casos de possíveis suicídios, em São Paulo, mas ambos são questionados por deputados e promotores.
O quarto caso em que pode não ter havido eliminação é o da morte do prefeito de Cariacica, Dejair Camata, no Espírito Santo.
Assassinatos
Os outros cinco casos foram claramente assassinatos. O mais representativo é o do traficante Jacy Gonçalves, que foi morto no Complexo Penitenciário do Amapá exatamente no dia anterior ao do depoimento que daria à CPI.
"Além de eliminar testemunhas, os assassinatos servem para intimidar outras pessoas que estejam dispostas a colaborar", afirma Mattos.
Além dessas mortes diretas, há outras que aumentam a lista de cadáveres ao redor das investigações dos deputados.
Paraná
A CPI do Narcotráfico esteve no Paraná no começo de março, na semana do Carnaval. Além de coletar informações sobre o narcotráfico naquele Estado, a passagem dos deputados federais por lá provocou a abertura de uma CPI estadual, na Assembléia Legislativa, para investigar o mesmo assunto.
Um levantamento feito pelo deputado estadual Ricardo Chab (PTB), relator da CPI, mostra que, desde o Carnaval, 22 pessoas ligadas ao comércio de drogas, a maioria pequenos traficantes, foram assassinadas. Muitos eram menores de idade.
"Ainda estamos investigando para ver se há relação entre as mortes e a CPI, mas é no mínimo muita coincidência", diz o deputado estadual.
Os integrantes da comissão pediram à polícia a criação de uma equipe especial para investigar as mortes.
O deputado Padre Roque (PT-PR) afirma suspeitar que policiais que haviam sido presos por conta das investigações feitas pela CPI, e depois foram liberados, possam estar por trás das mortes de testemunhas.
Pasmos
"Estamos assistindo pasmos a essa sucessão de mortes. Isso não ocorria antes de a CPI passar por lá", afirma Roque.
Os deputados da CPI do Narcotráfico visitaram Estados ouvindo depoimentos e juntando dados sobre os principais traficantes que atuam no país.
O grupo foi dividido e está elaborando sub-relatórios. Parte deles deveria estar pronta hoje, quando a comissão se reúne.
Os sub-relatórios serão reunidos para servir de base ao relator da CPI, Moroni Torgan (PSDB-CE), que pretende apresentar seu relatório final até o dia 29.
Com isso, a CPI conseguirá terminar seus trabalhos antes do início do recesso da Câmara dos Deputados.
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Nove testemunhas da CPI do Narcotráfico já morreram
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Pelo menos nove pessoas que deram informações à CPI do Narcotráfico ou estavam prestes a dá-las morreram desde que os deputados federais começaram a investigar o comércio de drogas, há 14 meses. Uma das mortes foi de causa natural.
"Estamos verificando que, na hora em que o cerco aperta, o crime mata e consome provas. É uma coisa meio diabólica", afirma o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS).
O parlamentar gaúcho reuniu a maior parte dos nomes das vítimas. A lista está em um arquivo de um dos computadores de seu gabinete que se chama "queimadearquivo".
Nem todas as pessoas da relação foram assassinadas, ou pelo menos não há comprovação disso. Até onde se sabe, José Lourival, uma das testemunhas de acusação contra o ex-deputado do Acre Hildebrando Pascoal, morreu de morte natural.
Lourival é o único da lista dos mortos que estava entre as 170 pessoas que têm proteção do Programa Federal de Assistência a Testemunhas.
Há ainda dois casos de possíveis suicídios, em São Paulo, mas ambos são questionados por deputados e promotores.
O quarto caso em que pode não ter havido eliminação é o da morte do prefeito de Cariacica, Dejair Camata, no Espírito Santo.
Assassinatos
Os outros cinco casos foram claramente assassinatos. O mais representativo é o do traficante Jacy Gonçalves, que foi morto no Complexo Penitenciário do Amapá exatamente no dia anterior ao do depoimento que daria à CPI.
"Além de eliminar testemunhas, os assassinatos servem para intimidar outras pessoas que estejam dispostas a colaborar", afirma Mattos.
Além dessas mortes diretas, há outras que aumentam a lista de cadáveres ao redor das investigações dos deputados.
Paraná
A CPI do Narcotráfico esteve no Paraná no começo de março, na semana do Carnaval. Além de coletar informações sobre o narcotráfico naquele Estado, a passagem dos deputados federais por lá provocou a abertura de uma CPI estadual, na Assembléia Legislativa, para investigar o mesmo assunto.
Um levantamento feito pelo deputado estadual Ricardo Chab (PTB), relator da CPI, mostra que, desde o Carnaval, 22 pessoas ligadas ao comércio de drogas, a maioria pequenos traficantes, foram assassinadas. Muitos eram menores de idade.
"Ainda estamos investigando para ver se há relação entre as mortes e a CPI, mas é no mínimo muita coincidência", diz o deputado estadual.
Os integrantes da comissão pediram à polícia a criação de uma equipe especial para investigar as mortes.
O deputado Padre Roque (PT-PR) afirma suspeitar que policiais que haviam sido presos por conta das investigações feitas pela CPI, e depois foram liberados, possam estar por trás das mortes de testemunhas.
Pasmos
"Estamos assistindo pasmos a essa sucessão de mortes. Isso não ocorria antes de a CPI passar por lá", afirma Roque.
Os deputados da CPI do Narcotráfico visitaram Estados ouvindo depoimentos e juntando dados sobre os principais traficantes que atuam no país.
O grupo foi dividido e está elaborando sub-relatórios. Parte deles deveria estar pronta hoje, quando a comissão se reúne.
Os sub-relatórios serão reunidos para servir de base ao relator da CPI, Moroni Torgan (PSDB-CE), que pretende apresentar seu relatório final até o dia 29.
Com isso, a CPI conseguirá terminar seus trabalhos antes do início do recesso da Câmara dos Deputados.
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