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01/05/2001
-
08h22
SERGIO TORRES
da Folha de S.Paulo, em Brasília
As investigações da Polícia Federal sobre o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, indicam que a quadrilha da qual ele faz parte abastece o Uruguai com cocaína colombiana e maconha paraguaia.
A existência de uma rota uruguaia começou a ser levantada neste ano pela DRE (Divisão de Repressão e Prevenção a Entorpecentes) da Polícia Federal, que tem sede em Brasília.
Desde janeiro, analistas a serviço da PF examinam anotações, agendas e cadernos apreendidos com integrantes da quadrilha de Beira-Mar, entre eles Jaime Amato, preso no Paraguai no final de dezembro do ano passado.
Amato foi criado com o traficante na favela Beira-Mar, em Duque de Caxias (município na Baixada Fluminense, região vizinha ao Rio). De acordo com a PF, ele era responsável pela distribuição de maconha e cocaína nos Estados de São Paulo e do Paraná.
Para abastecer o mercado uruguaio, Beira-Mar teria se aproveitado da associação com Jaime Amato e com o traficante brasileiro Ney Machado, o Pitoco, preso este ano na Colômbia.
Pitoco era o parceiro de Fernandinho Beira-Mar no abastecimento de cidades da região Sul.
"Com Ney Machado, Luiz Fernando da Costa abriu um canal no sul do país. Pela extensão de sua atuação [de Ney Machado", podemos supor que eles traficam também no Uruguai", afirmou o delegado Getúlio Bezerra, chefe da DRE.
As investigações da PF sobre a rota uruguaia ainda são sigilosas. Beira-Mar, Pitoco e Amato estariam mandando para o Uruguai carregamentos de maconha produzida no Paraguai -que é abundante e barata.
Também estaria seguindo para as maiores cidades uruguaias -como a capital Montevidéu, Salto e Rivera, na fronteira com o Brasil- cocaína vinda da Colômbia, por rotas de distribuição controladas por Beira-Mar.
"Atacadista"
De acordo com Getúlio Bezerra, Beira-Mar é um atravessador da droga, "um atacadista", que controla canais de distribuição e tem conhecimentos sobre os mercados consumidores dos principais Estados brasileiros e de países vizinhos. Ele não é o único traficante brasileiro a agir dessa forma, mas é o mais conhecido.
A partir de sua fuga da prisão em Belo Horizonte, em 1997, Beira-Mar passou a intensificar seus contatos no exterior.
Ele seguiu para o Paraguai, onde foi amparado por integrantes da família Morel, responsável pelo ingresso de maconha paraguaia no Brasil, principalmente pelo Estado de Mato Grosso.
No Paraguai, Fernandinho Beira-Mar conseguiu obter bons preços e facilidades de pagamento das quantidades adquiridas e começou a manter contatos com produtores de cocaína da Colômbia, traficantes do Suriname, contrabandistas de armas e especialistas no transporte aéreo de carregamentos de drogas.
A partir do final de 1998, já envolvido com o tráfico internacional de cocaína, Beira-Mar passou a frequentar o território colombiano. Ele ia sempre para a região amazônica, coberta por florestas e controlada por guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
No Carnaval de 1999, a Polícia Federal monitorou a ida de uma das sogras e de um filho de Beira-Mar para a Colômbia. Eles deixaram o Brasil por Tabatinga (cidade do Amazonas localizada na fronteira com a Colômbia), com o objetivo de passar alguns dias com o parente.
Na ocasião, a PF teve a certeza de que Beira-Mar estava trocando o Paraguai pela Colômbia, onde se fixou definitivamente no ano passado, quando o cerco policial contra ele apertou.
Até então, o traficante brasileiro vivia em uma espécie de ponte aérea entre os dois países.
Beira-Mar foi preso no último dia 21, no Estado de Vichada, na selva colombiana. Dois meses antes, em um tiroteio contra policiais colombianos, o traficante fora baleado três vezes. Somente ao chegar ao Brasil, na última quarta-feira, ele foi medicado.
No Hospital das Forças Armadas, em Brasília, Beira-Mar se submeteu a uma cirurgia para a correção de fraturas no braço direito, provocadas por um tiro. Ele está preso na Superintendência da PF em Brasília.
Leia especial sobre Fernandinho Beira-Mar
PF investiga ação de Beira-Mar no Uruguai
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da Folha de S.Paulo, em Brasília
As investigações da Polícia Federal sobre o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, indicam que a quadrilha da qual ele faz parte abastece o Uruguai com cocaína colombiana e maconha paraguaia.
A existência de uma rota uruguaia começou a ser levantada neste ano pela DRE (Divisão de Repressão e Prevenção a Entorpecentes) da Polícia Federal, que tem sede em Brasília.
Desde janeiro, analistas a serviço da PF examinam anotações, agendas e cadernos apreendidos com integrantes da quadrilha de Beira-Mar, entre eles Jaime Amato, preso no Paraguai no final de dezembro do ano passado.
Amato foi criado com o traficante na favela Beira-Mar, em Duque de Caxias (município na Baixada Fluminense, região vizinha ao Rio). De acordo com a PF, ele era responsável pela distribuição de maconha e cocaína nos Estados de São Paulo e do Paraná.
Para abastecer o mercado uruguaio, Beira-Mar teria se aproveitado da associação com Jaime Amato e com o traficante brasileiro Ney Machado, o Pitoco, preso este ano na Colômbia.
Pitoco era o parceiro de Fernandinho Beira-Mar no abastecimento de cidades da região Sul.
"Com Ney Machado, Luiz Fernando da Costa abriu um canal no sul do país. Pela extensão de sua atuação [de Ney Machado", podemos supor que eles traficam também no Uruguai", afirmou o delegado Getúlio Bezerra, chefe da DRE.
As investigações da PF sobre a rota uruguaia ainda são sigilosas. Beira-Mar, Pitoco e Amato estariam mandando para o Uruguai carregamentos de maconha produzida no Paraguai -que é abundante e barata.
Também estaria seguindo para as maiores cidades uruguaias -como a capital Montevidéu, Salto e Rivera, na fronteira com o Brasil- cocaína vinda da Colômbia, por rotas de distribuição controladas por Beira-Mar.
"Atacadista"
De acordo com Getúlio Bezerra, Beira-Mar é um atravessador da droga, "um atacadista", que controla canais de distribuição e tem conhecimentos sobre os mercados consumidores dos principais Estados brasileiros e de países vizinhos. Ele não é o único traficante brasileiro a agir dessa forma, mas é o mais conhecido.
A partir de sua fuga da prisão em Belo Horizonte, em 1997, Beira-Mar passou a intensificar seus contatos no exterior.
Ele seguiu para o Paraguai, onde foi amparado por integrantes da família Morel, responsável pelo ingresso de maconha paraguaia no Brasil, principalmente pelo Estado de Mato Grosso.
No Paraguai, Fernandinho Beira-Mar conseguiu obter bons preços e facilidades de pagamento das quantidades adquiridas e começou a manter contatos com produtores de cocaína da Colômbia, traficantes do Suriname, contrabandistas de armas e especialistas no transporte aéreo de carregamentos de drogas.
A partir do final de 1998, já envolvido com o tráfico internacional de cocaína, Beira-Mar passou a frequentar o território colombiano. Ele ia sempre para a região amazônica, coberta por florestas e controlada por guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
No Carnaval de 1999, a Polícia Federal monitorou a ida de uma das sogras e de um filho de Beira-Mar para a Colômbia. Eles deixaram o Brasil por Tabatinga (cidade do Amazonas localizada na fronteira com a Colômbia), com o objetivo de passar alguns dias com o parente.
Na ocasião, a PF teve a certeza de que Beira-Mar estava trocando o Paraguai pela Colômbia, onde se fixou definitivamente no ano passado, quando o cerco policial contra ele apertou.
Até então, o traficante brasileiro vivia em uma espécie de ponte aérea entre os dois países.
Beira-Mar foi preso no último dia 21, no Estado de Vichada, na selva colombiana. Dois meses antes, em um tiroteio contra policiais colombianos, o traficante fora baleado três vezes. Somente ao chegar ao Brasil, na última quarta-feira, ele foi medicado.
No Hospital das Forças Armadas, em Brasília, Beira-Mar se submeteu a uma cirurgia para a correção de fraturas no braço direito, provocadas por um tiro. Ele está preso na Superintendência da PF em Brasília.
Leia especial sobre Fernandinho Beira-Mar
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